Mundos Paralelos

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Um clarão de luz desperta o cervo no banco de passageiro. Ele esfrega os olhos e se ajeita no banco de couro. Enquanto ainda enxergar vultos embaçados, pega o celular com o número que não está gravado e olha se tem alguma mensagem. Não chegou nada, mas nunca sabe dizer se isso é bom ou ruim.

Louis respira fundo e olha pela janela com vidro fumê. Se permite relaxar a postura já que ninguém conseguiria vê-lo ali dentro. Ele observa as ruas do centro da cidade ficando gradativamente mais estreitas, sujas e movimentadas com animais noturnos. Essa era uma particularidade das cidades grandes. É possível saber que horas são só por observar que espécie de animal está vagando pelas ruas em maior quantidade. No caso, a quantidade de artiodátilos estava moderada, então não deviam passar das dezessete horas ainda.

Quando o carro sai de uma rua estreita para uma avenida larga, extremamente movimentada e bem iluminada que faz Louis apertar os olhos com o brilho. Ele deixa escapar um sorriso ansioso. Pega o celular que usou na festa, o coloca na caixa que estava debaixo do banco e volta a escondê-la lá. Então guarda o celular reserva no bolso do blazer e se prepara para sair.

O carro anda por alguns metros vagarosamente por conta da quantidade de animais que quadruplicou na rua. As luzes da cidade fazem os nervos de Louis relaxarem um pouco. Poder enxergar metros, quiçá quilômetros a frente com clareza faz maravilhas pelos instintos.

A avenida esta recheada de artistas, vendedores ambulantes, turistas, estudantes a caminho da faculdade e trabalhadores voltando e saindo para trabalhar. Entretanto, o foco de Louis está nas ruas paralelas à esta avenida. Nos becos, vielas e ruas a meia sombra onde os animais olham para ambos os lados antes de entrar. Não por medo, mas para garantir que não serão vistos. 

Por esta mesma razão, Louis põe óculos largos e escuro assim como uma máscara médica sobre o focinho quando viram a direita numa rua iluminada mais pelo LED das vitrines das lojas do que pela luz dos postes.

O cervo sai do carro para a calçada molhada pelo orvalho. As cores dos LEDs refletem na fina lâmina d'água.

Ele anda até uma porta de metal que dá para uma escadaria que leva aos andares de cima do que parece um hotel de baixo custo. De dia é uma porta normal que parece ser a entrada de salas comerciais, agora a noite, as luzes negras mostravam silhuetas fluorescentes de fêmeas em posições um tanto sugestivas.

Louis toca a campainha do interfone e uma voz feminina, doce e amigável fala.

— Boa noite, aqui é a porteira, gostaria de falar com quem?

— Minha prima. Fiquei sabendo que a casa dela é aqui agora.

Um segundo de silêncio de passa antes da resposta e a voz da "porteira" responde com um ânimo maior.

— Claro, querido. Qual o nome da prima?

— Cosmo.

— Aaah, Cosmo. Uma doçura essa aí. Pode me dizer seu nome pra eu confirmar com ela?

— Visão.

— Apelidos, sim... Vou manter em sigilo então, querido. Certo... Achei seu nome aqui. Ela já está descendo. Divirtam-se e se puderem, me conte os detalhes hein?

A "porteira" ri com aquele tom de dois jovens que sabem de algo que não deveriam saber pra sua idade. Louis só solta uma risota e tira seu blazer para segurá-lo em mãos. O cervo espera por alguns minutos ali, mas não move um passo sequer. Depois de um tempo ele escuta passos vindos de trás da porta. A ansiedade em seu peito cresce a cada passo e quase explode quando a porta se abre.

Beastars - Entre o Amor e a DorOnde histórias criam vida. Descubra agora