Dei graças aos céus quando Finalmente o carro de Matheo adentrou na propriedade dos modugno. Aquele silêncio gritante que fizera parte de todo o percurso até ali estava me matando. Eu estava cansada, com fome e sono, por algumas vezes me peguei cochilando enquanto Matheo dirigia, definitivamente ele não era uma boa companhia.
E com um simples "boa noite", me despedi dele e entrei o mais rápido possível para dentro da casa.
Eu e mamãe dormiamos num dos quartos do andar de baixo da casa. Dona Giulia sempre fez questão que nós dormissemos ali, os outros funcionários da casa iam embora no final do dia, já nós, dormiamos lá, já que, na prática, nem eu e nem mamãe tínhamos lugar para ir. E isso era uma coisa que eu estava resolvendo.
Ao entrar no quarto vejo minha mãe sonolenta a me esperar.
- Ainda acordada? - pergunto baixinho ao fechar a porta.
- Estava te esperando! - diz ela sonolenta ainda deitada.
- Não precisa me esperar todas as noites mamãe, eu sempre vou chegar tarde. - digo ao tirar dos meus pés a sapatilha e as jogar num canto com meus pés.
- Eu sei, mas, fico preocupada!
- Eu estou bem. Vá dormir agora! - digo com um leve sorriso. Mamãe sorri e então se vira para o outro lado da cama.
E depois de tomar um relaxante banho quente e colocar meu pijama das três espiãs demais, sim, eu era fã delas. Sigo até a cozinha. Apesar de ter jantado no hospital, decidi fazer um lanche antes de dormir, já disse que sentia muita fome? O dia seguinte seria mais difícil que o de hoje. E a ansiedade abria ainda mais meu apetite.
Ao ver minha mãe dormindo, saio do quarto suavemente para não acorda-la.
A casa toda estava a meia luz. Sigo pelo o corredor em direção a cozinha da casa e ao chegar lá, abro a geladeira a procura de algo para comer. E enquanto vasculho a geladeira com o olhar, me assusto quando a luz da cozinha se acende do nada. Com o susto, me viro e olho em direção ao interruptor, e lá estava ele. Matheo estava parado com a mão ainda sob o interruptor me olhando com um charuto entre os dedos da mão direita.
- Me desculpe, eu, não sabia que tinha alguém aqui, no, escuro. - diz ele pausadamente me encarando. Sorriu em resposta fechando a geladeira.
- Vim fazer um lanche! - digo com a bandeja de bolo nas mãos. Ele nada diz, apenas me olha.
Coloco o bolo sob o balcão da cozinha enquanto os olhares vigilantes de Matheo me observam.
- Quer um pedaço? - digo enquanto corto o bolo. O olho e o vejo tragando seu charuto como se estivesse em transe.
Matheo 🚬
Aquilo era um tanto, esquisito.
A minha frente estava Liliane, cortando um pedaço de bolo vestida num pijama de calça e blusa de um desenho ridículo mas que nela, não era tão ridículo assim. Por que aquela garota desajeitada e patética até 7 anos atrás de repente, se tornou tão atraente para mim?
Distância?
Anos sozinho?
Meses sem transar?
Com certeza a última opção!
- Matteo? - ouço sua voz me chamar para a realidade.
- Hum? - resmungo voltando minha atenção para ela.
- Você quer um pedaço de bolo? - ela pergunta segurando a espátula.
- Ah, não. Grazie! - digo. Ela sorri.
Nunca vi uma pessoa ter sempre um sorriso nos lábios como Liliane tinha. Mas, com ela parecia diferente, nos lábios de Liliane os sorrisos não eram iguais, era como se, houvesse um para cada motivação que a faziam sorrir. E isso me intrigou. Como eu prestei atenção nisso? Em geral, detalhes como aqueles passavam despercebidos por mim. Eu não dava importância para nada daquilo.
Preciso transar, preciso descansar e preciso trazer bebês ao mundo, não necessariamente os meus. Essa opção nunca existiu para mim, eu trazia bebês ao mundo mas não meus.
- Você quer que eu te ajude com algo? - pergunta ela erguendo uma sobrancelha.
- Ah, eu, eu... Água! Quero água. - digo a primeira coisa que vem em minha mente. Ela sorri novamente e então se vira para o armário e pega um copo.
A vejo abrir a geladeira e colocar a água no copo. Em seguida, ela anda em minha direção e me entrega o copo com água. Ao pegar o copo, toco de relance em sua mão, e sinto a maciez de sua pele. E aquilo foi um tanto, estanho.
Liliane volta para o balcão e começa a comer a fatia do bolo.
- Não vai tomar? - pergunta ela me olhando. A olho confuso. - A água! - ela diz parecendo perceber minha confusão.
Sem dizer nada, levo o copo a boca e bebo todo o líquido num só gole. Ao terminar, noto Liliane me encarar.
Coloco o copo sob o balcão de porcelanato da cozinha.
- Boa noite! - digo e em seguida me viro saindo dali o mais rápido possível.
🚬
- O que está acontecendo com você seu idiota? - pergunto a mim mesmo enquanto a água fria do chuveiro caí sob minha cabeça.
Mas então, para piorar ainda mais minha situação, vejo uma ereção se formar em meu amiguinho a medida que meu cérebro volta a pensar, desejar e ansiar por ela.
- Não, não! Mas nem com água fria você não sossega?! - pergunto olhando para ele.
- Já entendi que não! - digo ao revirar os olhos, mas não neste sentido.E sim, depois de anos, depois que consegui vencer aquela fase da adolescência em que eu ficava trancado no banheiro me satisfazendo, aquela era a primeira vez na vida adulta que voltei a prática dos cinco dedos.
Preciso resolver essa questão também. Mais uma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando O Amor Acontece
RomanceEle, é o filho mais velho de uma típica família italiana. Com quase cinquenta anos, Matheo dedica sua vida apenas a família e o trabalho. Ela, é filha única da governanta dos modugno, recém formada, volta para casa cheia de sonhos e esperanças. M...