Capítulo 8 🚬 Matteo 🩺❤️

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O que diabos eu estava fazendo?!

Existe uma barreira enorme entre eu e Liliane, e não era pra menos. Liliane é 23 mais velha que eu, eu havia visto ela nascer e crescer, eu a tinha como alguém próximo, alguém que eu não poderia nem sequer ousar olhar, e lá estava eu, preso em seus lábios mais vez, só que desta vez, eu havia pedido por aquele beijo.

Crise de meia idade?
Bem provável!

- Me desculpe! - digo ao sair de seus lábios.

Liliane nada diz, apenas me olha.

- Acho que, se não corremos chegaremos atrasados! - ela diz por mim olhando para a frente.

Capitei a mensagem. Não vamos falar sobre o assunto. Liguei meu carro e seguimos viagem em total silêncio.

Talvez Liliane tivesse razão. Não havia o que ser dito, não havia o que ser pensado. Havíamos nos beijado, duas vezes para ser mais preciso. E o que poderíamos dizer? Que foi algo do momento?! Que momento? Entre eu e Liliane nunca houve nada, nem sequer um momento. Ela era a filha da empregada e amiga da família, eu a vi se tornar quem ela era, a via como uma pirralha chata na adolescência, a via como uma boneca para mamãe que sempre a tratou assim. Mas os anos passaram, Liliane partiu, cresceu, amadureceu, e se tornou mulher. E tudo isso bem distante dos meus olhos. Será então que era isso? Em mim só havia curiosidade por Liliane? Não sei, só sei que a medida que eu pensava mais sobre o assunto "Liliane" mais eu ficava confuso.

🚬

- Olha só quem temos aqui! - Alfredo, psicólogo do hospital disse ao me ver entrar em sua sala.

- Não estou para brincadeiras! - falei ao trancar a porta.

- Estou vendo que não! - ele diz ao me ver trancar e andar em sua direção.

Imediatamente me sento sob a poltrona de seu escritório e encaro a maldita orquídea artificial que havia num vaso em cima de uma mesinha que ficava mais ao lado.

- Achei que estivesse trocado essa pobre planta! Já fazem tantos anos que ela está aqui que já mostra que ela não é de verdade. - digo.

- Gosto dela! Virou minha planta de estimação! - ele diz.
- Mas, não foi para falar de Sabina que você veio até aqui. - o encaro.

- Sabina? Deu um nome para ela?! - pergunto espantado.

- São anos de amizade, é normal não acha?! - ele diz como se fosse lógico sua fala.

Desisti de tentar entender a bagunça que era a cabeça daquele velho psicólogo.

- Tem razão! - ele parecia satisfeito.
- Vim aqui para falar sobre uma pessoa, uma mulher! - finalmente coloquei para fora o que tanto me incomodou o dia todo.

Alfredo faz ar de decepção. Certamente ele pensou que minha primeira fala tivesse lhe dado razão sobre a amizade dele com Sabina.

- Calma, calma! Vamos por parte. - ele diz se acomodando em sua poltrona.
- Temos uma pessoa em sua vida, temos uma mulher. Isso é um avanço! - ele diz ao sorrir.

- Não seja fofoqueiro! - rebato.
- Pensa que não sei que boa parte das fofocas que rolam neste hospital saem de você?! Estou aqui em consulta, não quero que nada saía daqui, e não quero que você pergunte coisas que não são de sua conta! - digo seriamente.

Quando O Amor AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora