Capítulo 5 Lilinae 🩺❤️🚬

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Acordei mais cedo do que de costume, depois de me arrumar e tomar um rápido café na cozinha mesmo, agradeci aos céus quando Josué disse que me levaria ao hospital. Eu precisava comprar um carro, mas tinha outras prioridades.

Após vestir meu jaleco branco com alguns desenhos de flores bordadas nele, me sinto pronta para mais um dia de trabalho. A manhã seguiu corrida com alguns atendimentos e visitas aos pacientes internados, dr. Manoel era um anjo, atencioso e muito prestativo me ajudou em tudo o que precisei.

- Dra. Liliane? - a voz de dr. Manoel me tira de minha concentração. Estava em meu consultório assinando algumas altas.

- Sim? - digo ao levantar minha cabeça e o olhar.

- Já está na hora do almoço, quer vir junto comigo? - ele pergunta de forma simpática.

- Ah, tem algum problema se sairmos os dois? - pergunto.

- Garanto que se precisarem de nós, nos encontrarão! - ele diz sorrindo. Sorrio em resposta.

- Então tudo bem! - me levanto e tiro meu jaleco.

Sigo com Dr. Manoel pelos os corredores do hospital até a cantina. Dr. Manoel era um senhor de meia idade com uma aparência bem cuidada e conservada, era o típico vovozinho de academia. Ao chegarmos na cantina nos servimos com o almoço e nos sentamos numa mesa vazia. O lugar estava bastante movimentado mas não cheio.

- Está gostando de trabalhar aqui? - ele puxa o assunto.

- Sim, trabalhar no Salvatore Modugno hospital sempre foi meu grande sonho! - digo sorrindo.

Ele sorri.

- Sim, é o sonho acredito eu que de todos os médicos do estado, ter o Salvatore Modugno no currículo é um tanto promissor! - ele responde.
- Mas, fiquei sabendo que você trabalhou em um bom hospital nos Estados Unidos!

- Sim, trabalhei no Children's Hospital Los Angeles depois que me formei! - digo.

- Uau! Isso sim é que é ter um bom currículo! - ele diz surpreso.
- Mas, por que voltou? Me desculpe a pergunta.

- Digamos que, eu já sentia saudades de casa! Já estava há 7 anos morando fora, estudei, me formei, consegui um bom emprego... Me realizei profissionalmente, mas, a saudade de casa bateu.

- Entendo! - ele concorda.
- Já fazia meses que eu pedia uma parceira ao Matteo, ele sempre me enrolou, pensei que fosse para economizar sabe, mas, agora vejo que ele estava apenas esperando você!

Não digo nada, apenas volto a dar atenção a minha comida. A verdade era que, a frase "ele estava apenas esperando você" teve um certo impacto em mim. Sei lá, mas, Matteo Modugno não era do tipo que esperava por alguém, e principalmente no ambiente de trabalho.

🩺

Mais um final de plantão e lá estava eu, na porta do hospital esperando um táxi.

- Definitivamente preciso de um carro! - digo a mim mesma.

E então meu celular toca. Era dona Giulia.

- Dona Giulia! - digo ao atender.

- Lilly querida. Marieta está passando aí no hospital para lhe trazer para casa, ela disse que está por perto.

- Ah, obrigada. Estou na calçada do hospital! - digo olhando em volta.

- Certo, ela já deve estar chegando, até mais!

- Até! - desligo.

E após breves instantes Marieta para com o carro a minha frente.

- Carona? - ela pergunta ao abaixar o vidro do carro.

- Obrigada Marieta, salvou minha noite! - digo ao entrar no carro.

- Estava aqui perto e me lembrei que meu irmão não é uma ótima companhia! - ela diz ao dar partida no carro.

- Bom, ele é... Matteo! - digo.
- E, eu estava tentando encontrar um táxi.

- Ixi Liliane, táxi por aqui é meio difícil, mais fácil seria se você chamasse um carro por aplicativo.

- Vou anotar essa, obrigada! - digo satisfeita.

- Mas me conta, como está sendo trabalhar com meu irmão?

- Bom, eu não o vejo! - confesso.

- Então está sendo maravilhoso! - ela diz satisfeita.
- Matteo está beirando os 50 sabe, então já viu, está mais turão do que de costume! - ela pisca um olho.

- Acredito que, todos nós temos nossas fases! - digo.

- Só me diga por favor quando a fase de Matteo irá acabar! - ela brinca.

- E Carlo? - pergunto.

- Ah, mamãe não te contou? - faço que não.
- Ele vem jantar hoje conosco, ele e a dançarina do ventre!

- Nossa, que maravilha!

- Sim, mamãe está empolgada, quer um jantar em família, como diz ela, desta vez com todos a mesa! Sabe Liliane, você fez falta. - ela diz enquanto dirige.

- Vocês também fizeram muita falta para mim, Marieta!

- Mas você fez mais! - ela diz deixando o clima mais meigo.
- Só você para aturar dona Giulia Modugno! - ela conclui.

Rimos juntas.

- Sua mãe é uma benção na minha vida! - digo.

- E você é tudo o que ela sempre quis!

- Não diga isso.

- Mas é, e não estou dizendo isso de forma ruim.  Graças a você minha mãe me deixou em paz, posso seguir meu sonho já que as esperanças dela estão em você!

- Por que sinto que isso não me deixa confortável? - pergunto brincando.

- Porque você não terá paz! Você virou digamos que, a pupila dela, a esperança dela, a última que vai fazer valer a pena tudo... Mais perfeita que isso só se você se casasse com o Matteo! - ela diz me pegando de surpresa.
- Não leve a sério Lilly! Foi apenas uma brincadeira. - ela sorri.

Então por que será que notei um fundo de verdade? Penso.

Mas, para meu alívio, a viagem seguiu com menos conversa sobre mim ou Matteo e mais sobre ela mesma. Marieta estava nas nuvens pois era seu primeiro ano na faculdade. E de certa forma me senti bem ao ouvir tudo o que ela me falava, me lembrava eu mesma com a mesma empolgação do primeiro ano. E de certa forma, me sentia mais próxima a ela coisa que no passado não éramos.

Quando O Amor AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora