Eu beijei Liliane! Sim, eu a beijei e para ser bem sincero, eu gostei. Gostei muito.
Por mais que meu corpo estivesse louco por ela havia algo em mim que a queria de uma forma diferente, e isso estava me deixando em pânico. E lá estava eu, sentado a cabeceira da mesa rodeado por minha família e no entanto meus olhos não paravam de olhar para ela. Liliane tinha um jeito tão meigo e inocente de ser, mesmo magoada com Carlo ela não demonstrava. Rindo com todos, conversando, comendo, ela agia como se não fosse nada.
Ah! Os amores impossíveis! Nunca vivi um.
Nunca perdi meu tempo em correr atrás de um amor que tava na cara que não daria certo. Na verdade, pra ser franco, nem os que sabia que daria certo eu não corria atrás. Sustentar uma relação, estar dentro de uma relação era um tédio. Você tinha que superar as brigas, ser constante, presente, e as vezes dar mais do que recebe, não era pra mim. Definitivamente não era. No entanto, as aventuras, essas sim faziam a vida valer a pena. Existe coisa mais excitante do que viver uma aventura? Do que agir por emoção e sem pensar na próxima briga? Saber que não terá brigas era a melhor parte de ter uma aventura. E sim, ter uma aventura com Liliane estava sendo incrível.
- Acho melhor você limpar a baba, irmãozinho! Antes que mais alguém perceba. - Marieta que estava próxima a mim disse baixinho.
A fuzilei com os olhos.
- Matteo, Lili! - Carlo chamou nossa atenção.
- Gostaria de lhes fazer um convite! - ele disse entusiasmado.
Nesse momento olhei para Liliane e percebi que ela estava tensa.
- Gostaria que vocês dois fossem meus padrinhos de casamento! - Carlo soltou a pérola.
Imediatamente Liliane olhou para fim e vi aflição em seu olhar.
- Ah! - ela tentava falar ao olhar em volta.
Todos olhavam para ela.
- Ah, eu... Aceito! - ela disse por fim.
E então as atenções foram voltadas para mim.
- Aceito também! - falei.
Carlo sorrio.
- Ah! Que lindos mios figlios! Se seu pai estivesse vivo estaria muito feliche! - Mamãe disse contente.
- Agora só falta Matteo se casar! - Marieta alfinetou.
- É vero! - Carlo disse.
Revirei os olhos. Eles estavam entrando neste assunto novamente!
- Acho que já passamos desta fase! - digo ao levar a taça de vinho a boca e beber um gole.
- Si, mio figlio! Já passa.ks por está fase! Mas está velha mama ainda tem esperanças de ninar um bambino teu! - mamãe disse.
De repente o clima ficou sério. Todos me olhavam fixamente.
- Carlo, parabéns por seu filho e casório! - digo ao me levantar.
- Vou tomar um pouco de ar fresco! Com licença.
E assim me retiro com o pouco de sanidade que ainda me resta.
Penso che un sogno così non ritorni mai più
Mi dipingevo le mani e la faccia di blu
Poi d'improvviso venivo dal vento rapito
E incominciavo a volare nel cielo infinito
Volare oh, oh
Cantare oh, oh
Nel blu dipinto di blu
Felice di stare lassù
E volavo, volavo felice più in alto del sole
Ed ancora più su
Mentre il mondo pian piano spariva lontano laggiù
Una musica dolce suonava soltanto per me
Volare oh, oh
Cantare oh, oh
Nel blu dipinto di blu
Felice di stare lassù
Ma tutti i sogni nell'alba svaniscon perché
Quando tramonta la luna li porta con sé
Ma io continuo a sognare negli occhi tuoi belli
Che sono blu come un cielo trapunto di stelle
Era tudo o que precisava. Andrea Bocheli e meu bom e velho charuto cubano. Agora sim eu estava no meu paraíso particular. E então, uma leve batida na porta se fez ouvir.
- Entre! - digo ainda de olhos fechados ao tragar meu charuto.
E a porta se abre. Após alguns instantes de silêncio abro meus olhos e então a vejo.
- Pensei que fosse respirar ar puro! - ela diz sorrindo.
- Acredite, meu charuto é mais puro do que o ar de São Paulo inteiro! - brinco.
Ela sorri.
- Entre! - digo.
Liliane entra e encosta a porta por trás de si. Enquanto ela se aproxima, percebo um rastro de tristeza em seu olhar. Eu sabia bem o motivo.
- Por que aceitou?! - pergunto.
Ela se senta a minha frente.
- O que eu poderia dizer? "Não posso aceitar ser madrinha desse casamento simplesmente porque sou apaixonada pelo o noivo desde que, desde sempre?!" Acredite, foi o melhor que pude fazer!
- Realmente, olhando por essa lógica... - concordo.
- Foi melhor assim! Para todos!
Apenas faço que sim.
- Bom, vim para lhe dar boa noite! - ela se levanta.
- Buona notte! - digo.
Vejo Liliane sair frustrada mas era melhor assim. Com a pouca experiência de vida que tenho aprendi que existem certas dores que devemos passar sozinhos. E foi naquele momento que tive mais certeza, como era bom viver sozinho!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando O Amor Acontece
RomanceEle, é o filho mais velho de uma típica família italiana. Com quase cinquenta anos, Matheo dedica sua vida apenas a família e o trabalho. Ela, é filha única da governanta dos modugno, recém formada, volta para casa cheia de sonhos e esperanças. M...
