Passeio ....29

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Ninguém abra a sua porta
para ver que aconteceu:
saímos de braço dado,
a noite escura mais eu.
 
Cecília Meireles

 Cecília Meireles

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             O dia estava quieto ,o sol era intenso tão intenso que a paisagem tremia . O pequeno grupo de árvores  espremidas entre a rua principal e as construções brotavam pequenas folhas em meio à flores brancas .

 O pequeno grupo de árvores  espremidas entre a rua principal e as construções brotavam pequenas folhas em meio à flores brancas

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         Esperaram muito tempo pela chuva que não veio ,então floresceram sob o sol de Setembro.  Era a visão mais bonita depois de tempos na escuridão ,mesmo assim havia muita dor . O quadro bonito no fim das contas era uma imagem depressiva de um dia gigante que pareceu ser pausado ao meio dia ...As horas não passavam .
        Katy empurrava minha cadeira de rodas em silêncio, talvez estivesse me odiando ou com medo . Eu poderia dormir ,e nesse tempo a matar como fiz com aquelas mulheres cujos detalhes não conseguia lembrar . Assim como haviam varios momentos do meu convívio com Escriba dos quais também não conseguia lembrar . Eram apenas borrões que apareciam em forma de pesadelos , em alguns ele estava sobre o meu corpo ,sua respiração acelerada me fazia vomitar toda vez que acordava ...
      -O que vão fazer com o corpo ?
      - O senhor Salvatore tem muitos contatos,ele conseguiu deixar o corpo em um laboratório de anatomia. Parece loucura,mas é um jeito genial de preservar o corpo para ser usado no futuro .
    - Ela deveria ter um funeral ,isso sim .
    -Ate onde vai sua gratidão por ela que a defende mesmo depois de ouvir a confissão?
    -Se eu estivesse no lugar dela ,também teria tentado me matar . Ela nasceu igual a uma desgraçada que vive apenas para destruir as coisas ...
    -Para de falar assim de você mesma, foram os outros que fizeram isso com você,seus  traumas não são culpa sua !
    - São  ,eu procurei por encrenca desde criança,fiz coisas ruins . Estou colhendo o que plantei .
     -Nao deveria ser só você colhendo esses frutos...
    -Talvez . Quero voltar para casa, o povo não vai parar de me olhar pelo visto . Não consigo nada além de ficar nervosa .
    -Vamos .
Maya estava morta ,sua cabeça foi cortada com um punhal cego , seus olhos ficaram abertos refletindo meu rosto . James erguia aquela cabeça como um troféu,poderia ser a minha cabeça ali !
O vento parecia mais quente cada dia ,não parecia que a chuva estava longe mesmo assim as pessoas praguejavam . Aquelas pessoas pareciam os figurantes de um filme de terror que estavam presos ali , apenas compartilhando a ilusão de serem livres. Quando cheguei em casa pude respirar melhor,minha garganta doia tanto que eu mau engolia minha saliva. Rejeitei a água por não querer sentir dor .
       -Chama alguém pra me levar pro quarto ,por favor ?
      -Vou chamar por que dessa vez pelo menos saiu um pouquinho . Mas ficar o tempo todo presa no seu quarto prejudica sua recuperação.
     -Sim ,senhora .
Katy saiu sa cozinha e voltou acompanhada de Daniel ,meu pai ainda era meu pai e eu não tinha coragem de perguntar se  ele estava me odiando. Em seu colo enquanto me carregava escada acima tive vontade de chorar , me sentia tão sozinha as vezes que qualquer resquício de carinho me deixava emotiva ...Mas eu não gostava de carinho .
       - Olá irmã!
A voz rouca preencheu o quarto , meu pai havia acabado de fechar a porta e James surgiu na janela . Não esperava ver sua cara tão cedo ,mas ele não era do tipo que tinha vergonha .

ALMAS PERDIDAS (Livro III)Onde histórias criam vida. Descubra agora