Docshoe - After

12. Amanda

O restante do mês passou. Hoje era o dia da luta. As DocShoes estavam frenéticas no Twitter, elas haviam conseguido esgotar os ingressos em poucas horas. Eu passei o dia soltando alguns spoilers pra elas no Twitter, eu e Antônio amávamos interagir com elas, passávamos horas rindo e lendo os comentários. Elas eram maravilhosas.

Já no ginásio, eu estava nervosa, seria a primeira luta dele que eu assistiria. Estavam todos aqui, a família dele, a minha, nossos amigos, nossos fãs. Eu estava sentada brincando com a Maricota quando o acessor dele veio me chamar, pois ele não estava bem e queria falar comigo. Sai correndo a ponto de bala e o encontrei com as mãos entre a cabeça dentro do vestiário.

- Ei campeão, o que houve? - perguntei.

- Eu não sei, do nada a ansiedade começou a bater, acho que estou tendo uma crise de pânico. - ele falou já segurando a minha mão.

Me sentei no colo dele, o abracei e ficamos ali trocando palavras e carinhos até que ele se acalmou.

- É normal você estar assim, você vai voltar a lutar depois de mais de um ano e uma cirurgia. Só não pode desistir, lembre-se que todos nós estaremos aqui com você, independente do resultado. - falei.

- Eu te amo meu amor, obrigado. - ele falou.

- Eu te amo mais, agora suba lá e traga essa luta pra nós. - falei, já o beijando, enquanto ia saindo, resolvi fazer uma graça e levantei o meu vestido mostrando a minha bunda pra ele e mandando um beijo enquanto ele se acabava de rir.

A luta já ia começar, e na real, estávamos todos nervosos, era a primeira luta profissional que eu assistiria dele. Eu sempre assistia os treinos, mas luta? Bom, eu já estava muito nervosa. As apresentações foram feitas, todo o protocolo seguido e a luta então começou.

O primeiro round foi bem acirrado entre os dois e terminou com empate técnico. O segundo round iniciou bem acirrado mas quando dei por mim o Antônio já estava imobilizando o adversário que nos segundos seguintes estava batendo com a mão no tatame. Antônio venceu por nocaute e o ginásio inteiro foi à loucura. Ele pulou a grade no octógono e veio comemorar comigo a vitória.

- Parabéns meu amor, eu sabia que você ia ganhar. Você está muito machucado. - falei.

- Nada demais meu amor. - ele me beijou e cumprimentou nossas famílias, voltando pra o octógono pra receber o prêmio e finalizar os protocolos.

Comemoramos com nossas famílias e amigos em um badalado restaurante no Rio. Essas comemorações passaram a acontecer frequentemente e eu amava estar sempre com eles, essa era minha energia.

Os dias e meses foram passando e já estávamos comemorando o ano novo em Carneiros com os nossos amigos. Com direito a shows e muita curtição. Alugamos uma casa com dez quartos e estavam sendo dias de muita diversão e alegria. O Antônio era muito ciumento e não gostava das brincadeiras que os amigos faziam. Os amigos pra implicar multiplicavam as brincadeiras só pra vê-lo com aquela cara séria e reclamando igual um velhote.

Passamos a virada do ano na praia, foi tudo tão mágico, eu estava com meu amor e meus amigos e pra ficar completo só faltava a minha família. Aliás, nossas famílias passaram o Natal juntas na casa da mãe do Antônio no Nordeste e nossas mães estavam passando o ano novo juntas na casa dos meus pais na Bahia.

Estava tudo tão perfeito e do jeito que eu sempre sonhei. Eu amava tudo no Antônio. A forma que ele me tratava era a mais linda e genuína de todo o mundo. O cuidado em sempre me mimar e me fazer feliz. Todos os gestos, eu não podia reclamar de nada.

Eram 5h da manhã e estávamos no nosso camarote, ele estava sentado conversando com os amigos mas não tirava o olho de cima de mim. Eu estava na pista dançando com minhas amigas, como loucas, do jeito que amávamos, eu era apaixonada nessas garotas e sentia falta de tê-las por perto no meu dia- a- dia.

Estava dançando até que senti uma mão me abraçando por trás, coloquei a mão sobre a mão dele e percebi que aquela mão era peluda demais para ser do Antônio. Quando percebi a mão dele já me abraçava e deslizava pela minha bunda onde depositou um tapa, enquanto me puxava com força e falava no meu ouvido.

- Você é a mulher mais linda e gostosa dessa festa. - falou o homem no meu ouvido com aquele hálito horrível de cachaça.

Eu já me afastei lhe dando um belo tapa no rosto e gritando com ele, enquanto me virava pra procurar o Antônio não o encontrando no lugar onde ele estava sentado. O procurei varrendo todo o local até que o vi gritando enquanto era segurado por todos os amigos, faltava pouco pra ele conseguir se soltar das mais de dez mãos que estavam tentando detê-lo. Fui correndo até onde ele estava. As veias no pescoço dele estavam saltadas e ele estava vendo vermelho, não ouvia ninguém. Eu olhei pra trás esperando que aquele homem já tivesse evaporado ou a situação não seria nada boa pra ele.

- Ei, olha pra mim, você precisa se acalmar. Você viu, eu sei me defender, dei uma de direita bem no meio do rosto dele. - falei.

- Aquele filho da puta passou a mão em você, eu vou matar ele. - ele gritava.

- Não, você não vai, você vai olhar pra mim e se acalmar, do contrário ninguém aqui vai te soltar. - falei segurando o rosto dele e o obrigando a olhar pra mim.

Os amigos não o soltaram tão rápido, eles sabiam que no estado que o Antônio estava, ele caçaria o infeliz e faria dele picadinho. Ele estava muito nervoso e agitado. Os seis amigos mal conseguiam o segurar enquanto ele se debatia. Depois de longos minutos ele se acalmou e só então fomos sentar.

Me sentei no colo dele, por que eu o conhecia, eu sabia que ele estava varrendo o ambiente procurando o infeliz. Ficamos ali abraçados um tempinho até que o chamei pra ver o por do sol na praia. Saímos andando de mãos dadas. Já na praia me virei pra ele e falei.

- Nossa, você fica extremamente gostoso quando está com raiva, eu queria me jogar em cima de você ali mesmo.

- Vamos pra casa princesa, aí você pode se jogar em cima de mim e fazer o que quiser. Eu te amo, feliz ano novo meu amor! - ele falou.

- Feliz ano novo minha vida, que seja o primeiro de muitos. - me declarei.