Beastars - Entre o Amor e a Dor

Desejo e Segredos

Louis chega em frente a uma delegacia com quase nenhum prédio residencial ao redor.

— Estamos no lugar certo? — Pergunta Louis enquanto olha com o cenho franzido pela janela. 

— É exatamente o endereço que passou — Responde a Alita — Acho que ela está trabalhando ainda.

O cervo dá de ombros e manda uma mensagem dizendo que chegou. Enquanto espera procura pela janela algum movimento nos prédios comerciais e entradas de hotéis. Um sorriso malicioso permanece estampado em seu rosto e seus batimentos aceleram com a antecipação. Alita o observa pelo retrovisor e revira os olhos. 

Momentos depois uma figura pequenina vem em direção ao carro. "Ali", diz Alita, e Louis se volta para lá franzindo o cenho ao ver que a figura vinha de dentro da delegacia. Tem algo estranho no jeito de andar, como se algo estivesse retendo seus movimentos, mas a baixa estatura somada a silhueta das enormes orelhas entregam sua espécie e confirmam quem é. Louis alarga o sorriso e abre a porta para tal figura.

Uma coelha de pelagem branca vestindo uma saia preta, camisa branca e sobretudo bege entra no carro e imediatamente se joga no assento.

— Me tira daqui — diz a coelha com a voz nitidamente cansada.

Louis ergue o cenho.

— Dia difícil hoje? — Ele pergunta.

— Você não faz ideia... Tem como arrumar um lugar pra gente? Meu celular está nos últimos suspiros já.

— Certo...O cervo pega seu celular e passa o endereço para Alita enquanto termina a reserva da noite por aplicativo.

— Então — ele coloca a mão sobre a coxa da coelha — Vai me contar o porquê desse cansaço todo? Não quero que atrapalhe a gente hoje.

Ela coloca sua mão sobre a dele.

— Não foi nada. Só mais carnívoro sendo um babaca com um animal menor.

Louis crava seus olhos nela e nota que ela tenta esconder o rosto.

— Não acho que um "nada" te deixaria assim.

— Não tem "assim", só estou cansada hoje. 

— O dia no geral não foi muito diferente. Levei calote de um cliente, escutei mais um monte de reclamações com coisas estúpidas como a quantidade de pétalas da rosa que vendi, peguei chuva porque as estações de metrô estavam interditadas de novo e ainda teve aquele babaca no parque.

— É... isso realmente não foi um "nada'.

Ambos riem.

— Bom, nesse caso eu tenho algumas ideias de como melhorar ao menos sua noite.

O cervo desce a mão para a parte interna na coxa dela que sorri e olha de soslaio para ele.

— Depois de eu tomar um banho pra tirar esse cheiro de coelha molhada, eu posso pensar em algumas coisas também.

Ela o puxa para um beijo francês.

O sangue de ambos ferve para os lugares que a imaginação os levam. Contudo, quando Louis toca o rosto dela com a mão, a coelha recua e o afasta.

Ele a encara com o cenho franzido enquanto ela vira o rosto. Agora que está mais perto ele é capaz de notar um inchaço no rosto dela assim como alguns pontos em cortes em sua testa e queixo.

— O que é isso? Quem fez isso!? Foi aquele carnívoro no parque!?

— Relaxa, Louis. — Ela o empurra — Se fosse algo sério eu nem estaria aqui. Sim, foi ele, mas como pode ver, não foi nada de mais.