— Gosto de noites assim, hoje mesmo está fresco — Chuuya comentou, cruzando os braços enquanto andava calmamente lado a lado de Fyodor e Dazai.
— Gosto também, na verdade, prefiro dias frescos sempre, trocar as bandagens muitas vezes por causa do calor é definitivamente péssimo — murmurou, fazendo um biquinho. Fyodor sorriu, e concordou com a cabeça.
— Dias assim são bons porque fazem com que eu me sinta tranquilo — Fyodor disse, colocando as mãos atrás das costas.
Pouco depois da dança de Nakahara e Dostoevsky, os três resolveram caminhar pela cidade, a noite encontrava-se calma e leve, o vento não era forte, e o ar parecia limpo. E enquanto Dazai fazia pequenos comentários sobre os lugares em que passavam, Chuuya e Fyodor complementavam, logo, deixando com que um silêncio confortável se instaurasse novamente.
— Eu gosto dessa ponte, do som da água — Dazai mais uma vez iniciou o pequeno diálogo, encostando a mão no corrimão e parando, encostou os cotovelos e aproximou mais seu corpo, olhando a escuridão do mar, iluminado apenas pelos postes de luz da ponte. Chuuya e Fyodor trocaram um olhar entre si, e pararam também, indo mais para perto. — Vocês acham, que as águas desse riacho, são trágicas? — perguntou com o olhar um tanto vago, Chuuya pareceu pensar, e em seguida soltou um murmúrio negativo.
— Não, para mim os lagos e riachos são bons, me trazem uma sensação de aconchego — murmurou. Dazai concordou com a cabeça.
— Então cômico — respondeu baixinho.
— Eu particularmente tenho medo de água, odeio lugares fundos como cachoeiras e riachos, então para mim, eu prefiro não estar tão próximo de um. Apesar de que o som me agrada. Mas digo que é trágico. — Fyodor olhou para Dazai, vendo-o rir soprado e acenar positivamente com a cabeça.
— Trágico… Bem, eu acho que os riachos são trágicos também. Porque apesar de belos, eles podem conter muita história, não acham? — questionou calmamente, Fyodor manteve seu olhar em Dazai, e acenou positivamente com a cabeça, suspirando em seguida. — Uma vez soube que uma das crianças da igreja em que eu frequentava, morreu afogada. Então para mim, também são trágicos — respondeu, com um pequeno sorriso em seu rosto. Fyodor e Chuuya se entre-olharam, e calmamente, as mãos do russo foram as costas de Dazai, iniciando movimentos calmos de vai e vem. — Apesar de serem bonitos e me acalmarem, eles guardam uma melancolia inexplicável. — Penso se em outra vida, eu não morri afogado. — Dependurou-se no corrimão, e em seguida riu sem humor. — Como vocês acham que morreram na vida passada?
— Não sei. Acho que velhice — Fyodor murmurou sem pensar muito.
— Acho que devo ter morrido com alguma doença, transmissível. — Piscou lentamente, respondendo sem pensar muito também.
— Legal — resmungou Dazai, em seguida, endireitando sua postura. — O que faremos agora? Poderíamos beber — sugeriu.
— Hm, não tenho certeza se é uma boa — Fyodor respondeu, recolhendo suas mãos para cruzar seus braços.
— Eu não acho que seja uma ideia ruim, desde que não seja muito — Chuuya interviu, Fyodor olhou-o pensativo e suspirou, acenando positivamente com a cabeça.
— Vamos ao bar em que eu e Fedya nos conhecemos.
— Parece bom para mim — Fyodor concordou, olhando para Chuuya em busca de uma resposta, este que apenas acenou positivamente com a cabeça em silêncio.
Os três iniciaram caminho, e em boa parte do percurso mantiveram-se em silêncio, não sabiam se era por falta do que dizer, ou se não precisavam realmente de falar algo para que tudo continuasse. E mesmo que na mente de cada um deles, se mantenha o turbilhão de pensamentos, as diversas questões, sobre o que era aquilo, o que seria daquilo, e o que foi aquilo, se perpetuasse de forma infindável. E bem, como todos esses pensamentos e questionamentos inundavam a mente de cada um deles, Fyodor decidiu finalizar o silêncio, com uma questão boba, que talvez para qualquer um fosse simples, mas que esperava obter uma resposta verdadeira de Dazai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cultivando O Amor
FanficDazai e Chuuya são dois amigos que estão a muito tempo com uma semente do amor que parece não querer desabrochar, talvez um novo amor ou alguém como Fyodor possa fazer esses dois finalmente iniciarem o que deveria ter começado a muito tempo, mas ago...