Capítulo 7 - "... cuidado com seus amigos do outro lado."

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Henry Hook era um ser humano curioso. Ele tinha um humor depressivo, fazia piadas suicidas que me faziam cogitar a hipótese de levá-lo para Auradon para que pudesse consultar um psicólogo. Ele tinha me contado que tinha inúmeros irmãos, e que até a mais bonita garota da Ilha tinha a possibilidade de ser a irmã dele. Ele tinha uma família complicada definitivamente. A única irmã com quem ele tinha contato era Harley Hook, neta da Úrsula. Ele queria me apresentar a ela, por essa razão me convidou para uma festa. Não consegui dizer não.

Pude ver na cara da minha mãe a insatisfação de eu estar falando com um Hook quando entrei dentro de casa. Ela não suportava a ideia de ter um moleque falante como ele dentro de casa, por isso ficamos próximos a floresta conversando. Quando entrei em casa e vi a cara de aborrecimento dela e seu pé batendo freneticamente no chão, senti vontade de rir. Ela parecia aquelas típicas mães da tv.

— Ele é meu primo, mãe.

Tentei convencê-la de que não havia nada de errado conversar com o garoto.

— Mesmo assim. Hook's são Hook's. Você não faz ideia do quanto o pai daquele moleque fez a sua tia sofrer. Um dia eu ainda castro aquele diabo!

Segurei o riso com o ataque de raiva dela.

Era fofo o instinto protetor dela com tia Sofia, mas Henry não era como o pai, pelo contrário, meu novo primo mal conseguia ficar sob o mesmo teto que Harry Hook.

— Bem, me diga, eu tenho algum primo além de Henry para conversar?

Me direcionei até o sofá, me jogando nele sobre o olhar rígido da mulher em pé.

— Da sua idade não, mas posso trazer a Hadassa aqui para ficar no seu pé pedindo para brincar de boneca com ela.

Revirei os olhos.

Eu já tinha parado de brincar de boneca há muitos anos, tudo porquê não tinha ninguém para brincar comigo.

— A propósito, sua tia está grávida.

— Tia Sofia?

— Não! Deus me livre de ver a Sofia parindo um filhote do Heath!

Suspirou com o pensamento que para ela parecia nojento.

Meus dois tios estavam juntos então?

— Sua tia Mary, ela está quase parindo, coitada.

— Sempre ouvi que a dor do parto é uma das piores dores que as mulheres podem sentir.

— Isso é verdade. Eu quase morri quando fui ter o seu irmão com aquele cabeção cheio de cabelo.

Gargalhei com a ofensa ao meu pobre irmão que nem sequer podia se defender.

A mulher pegou o gato Estige nos braços e alegou que iria levá-lo para fazer as necessidades na floresta. Confirmei com a cabeça e a absorvei sair pela porta.

Me deitei no sofá e fiquei admirando o teto empoeirado. Era impressionante como em apenas três noites aqui consegui me sentir mais pertencente a este lugar do que em anos vivendo em um castelo luxuoso com grandes lustres a enfeitar o teto. Era tão boa a sensação de ver que alguém me entende. Mal era exatamente o que diziam que ela era: como eu, e aquilo me deixou tão aliviada, não me sentia mais uma estranha, ao menos não aqui com ela.

Tio Heath trouxe na manhã seguinte de quando encontrei minha mãe, as coisas que eu havia deixado no apartamento quando cheguei a Ilha, trouxe também a scooter do meu irmão para que não houvesse a possibilidade de ela "sumir de repente". Ele era um cara bacana, brincalhão ao extremo, me trazia a sensação de ter uma família, por mais que eu já tivesse uma, uma pequena e que não deveria nem estar sentindo minha falta.

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