Capítulo 11 - "A escolha é sua..."

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É difícil explicar o que aconteceu, mas quando me dei conta, tudo o que era de vidro havia se quebrado. Minhas mãos formigavam, meu corpo estava paralisado, e meu sangue fervendo dentro de mim. Raiva, foi o que eu senti, e sabe se lá como, aquilo tinha feito minha magia se manifestar de forma violenta pela casa.

Senti uma mão em meu ombro, e encarei Bernard como se tivesse sido libertada de um transe. Chacoalhei a cabeça para afastar os pensamentos maquiavélicos que me ocorreram, e suspirei para tentar libertar o ódio que tinha dentro de mim.

— Desculpe, desculpe! A culpa é minha!

Sofia choramingou, sendo consolada pelo meu irmão em seguida.

— A culpa é de Margery, não sua.

Dei de ombros, puxando meus próprios cabelos.

Mas mesmo assim ela insistiu em chorar, o que em nada me agradou... Por que eu ficava mais irritada ainda com aquela enorme demonstração de sentimentos? Desci as escadas, tentando me afastar daquela euforia para me acalmar e achar uma solução para o meu problema.

Margery me odiava desde a escola, e sinceramente nunca entendi o porquê. Nem ela, nem a mãe dela, nunca foram vilões a altura. Por que ela queria competir comigo? Ego frágil, talvez? De qualquer forma, ela era irritante, insanamente irritante, mais do que Uma já sonhou ser para mim. Filha de uma Margery!

Me sentei no sofá da sala, encostando os cotovelos nos joelhos. Só então me dei conta da janela estatelada no chão. Desde quando minha magia era mais forte do que a barreira mágica?

— O que vamos fazer?

Bernard se sentou ao meu lado, com Estige rodeando seus pés.

Comecei a pensar, tentando imaginar o que se passava pela ervilha que Margery chamava de cérebro. Cheguei a conclusão que só haviam duas opções: ameaçar Benjamin e eu, ou matar Mabel logo de cara, a segunda opção me parecia mais burra e menos proveitosa.

— Vou ter que falar com aquela vaca.

Disse por fim, calculando as chances da filha de Madame Medusa descobrir que estava sendo enganada por mim.

— Mãe!

O garoto me repreendeu, como se eu tivesse falado o maior palavrão do mundo.

— O que? Ah, tem razão, não devo ofender as pobres vaquinhas.

Ele riu, mas pude notar a preocupação ampliada em seu olhar. Uma coisa era saber que a irmã estava perambulando pela Ilha, outra era saber que ela tinha sido sequestrada. Nenhuma das situações soava bem, mas creio que ser sequestrada é pior do que andar por ruas esburacadas aguçando a curiosidade de vilões perversos.

— Vou descobrir o que ela quer em troca da Mabel, mas conhecendo a peste... Talvez ela queira algo que nenhum de nós pode dar.

A feição de Bernard se entristeceu ainda mais com o que eu disse, minha reação imediata foi acariciar seu rostinho lindo, tentando consolá-lo de alguma forma, por mais que não tivesse controle algum sobre a situação.

Os passos pesados de alguém descendo a escada me fez desviar a atenção do meu filhote, para ver o que acontecia.

— Está tudo bem com Sofia?

Perguntei a Heath, que descia a escada eufórico.

— Sim! Na medida do possível. — Respirou fundo, numa tentavia falha de se acalmar — Margery espera por você nas docas próximas a Ilha dos Condenados.

Suspirei, coçando os olhos.

Ao menos não era na Ilha dos Condenados, iria ser um trabalhão danado ir até lá outra vez. Me levantei, ajeitando a saia do vestido esvoaçante, e me aproximei da porta, me virando para encarar os dois rapazes.

Ruim Por Dentro - Descendentes Onde histórias criam vida. Descubra agora