11. O novo

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Ele me puxa até nossos rostos se colidirem. E sem esperar, encosto meus lábios nos seus. Ele retribui o beijo instantaneamente, já que este era seu plano inicial e não esperava pela minha iniciativa. Nos beijamos por longos 30 segundos, o gosto de sangue não me incomodou, aquele beijo estava envolvente e caloroso demais pra que eu me importasse. Nos afastamos para olharmos em nossos olhos. Aquilo era como um paraíso se formando na minha frente, era tão azul e tão radiante...

Dou uma leve inspirada.

-- Eu fico com você. - uma lágrima saiu dos meus olhos no momento em que falei isso, e pingou diretamente nos lábios de Yakov. 

Eu não quero pensar em mais nada, apenas viver o momento. Uma nova vida iria se iniciar, percebi que o plano não era tão falho assim. Meu passaporte é limpo e o dele também, afinal nunca foi descoberta sua verdadeira identidade. 

Não sei ler sua expressão atual, ele sempre foi muito indecifrável nesse quesito, mas posso ter certeza de que ele está feliz ao ouvir isso. 

-- Pegue meu celular... Ali no chão. A senha é 3277.

O que? É sério que ele falou tão naturalmente assim? De onde surgiu força pra falar? Parece até que ele está 100% recuperado.

-- Ok... 

Me levanto dali e vasculho o chão procurando pelo aparelho. Ao pegar, desbloqueio com a senha que ele me falou e estendo a mão pra que ele pegue.

Mas ele não pega o celular.

-- Não, é pra você mesma mexer. Vá até a galeria.

-- Tudo bem então...

Abro a galeria e a primeira foto que aparece me paralisou por completo.

Abro a galeria e a primeira foto que aparece me paralisou por completo

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Dominik... Volto a olhar pro homem deitado na minha cama, esperando por respostas.

-- Nesse dia ele estava perdido, no setor Bradford. Encontrei ele deitado ao lado do meu carro, não havia ninguém por perto, então coloquei a máscara pra tirar a foto. 

[...] Esperei alguns segundos antes de prosseguir.

-- Perdido? Como? Que dia? - eu perguntei desconfiada.

-- Você deixou sua janela aberta e foi trabalhar, uns 2 anos atrás.

Eu o encarava ainda, inclinando a cabeça, semicerrando o olhar. Como é que é? Ele esteve por perto esse tempo todo? Ele entrou na minha casa pra devolver o Dominik????

-- Ahm... Eu não sei o que dizer. Obrigada? 

Cacete, eu estou completamente confusa. Um assassino entrou na minha casa enquanto eu trabalhava, mas sem isso eu provavelmente nunca mais teria Dominik de volta. Volto a rolar a galeria, não tem mais tanta coisa interessante. Só há 1 trilhão de prints, fotos aleatórias, lugares desconhecidos, documentos... Nenhuma selfie sequer. Afs.

-- Agora que já acabou, vá até o gravador de voz.

-- Ok... - eu sussurro

Havia apenas 1 arquivo de áudio no aplicativo, com uma duração de 50 segundos. Eu clico pra escutar e não mexo um músculo sequer até terminar.

''Ela é meio esquisita cê não acha?... Hahahahaha SIIIMMM. Você lembra aquele dia que ela tentou criar uma discussão no bar? Hahahah... Como não lembrar amiga? E também teve aquele dia que ela começou a chorar e se tremer toda no trampo, que coisa ridícula era aquela? POIS É, ela falava que era stress prós traumático, mas certeza que era só pra disfarçar o fora que tomou de alguém... [...] Hahahaha né? Olha, eu realmente acho que ela não gosta da gente, então estamos quites, né não? Rsrsrs [...]''

Era a voz de Amanda e Karen conversando, uma ao lado da outra. Eu não conseguia acreditar.

-- Isso foi antes de eu revelar minha presença na casa. Estavam falando de você. - Yakov diz, me tirando dos meus pensamentos.

Nenhuma lágrima cai do meu rosto, não esboço nenhuma reação, não sinto absolutamente nada quanto a isso, permaneço com a mesma cara de paisagem por longos segundos. Eu estou realmente me sentindo indiferente, sem forçar nada, é o meu puro consciente. Finjo que não ouvi nada e volto a olhar seu celular.

Enquanto eu estava presa vasculhando seu aparelho, Yakov se levanta, soltando um grunhido de dor.

-- Ei ei, não pode se levantar - eu arregalo os olhos e digo com uma voz preocupada, colocando minhas mãos em seus ombros.

-- Eu já to bem, isso aqui é um arranhão pra mim, pode me soltar. - ele diz com uma voz impaciente e entediada. 

Ele se dirige pra fora do quarto e eu vou junto. Saindo de lá, olho pra baixo e me deparo com aqueles 2 corpos. Eu nunca me senti tão fria em toda a minha vida. Ver aquelas duas escórias mortas e ensanguentadas não me despertou nada. Em nenhum momento senti raiva ou nojo delas, apenas uma indiferença total sobre suas mortes.

Nós descemos as escadas, ele foi na frente. Fiz questão de pisar por cima dos cadáveres, e depois finalmente colocando meus pés no primeiro andar.

-- O que fazemos agora? - pergunto

-- A polícia virá aqui em cerca de 1 a 2 dias. Seu rosto aparecerá em todo noticiário, você também será alvo de buscas. Mas até lá, já estaremos em território russo, bem longe da civilização. Esse caso provavelmente chegará lá depois de semanas. A Rússia não tem nada a ver com crimes cometidos no Reino Unido, mas saberão que você foi pra lá.

Ele diz todas essas palavras enquanto se dirigia à cozinha, pegando água pra beber.

-- Certo, e você já tem as passagens? 

-- Uhum... E não se preocupe, importaremos Dominik legalmente.




Endless Abyss / ghostface x reader (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora