ATO III - Parte I: Tradição

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"It's in the blood and this is tradition."
- Halsey; The Tradition


Avisos: Contém palavras de baixo calão e possíveis gatilhos referentes a ansiedade.


     Ainda no dia 22 de Dezembro, Regulus retornou à casa dos Potter - pretendia não demorar muito, apenas recolher seus pertences e se despedir. A realidade é que ele ainda era um Black, não seria bem aceito que passasse mais tempo do que o necessário com essas pessoas.
     Entretanto, ao chegar avistou Sírius deitado em um pano de linho na varanda fechada, decidiu juntar-se ao irmão, por um breve momento. O mais velho levou um susto com Regulus sentado ao seu lado, e ficou perplexo quando este puxou sua cabeça para seu colo. Demonstrações de afeto dessa forma não eram exatamente a coisa entre eles. Sírius não reclamou quando seu irmão começou a passar os dedos desembaraçando seu cabelo, era bom, mas logo percebeu que tudo isso deveria significar algo.

"Você não vai ficar." Disse em voz baixa.

"É, eu não vou."

"Então as coisas foram ruins? Com Narcissa, quero dizer." Sírius perguntou preocupado.

"Na verdade foram muito boas, ela disse que você não tinha com o que se preocupar." Divagou com a voz calma, ainda acariciando os cachos suaves do irmão. Continuaria, se este não tivesse se levantado abruptamente.

"Então porque você não vai ficar?" Havia indignação e confusão em seu olhar.

"Eu não posso Six, você sabe como eles são." O outro permaneceu quieto, então Regulus continuou. "Eu entendo, realmente entendo que você não queira o nome Black e aquele trabalho. Mas eu quero, eu preciso."

"Como assim você quer? Então você vai só voltar 'pra lá? Sério Regulus, olhe para mim, qual é o seu problema?" O tom de voz subiu drasticamente, o nojo na voz de Sírius era palpável.

"Não! Eu não vou voltar, vou ficar em um hotel e eles já sabem." Tentou se defender, também levantando sua voz. "Sírius, nem todo mundo tem direito a isso", gesticulou ao redor. "Eu quero coisas que você não entenderia, eu quero ser alguém e eu não vejo problema em usar o sobrenome Black como apoio - porque eu sei que no meu futuro não vou ser só um Black, eu serei Regulus Arcturus Black, alguma coisa grande. É o que eu quero ser Sírius, grande de verdade. Mas e você, quer alguma coisa?"

     Certamente era uma briga muito acusatória a este ponto.

"Que merda Regulus, como assim se eu quero alguma coisa? Eu cansei dessa porra de ficar interpretando o herdeiro perfeito, eu não quero nem preciso ser grande, eu só quero paz, longe disso. E você só é um covarde que tem medo demais de ir embora de verdade, você só tem medo. Só que você não precisa ter, a gente tá aqui, você não tá sozinho." Gritou.

"Sozinho? Interpretando o herdeiro perfeito?" Retrucou com escárnio e ironia. "Sírius, não é só porque você me deixou à deriva nos últimos seis anos que eu fiquei sozinho - acredite se quiser, mas o meu mundo não gira ao seu redor já tem um tempo. E sinceramente, você não interpreta nada e nem sequer tenta já tem um bom tempo. Não precisa se preocupar, você agora só é herdeiro do tio Alphard, porque você está oficialmente deserdado." Gritou ainda mais alto, sua voz começando a ficar rouca. Sírius riu sem graça.

"E é você que está me deserdando?"

"Eu só estou comunicando."

"Covarde do caralho."

"Sírius, eu posso não ter um pingo dessa maldita coragem que você parece se orgulhar tanto, mas pelo menos eu tenho uma força de resiliência e propósito que você nunca vai ser. Eu posso ser um merdinha covarde, mas eu sou forte."

Own My Mind; StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora