8. Diamond

3.2K 373 405
                                    

Pois temos att hoje e preparem os corações porque finalmente teremos respostas!

Boa leitura❤️

💎

Chegar em Londres depois de um mês na Sicília foi um tanto decepcionante. Apesar de ser primavera, o dia estava nublado e vez ou outra um raiozinho de sol cruzava a barreira das nuvens, o que era um contraste gritante com o clima da casa na costa italiana, e o que o deixava mais contente eram as flores coloridas que apareciam nos parques e arbustos das casas, algumas eram cobertas com trepadeiras cheias de florzinhas e deixavam os bairros mais nobres de Londres bastante elegantes. Louis suspirou ao olhar para o celular em sua mão, encarando a tela preta, e voltou a fitar a rua, vendo o fluxo de pessoas indo e vindo, as flores, os carros e a vida como ela era. Há anos que não parava para apreciar a primavera, a beleza daquela estação colorida que precedia o verão, e deu um pequeno sorriso ao ver um casal bem jovenzinho na frente de uma banca de flores, e a moça toda sorridente por ganhar uma rosa do namorado. Harry ia gostar de ganhar uma flor, pensou e aquilo o fez sofrer.

Estava tão confuso desde que chegou ali no dia anterior, só conseguia pensar em como Harry tinha ficado amuado e mal se despediu dele. Louis não sabia o que fez de errado para ter aquela reação e o outro também não lhe disse, esperava resolver aquela pendência quando Harry voltasse de Viena naquela noite mesmo. Depois de sete anos totalmente sozinho, não imaginou que gostaria de ficar com alguém, ou que sentiria falta da presença de alguma pessoa, achou que aquele período de solidão tinha criado uma muralha ao redor de si que o faria imune a eventuais lapsos de carinho, mas se enganou porque Harry apareceu em sua vida, de início sem pretensão nenhuma, porém aos poucos conseguiu criar um buraquinho naquela muralha de pedra grossa que Louis construiu para protegê-lo e o fez se lembrar que sim, ele era um ser humano e não uma pedra como tanto gostaria de ser.

Aquilo o assustava profundamente. Saber que alguém tinha acesso a uma parte pequenininha dele era absurdamente sofrido para Louis, sentir carinho por Harry, afeição e uma ternura genuína lhe fazia mais mal do que bem porque ficava desesperado. Queria arrancar aquele sentimento de si, tirar qualquer traço de carinho que pudesse ter pelo outro antes que evoluísse para algo além, o que seria insuportável para Louis. Desde que se divorciou, há sete anos, que estava completamente fechado para o amor ou a entrada de qualquer pessoa em sua vida, até mesmo com laços de amizade. Seu ex-esposo deixou nele uma ferida tão profunda, tão doída, que toda vez que pensava que Harry estava perto demais de chegar em algum lugar, Louis se fechava em sua casca e para abri-la de novo demoraria meses.

Ele nem sempre foi um cretino insensível. Não, claro que não. Houve um período de cores e alegria em sua vida, um período bem longo, até. Não teve uma infância de comercial de margarina, veio de uma família pobre de uma cidade do nordeste da Inglaterra, Doncaster, no condado de South Yorkshire, e era o primeiro de sete irmãos, então teve que assumir algumas responsabilidades bastante cedo para ajudar seus pais. Ainda assim, era uma época feliz, ia para a escola, tinha amiguinhos e passava as tardes brincando com suas irmãzinhas, foi para o Ensino Médio e deu seu melhor para ser um bom aluno, afinal alguém pobre como ele tinha que agarrar qualquer oportunidade que aparecesse em sua vida. Seus pais sempre lhe disseram que uma boa educação lhe levaria longe e focou naquilo. Foi um bom aluno tanto na escola quanto na faculdade - ele fez Administração, seu sonho sempre foi ter um negócio próprio - e sua vontade era incrementada com a ambição de chegar sempre mais longe.

Ele já foi um bom homem. Aos dezoito anos, Louis se casou com seu primeiro namorado, conheceram-se no Ensino Médio e ficavam desde o primeiro ano, mas só foi no terceiro que as coisas ficaram sérias, iniciaram um relacionamento e se uniram em matrimônio aos dezoito, bem novinhos e imaturos. Nos primeiros quatro anos de casamento, tanto ele quanto seu marido estavam focados em suas carreiras e se dividiam entre trabalho, faculdade e casamento, moravam juntos em um apartamento pequeno e mal se viam por conta dos compromissos. Seu esposo, cujo nome era Matteo - a mãe era italiana - cursava alguma coisa artística que Louis já não lembrava muito bem o que era, só se recordava que o apartamento era sempre uma bagunça de tintas, telas, lápis e coisas assim, enquanto Louis fazia Administração e já trabalhava em uma holding, como estagiário de um dos diretores.

The Black Cat • Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora