24. Amanda

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Eu havia voltado a exercer a medicina há dois anos, trabalhava em um grande hospital particular apenas em meio período, no horário que a Oli estava na escola. Eu amava minha profissão mas queria passar o maior tempo possível junto à ela.

O Antônio viajava dois dias toda semana para realizar algumas conferências e palestras, já que ele era referência e super requisitado no seu ramo.

Continuavamos bombando nas redes sociais. Nossas fãs eram as melhores e sempre que possível nós escolhiamos algumas e fazíamos encontrinhos na nossa casa. Era uma forma que encontramos de retribuir todo o carinho. Eu sempre encontrava com algumas na balada, no shopping, na rua, e eu amava o carinho que elas tinham com a gente.

A nossa vida não poderia estar melhor. Vivíamos uma lua de mel todos os dias no nosso casamento. O Antônio era tão atencioso comigo e com a Oli. A Oli era a princesinha do papai, vocês acreditam que ele deixava ela pintar até as unhas dele?.

O Antônio era muito ciumento, e confesso que até certo ponto eu gostava e morria de tesão quando ele fazia aquela cara de malvado dele. Ele era um gostoso, eu nunca iria me acostumar.

Nós dois brigamos ontem, por que ele não gostou nadinha do fato de um colega de trabalho ter me dado carona de volta pra casa, já que eu havia deixado meu carro na oficina para o conserto. O que ele odiou foi ter visto esse mesmo colega abrindo a porta do carro pra eu descer na porta de casa e de despedido de mim, com um beijo na bochecha enquanto segurava na minha cintura.

Eu expliquei pra ele que não era nada demais e que eu não implicava com o fato dele ter milhares de amigas, inclusive várias amigas eram ex namoradas.

- Se você se incomoda deu manter amizade com as minhas ex, basta você me dizer que eu nunca mais vou me encontrar com nenhuma delas. - ele falou.

- Não se trata disso Antônio, se trata em ter confiança, se você acha saudável ser amigo das suas ex namoradas, quem sou eu pra dizer o contrário. - falei.

- Por que você nunca me disse que isso te incomodava meu amor? - perguntou.

- Por que eu não tenho que te falar o que você deve fazer ou não. Simples. - falei.

- Se te incomoda você tem que me falar sim, por que eu não quero nunca que você se sinta como eu me senti vendo aquele cara abraçar sua cintura enquanto beijava a sua bochecha, não gostei mesmo. - falou.

- Falou o cara que mantém todas as ex no círculo de amizade, que viaja e vai pra social com elas o tempo inteiro. Me poupe Antônio. Olha pro seu umbigo primeiro. - falei.

A verdade é que algumas situações me incomodavam muito, mas eu sempre tentava ser racional e não ficar verbalizando isso. Eu apenas queria confiar nele, sem criar um ciúmes excessivo. Mas as vezes o Antônio se saia pior que encomenda. Algumas amigas dele, beiravam o limite do desrespeito.

-  A Angélica sempre fica conversando com você cheia de toques, tocando nos braços, no ombro, rindo demais, e eu sei o quanto de segundas intenções tem nisso. Eu mesma já estive nesse lugar com você. O que te faz pensar que sua chateação é maior que a minha?. - falei

Ele apenas me encarava.

- Você viaja com suas amigas sempre. Eu amo várias delas Antônio, mas não venha querer me dizer o que fazer ou não, quando você parece ingênuo o suficiente pra perceber que algumas delas não gostam de mim e até fazem piadas de mau gosto ao meu respeito. - falei e sai irritada.

Me chateava muito que ele não percebesse essas coisas e me cobrasse por qualquer mínima coisa que ele visse. Por que eu engolia no seco e guardava o meu ciúme só para mim.

Me tranquei no banheiro e resolvi tomar um banho de banheira. Eu queria descansar um pouco, já que a minha cunhada e o Dindinho convidaram a Oli pra passear no shopping e dormir na casa deles já que amanhã era sábado.

Coloquei na minha playlist do Spotify e fechei os olhos. Eu acordei muito tempo depois e percebi que a água já estava completamente gelada.

Sai do banheiro, troquei de roupa e me arrumei um pouquinho pra sair com a Pam, já que ela estava pelo Rio. Não o encontrei em casa antes de sair, pedi meu uber e fui, ele já sabia que eu iria encontrar com ela, eu já estava falando há dias sobre isso.

A Pam estava casada há alguns anos e o Miguel seu filho era a coisa mais linda, eu era a madrinha dele e tentava me fazer presente na medida do possível. A Pam estava com planos de vir morar no Rio, já que seu esposo estava expandindo a empresa dele e construindo uma filial por aqui.

Começamos então a traçar um plano para abrirmos uma clínica juntas, voltada à atendimento social. Sempre foi nosso sonho, e agora mais estabilizadas do que nunca sentíamos que o momento havia chegado. Eu tinha certeza que a visibilidade que eu tinha com as minhas redes ajudaria muito e traria várias doações e colaborações para a clínica.

- Agora me conta, o que está te chateando? - ela perguntou.

Contei sobre a nossa pequena briga e sobre como o Antônio nunca enxergava quando estava errado, enquanto eu sempre guardava o que sentia pra mim. Ela me apoiou e disse que todo mundo já tinha percebido qual era a da Angélica e que o Antônio logo perceberia também.

Nós resolvemos ir pra um show de pagode em cima da hora, peguei meu celular pra avisar o Antônio e já tinha uma mensagem dele avisando que estava na casa do Chay, com ele e alguns amigos. Respondi que estava com a Pam e que iríamos para o show. Avisei o local já que sempre compartilhavamos essas informações e guardei o celular na bolsa.

Eu amava curtir um show, com a Pam então, eu voltava no tempo, nós sempre fizemos muito isso. Era sensacional.


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