Capítulo 5

149 21 0
                                    

Sam ainda insistiu que ficassem um pouco mais no café, enquanto terminava uma conferência com Sharon. Entendeu que ela estava em uma investigação e precisava dele, mas o Falcão foi reticente em pedir alguns dias para organizar seus "problemas domésticos".

Wanda voltou pouco depois que Bucky, se mantendo silenciosa enquanto remexia distraidamente o canudo do suco de laranja que pedira. Ambos agiram como se nada houvesse acontecido, mas sua mente rodeou o que a senhora dissera à procura de pistas cruzadas com o comportamento da jovem.

No entanto, sequer podia afirmar se se tratava mais de ameaça ou de aviso. Era mais como... Um sinal, sobre o qual ainda não conseguia atribuir qualquer significado sem conhecer todas as peças daquele quebra-cabeça.

- Sharon, eu preciso desligar, tem dois pares mal humorados de olhos me encarando.

A ruiva o encarou realmente contrariada, pois parecia não se importar em esperar enquanto Bucky apenas torceu a boca e se levantou, entregando o dinheiro a Sam para que pagasse a conta. Se encostou a grade que separava as mesas do movimento escasso de carros na rua e apenas aguardou. Pode observar como Wanda ainda hesitou por um momento, antes de aproximar lentamente cruzando os braços.

- Sabe... Uma bruxa pode reconhecer outra mesmo à distância. – Apenas meneou a cabeça a afirmação, no que ela estreitou os olhos. – O que ela te disse?

- Nada demais, Wanda.

Ela abriu a boca para contestar, parecendo um pouco indignada, mas Sam já estava voltando e isso a fez recuar. Levantando as sobrancelhas para a ruiva, esperou que ela fosse à frente, o que fez muito relutantemente, e seguiu ambos de volta até o carro. Agora, ao menos, tinha algo que Wanda queria saber e podia trabalhar com isso – embora não soubesse exatamente o quê.

O retorno à cabana, dentro do carro, ganhou a mesma formatação anterior e eles voltaram pela estrada conhecida enquanto anoitecia cada vez mais com Sam explicando a trilha-sonora de Trouble Man a Wanda, a qual pareceu ter se esforçado para compreender todo o histórico que envolvia a música e o filme.

- Agora já pode admitir que nossa companhia não é tão ruim assim...

O ouviu provocar quando bateu a porta do carro após estacionar na garagem dos fundos. Observou a ruiva apenas sorrir brevemente, sem parecer muito impressionada ao retirar o boné e se virar para sair.

- Ao menos agora vocês já têm data para partir.

- Bem... Podemos te ensinar maneiras melhores enquanto isso. – Sam o olhou de maneira reticente e se aproximou, abaixando o tom enquanto o ajudava a cobrir o carro novamente. Provavelmente não seria usado novamente tão cedo. – Onde acha que ela foi? Não voltou com nenhuma sacola de compras, mas não soltou a bolsa desde que chegou ao Café.

- Eu não sei, Sam. – Respondeu alcançando as compras deixadas a um lado e seguindo pela lateral da casa até a varanda frontal. – Talvez seja algo íntimo.

- Não ouse colocar essa imagem na minha mente.

Apenas revirou os olhos, mal acreditando na própria suposição. Por mais que a garota não fosse exatamente aberta com eles, não faria tanto mistério sobre algo íntimo - achava. Sam disse que iria ajeitar as compras e decidir o que cozinharia para o jantar e Bucky avisou que iria tomar banho. Wanda deveria estar em seu próprio quarto, como sempre, e a noite seguiu calma e silenciosa até todos se sentarem ao redor da mesa para experimentar a lasanha vegana do Wilson.

A garota parecia receosa desde que haviam chegado da cidade, desconfortável ao redor deles, como que escolhendo gestos e hesitando a cada comentário que Sam fazia, o que o fez se perguntar se tinha algo a ver com a bruxa que o encontrara dizendo palavras inesperadas e sem qualquer sentido ou com os lugares desconhecidos em que fora na cidade.

The Hurting. The Healing. The Loving.Onde histórias criam vida. Descubra agora