11. Antônio

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Eu não sei o que deu em mim de sair batendo a porta daquele jeito, já estava arrependido de ter brigado com minha pequena. Eu deveria ter retornado e pedido desculpas, mas a minha cabeça dura não me deixava pensar direito às vezes.

Saí pra dar uma volta pela orla, estava esgotado mentalmente e confesso que ultimamente tenho descontado um pouco na Amanda.

Minha rotina de treinos está além do normal, sete a oito horas por dia. Passava menos tempo com a Amanda e mesmo assim nesse pouco tempo ela sempre queria sair com amigos, coisa que ela sabe que eu não fazia com frequência.

Nesses dois dias, nós dois fomos cabeça dura, ninguém quis dar o braço a torcer, embora eu soubesse que a culpa era toda minha. Nos resolveriamos quando ela voltasse, como sempre fazíamos. Eu já estava louco de saudades dela.

No horário combinado ela não retornou, esperei mais um pouco e então liguei pra ela, celular desligado. Liguei várias vezes e nada, tentei as amigas, depois de muito insistir consegui falar com a Vic.

- Vic, posso falar com a Amanda? Não estou conseguindo pelo celular dela. - falei.

- Você é um grandessissimo filho de uma puta e se tiver vergonha na cara não vai procurar por ela nunca mais. - falou, e desligou.

Liguei de novo e não me atendeu, tentei as outras amigas e não conseguia. Resolvi ir até o apartamento dela e não a encontrei. Já estava ficando louco. Liguei pra mãe dela.

- Dona Regiane, boa noite. A Sra. falou com a Amanda nos últimos dois dias? Ela saiu pra uma festa e não retornou, não estou conseguindo falar com ela.

- Oi meu filho, falei com ela algumas horas atrás, ela apenas me avisou que estaria bem e pra eu não ficar preocupada. Aconteceu alguma coisa?. - perguntou.

- Não Dona Regiane, apenas não consigo contato, o celular deve ter descarregado. Mais tarde entro em contato, obrigado. - desliguei

Eu já estava louco sem saber o que tinha acontecido, a Vic não me atendia mais, até que resolvi procurá-la no hotel onde sabia que as amigas estavam. Ela desceu já me xingando horrores.

- O que você ainda quer seu filho de puta. O que você fez com ela não foi o suficiente? - falou gritando.

- Calma, o que eu fiz com ela, não estou entendendo.

Ela então tirou o celular do bolso e começou a procurar alguma coisa, até que por fim achou e me entregou o celular. Eu sabia o que aquilo parecia, mas eu era completamente inocente, aquela notícia era de 2019 e por alguma razão começou a circular novamente como uma notícia atual.

- Olha Vic, eu sei o que isso parece, mas essa notícia é antiga, eu não sei por que fizeram isso mas eu vou descobrir. Eu terminei com essa ex em 2019 e nunca mais nos vimos. Pelo amor que eu tenho pela Amanda. Eu preciso saber onde ela está pra poder me explicar. - falei

- Não sabemos onde ela está, ela apenas pediu um uber e resolveu sair sozinha. Me desculpe por isso, mas a gente não tinha como saber. - falou.

- Você tem ideia de onde ela possa estar? - perguntei, eu estava realmente a ponto de ter um ataque, não estava bem.

- Bom, ela fez uma reserva em um hotel, mas ouvi apenas isso, não sabemos qual hotel. Ela queria ficar sozinha. - ela falou.

- Ok, obrigado. Vou procurar minha garota. - saí.

Eu não sabia o que fazer, estava dirigindo sem rumo a quase uma hora. Até que tive a ideia de olhar as transações do meu cartão de crédito, já que a Amanda sempre usava ele. Bingo, achei o nome do hotel. Me dirigi até lá como um louco, com certeza peguei várias multas no meio do caminho, isso eu resolveria depois.
Chegando no hotel, não queriam me dar a informação, depois de muito insistir confirmaram mas não queriam me deixar subir, eu precisei ameaçar quebrar a recepção inteira e mostrar que a minha mulher fez a reserva no meu cartão pra conseguir o acesso ao quarto. Consegui subir, eu estava nervoso, o coração parecia que pararia a qualquer momento.

Em frente ao quarto parei para me acalmar. Depois de longos minutos, peguei o cartão, destravei a porta e entrei. Ela estava linda, toda encolhida enquanto dormia, tão pequenininha. Sentei perto da sua cabeça e fiquei velando seu sono, fazendo o cafuné que ela tanto amava. As horas foram passando e ela não acordava, de certo tomou algum remédio pra dormir. Fiquei ali, aguardando e dando o tempo dela acordar.

De repente ela abre o olho, quando me vê ali levanta de uma vez e fica em pé em cima da cama.

- O que você está fazendo aqui seu desgraçado? Saí, agora, anda. - esbravejou.

- Pequena, escuta...

- Não, não quero escutar, você é uma grande decepção. Eu quero que você saia imediatamente daqui.

- Meu amor, aquela notícia é antiga, não sei por que estão veiculando como se fosse de agora. - falei.

- Não acredito em você. Saí, anda Antônio. - falou.

- Não, eu vou ficar aqui e vamos nos resolver. Você sabe que acredita em mim. Eu terminei com ela em 2019. Aquela noticia é antiga. Não sei por que estão fazendo isso, mas eu vou atrás de saber, eu passei os últimos dois dias trancado em casa apenas te esperando voltar, acredite em mim meu amor, por favor. - falei já suplicando.

- Mas por que alguém faria isso? Não tem sentido. - ela falou já se sentando na cama.

Tentei chegar mais perto, mas ela ainda estava irredutível, peguei meu celular e comecei a procurar por notícias com meu nome, depois de longos minutos encontrei a mesma em dois portais diferentes e entreguei o celular pra ela.

- Olha, olha bem a data, isso aconteceu em 2019. Eu nunca faria isso com você, você precisa acreditar em mim. - supliquei.

Ela pegou o celular e ficou olhando por vários minutos. Me olhou, olhou pro nada. Ela estava muito pensativa.

- Me desculpe, eu estava tão triste e magoada com a possibilidade de você fazer isso comigo, que eu apenas queria ficar só. Me doeu tanto Antônio. Me desculpa, me perdoa. - ela falou já chorando.

- Não tem o que perdoar meu amor, o importante é que você acredita em mim. - falei.

Ela estava tremendo de tanto chorar e soluçar. Eu a entendia, eu também ficava assim somente em pensar na possibilidade de perdê-la um dia. Ficamos ali abraçados longos minutos, até que ela se acalmou um pouco. A deitei na cama e ficamos ali de conchinha, até que adormecemos. Mais tarde quando acordamos, peguei a minha mulher e fomos para casa.

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