5. Absurdo

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Me encontro frente à cama ensanguentada. Eu consegui ficar totalmente em pé... Coloco uma das mãos na barriga e caminho devagar ao banheiro, quase mancando. Ao chegar no espelho, levanto a blusa e começo a analisar cada átomo do meu corpo. Eu estou MUITO suja, MUITO. A facada que tomei fez jorrar rios de sangue. Mas era realmente o que eu estava vendo, havia pontos ali, gaze, remédio... ele fez um curativo enquanto eu estava desacordada. Não dá pra entender. Eu não consigo me livrar dele, não nesse estado, então tenho que aceitar todo o mal que vier pra mim a partir de agora.

Começo a ouvir passos vindo do corredor e já me viro pra porta, ainda com a blusa levantada até a costela. 

Ghostface caminha em passos rápidos e para na minha frente, 1 metro de distância, ele é MUITO alto. Tenho apenas 1.68, esse cara me ultrapassa em 20cm no mínimo. 

-- Como você levantou? 

Agora sim consigo sentir alguma coisa transparecendo da voz dele... era um tom de dúvida apenas, meio arrogante, mas já era uma mudança.

-- Não sei. - eu ainda estou meio tonta pra falar - Consegui ter um pouco de força de vontade, eu me sinto à beira da morte. - nunca precisei de tanto esforço pra pronunciar uma frase.

Ele apenas ficou olhando pra mim, essa máscara me deixa nitidamente apavorada, ele não vai tirar nunca?

Após tantos segundos me encarando, me virei de costas pra ele para prosseguir com minha análise no espelho. Ele ainda estava atrás de mim, fiquei o tempo todo olhando pelo reflexo.

-- Por que me esfaqueou e depois... fez um curativo? - perguntei fazendo uma cara de dor/nojo ao olhar pro tanto de sangue em volta do machucado. Mas minha voz sempre permaneceu trêmula desde o ocorrido, como se eu fosse chorar a qualquer momento. Logo subi o olhar para o espelho, analisando sua figura atrás de mim.

-- Me descuidei um pouco. - ele ainda permaneceu ali, parado.

-- Eu preciso de respostas... o que está havendo comigo? Quem é... você? Por quê...? - sinto uma lágrima escorrer no meu rosto, ainda com os olhos fixados no espelho, provavelmente medo, confusão ou apenas tristeza, minhas emoções estavam todas misturadas.

-- Não se preocupe, eu não vou embora. - a forma como ele falou isso me fez arregalar os olhos, seu tom parecia suave, ele não estava com raiva, nem maluco, foi uma simples voz baixa, como sempre, e até meio... doce.

Ele se vira e sai do quarto logo após dizer isso. Ele é extremamente rápido, é quase como um verdadeiro fantasma. Mas espera aí, ele acabou de falar que não ia embora, e foi??? O que ele tem na cabeça em manter uma refém assim e ser extremamente burro e contraditório? Com muita raiva no coração, eu me desloco até o chuveiro pra tirar essa poça de mim. Eu sei que não devo molhar o curativo, então tomo o maior cuidado pra não molhar a barriga. O rosto lavei na pia e o que não pude lavar no chuveiro, limpei com uma toalha úmida, praticamente só a região da cintura. Me sinto um pouco melhor agora, visto alguma roupa limpa e imediatamente deito na cama, no mesmo milésimo de segundo, o pior pensamento já existente agarra minha mente:

Dominik.

Não, ele não pode ter matado meu Dominik, eu vou estripar cada pedaço dele se tiver feito isso. Levanto novamente da cama e chego à porta do quarto, chamando o nome do meu filho pela casa. Nada. Nenhum som. Nenhum miado. Nem mesmo a presença do psicopata. Meu coração acelera em ritmo constante, em apenas 2 dias eu vivenciei as piores sensações que um humano pode passar, eu não tinha respostas de NADA.

Me escoro na parede de fora do quarto, me arrastando lentamente até o chão, até ficar sentada, completamente desolada. Nenhum sinal de vida nessa casa... Aproveito o momento de sensações vazias e começo a refletir sobre o que está acontecendo, sobre a história que ele recentemente me contou. Os pontos não ligam, nada faz sentido, mas eu tento me ver no corpo dele, como ele raciocina... Fracasso, continuo sem entender. 

...

Por mais sem nexo que seja, talvez o melhor que eu tenha a fazer é aceitá-lo, não tenho escapatória, vou tentar perguntar mais detalhes pra tentar compreender.

...

O que é que eu estou fazendo? Eu não tenho síndrome de estocolmo, não sou que nem ele e muito menos estudei psiquiatria. Que caralhos eu to pensando? Por que eu tenho que aceitá-lo? Eu não sei se ele me odeia, se gosta de mim, se vai me matar... Que absurdo *Pff* (bufo com meus pensamentos)

...

E se daqui pra frente tudo mudar? Se por causa desse acontecimento, minha vida melhore bastante? Eu não tenho respostas pra nada, o jeito é ver onde vai dar.

...

Após longos 30 minutos de puro pensamento, ouço a porta da sala bater, ele acabara de entrar em casa. O que é que eu faço agora?

Endless Abyss / ghostface x reader (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora