Docshoe - After

6. Amanda

Hoje era o grande dia. Chegamos na final. Eu me sentia tão feliz e realizada de poder estar ali, por todas as pessoas que eu tinha certeza que levaria pra minha vida inteira, por todas as dores e experiências.

Acordamos com café da manhã especial da Doriana, o que me fez lembrar ainda mais dele. Logo depois tivemos uma ação da Dove para cuidados com a pele e em seguida um salão Pantene com um dia completo de beleza para a gente.

Eu cortei e hidratei o cabelo, fiz escova, depilação, sobrancelhas e unhas. Estava muito feliz, pois estava precisando desse cuidado mais do que nunca. Já de noite começamos a nos arrumar e fiz uma maquiagem bem simples, não quis colocar nada muito escuro, já que hoje especialmente estava me sentindo linda.

O meu vestido era perfeito, prata e longo todo em lantejoulas, com alças e decotes que realçavam meu colo e estava folgadinho já que eu havia emagrecido muito.

Fomos chamados pro gramado e o Tadeu começou a mostrar nossa trajetória, eu chorei tanto quando vi os meus momentos com ele, eram tão lindos, cheio de amor e sensibilidade, e me fez relembrar o quão real era tudo aquilo que eu ainda sentia.

O Tadeu fez um discurso para cada um, e o meu em especial me fez chorar muito.

- Amanda, durante toda a sua jornada aqui dentro você sempre teve muito medo de não ser uma mulher suficiente, por suas inseguranças, pelos seus medos e por todas as feridas que a vida te causou e que doem até hoje na pele. É perceptível o quando você viveu do zero ao milhão esse programa, as marcas estão nas suas unhas, no seu cabelo, no seu corpo, mas acima de tudo, estão no seu coração maravilhoso, que não esmoreceu e não deixou a peteca cair, mesmo quando haviam todos os motivos do mundo para isso.
Os números lá fora talvez não representem o quanto as pessoas e, principalmente as mulheres em todo mundo se identificaram com os seus sentimentos, em não se sentir uma mulher padrão, uma mulher com o corpo escultural, ou que não sabe fazer uma dancinha do tiktok, mas que mesmo assim se escolhe e acolhe suas próprias dores todos os dias. O Brasil te escolheu campeã por trazer uma mulher real, a mulher que você teve tanto medo de mostrar, mas a mulher com o coração empático que é capaz de abandonar as próprias dores, pra segurar a mão do outro e lhe afagar a alma e o coração. As pessoas colocam um prazo de validade em várias ações e, muitas coisas que acontecem hoje, são esquecidas amanhã, mas você, e todas as suas ações, não terão esse prazo, por que são ações e um coração que merecem ser eternizados. Por que mesmo com medo de se arriscar você consegue ser verdadeiramente o que você é. Uma pessoa cheia de amor e sensibilidade.

Depois disso eu não sei direito o que aconteceu, eu subi no pódio, curti o show do atitude 67 e ouvi mais uma vez a minha música preferida.

Quando finalizou o ao vivo recebi o abraço de todos ali e todos os participantes entraram, abracei e conversei com todos, mas ele não estava ali. Quando encontrei a minha família, eu chorei muito, receber o abraço da minha mãe e do meu pai me completou tanto, eu estava com tanta saudade.

Meu amigos organizaram uma festa pra me recepcionar em uma casa alugada em Copacabana, já estavam todos lá me esperando, e eu esperava muito que ele estivesse por lá.

Participei das entrevistas e depois fui direto encontrar meu amigos, foi uma recepção calorosa e feliz, mas ele não estava lá. Não podia imaginar o por que e queria muito perguntar, mas estava com medo da resposta. Eu sabia que todos perceberam o meu desconforto, até que minha mãe chegou perto de mim.

- Ele não está aqui, mas saiba que ele gostaria muito de estar, ele apenas quis te dar seu tempo pra processar tudo e saber o por que ele foi eliminado, ele quer respeitar a sua decisão de vê-lo ou não - falou a minha mãe.

- Mas por que eu não iria querer vê-lo? Se eu o amo tanto? Se ele foi inocentado? Que amor seria o meu se eu não o perdoasse mãe? - falei

- Eu vou ligar pra ele então. - minha mãe falou

- Não, eu quero ir vê-lo, a Sra. tem o endereço? - perguntei

- Sim. - Ela me respondeu com aquele sorriso e olhar que só ela tinha.

Pedi um uber e resolvi ir sozinha, estava feliz e ao mesmo tempo muito apreensiva, quando cheguei na entrada do condomínio, pedi pro porteiro interfonar e chamar pelo irmão dele. Eu já sabia que todos estavam ali. O irmão dele desceu pra me receber com um enorme sorriso no rosto, nos cumprimentamos e ele já foi me avisando que ele ficaria muito feliz por me ver ali.

Meu coração estava a mil enquanto sabíamos no elevador, e quando entrei pela porta eu o vi, mais lindo do que nunca, no alto dos seus quase 1,90m, mais musculoso do que da última vez, o cabelo cumprido como eu amava e com uma camiseta estampada com uma foto minha.

Depois de um tempo, olhei ao redor e percebi que tinham pelo menos mais umas quinze pessoas na sala, todas gritando e me cumprimentando ao mesmo tempo. Abracei e falei com todos, conheci a Maricota que eu ouvi tanto falar e que já foi logo me chamando de tia. A mãe dele, que era idêntica a ele. E por último eu o abracei, um abraço cheio de sentimentos, com dois corações desenfreados. Nos distanciamos, nos olhamos e todos olhavam pra gente.

- Oi. - falei

- Oi, você está linda Amandinha. - Ele falou.