Own My Mind; Starchaser

ATO I - Parte II: O crescimento

     Hogwarts é o melhor internato da Inglaterra, sem dúvidas - não o mais caro, nem mais elitista, apenas o melhor. E, em Hogwarts, os alunos respondiam um questionário ao se matricular, para que fossem alocados em "casas".

     Nem todos concordavam com isso, mas os fundadores acreditavam que era algo a ser feito para direcionar os alunos aos seus objetivos, e também para estimular o espírito de união e competição saudável na escola.

     A cerimônia de boas vindas era algo grandioso, os alunos tinham suas casas reveladas como se fosse uma surpresa. Para alguns, realmente era, mas não para Regulus Black.

"Sonserina!"

     E sinceramente, era tudo sobre ele, ambição, determinação, sabedoria, astúcia... Regulus gostou de seu resultado, era quem ele sabia que era, e é bom ser quem você sabe que é.
Mas, Sírius odiou.

"Reg, porque você fez isso comigo? Foi a nossa mãe, ela te obrigou a escolher sonserina? Porque você não quis ficar comigo?" Sírius o abordou após o jantar com todas essas perguntas e acusações, os olhos de Regulus marejaram - ele estava, novamente, com medo.

"Não Six, é só quem eu sou. Isso não deveria ser tão ruim assim." Falou já começando a chorar, dando as costas e andando para longe do irmão.

•─────✧─────•

"Barty Crouch Júnior." O garoto com topete castanho sorriu estendendo a mão para Regulus e, em seguida, para seu outro colega.

"Barty, isso é um nome?" Rosier falou brincando enquanto apertava a mão do novo amigo, mas logo se arrependeu - o sorriso no rosto do outro logo se esvaiu.

"É, isso é um nome." Falou seco.

"Regulus Arcturus Black." Disse já sentado na cama que julgou ser a melhor.

"Uau, temos um Black entre nós. É um prazer conhecer vocês, Evan Rosier, ao seu dispor." Zombou com uma reverência.

"Acho melhor não encher o saco dele agora, Rosier." Barty, se aproximou de Regulus e acenou com a cabeça. "Posso sentar aqui?"

     Black demorou para responder, mas acabou apenas bufando e fazendo que sim com a cabeça. Essa permissão foi a única que Crouch precisou pelo resto da vida, pois assim que se sentou, a conversa se desenvolveu tão bem, logo os três garotos eram melhores amigos.
Coisas em comum como interesse musical e livros podem ajudar a começar uma amizade, contudo, existe algo sobre reconhecer a dor do outro que torna tudo muito mais real e sólido.
Pelo primeiro ano, seriam eles, Barty, Evan e Reg contra todos; porque eles se reconhecem um no outro.

     O pai de Bartemius nunca estava em casa; sempre absorto no trabalho, parecia nem se lembrar que tinha uma família. Evan precisava lidar com o drama de sua mãe doente e pai agressivo, por isso - sempre que ele voltasse após as férias - haveriam algumas manchas roxas em sua pele d'alva. E Regulus tinha seus pais hiper-autoritários, agindo como se fossem a própria família real da Inglaterra; e seu irmão, cada vez mais ausente.

•─────✧─────•

     Durante seus anos em Hogwarts, Regulus não esteve completamente sozinho. Infelizmente, Sírius praticamente desistiu dele em sua segunda semana, pelo que parece, ter amigos sonserinos foi a gota d'água no balde que era seu irmão não estar na grifinória.

     Só que, Reg não era muitas coisas nessa idade, e com certeza ele não era um desistente, ou apreciador de auto-piedade. Então, o que mais o jovem Regulus Black em seus plenos 11 anos poderia fazer? Ele apenas continuou sua vida da melhor forma possível.

     Isso é, ele era o melhor aluno de sua série, foi recrutado para a equipe de futebol em seu segundo ano, tinha um grupo de amigos. Deus, ele tinha um melhor amigo, alguém que se preocupou com ele desde o primeiro dia quando o Black estava triste pela breve discussão com seu irmão.

     Sua mãe não o odiava, ela até mesmo aprovou a amizade dos dois. Walburga estava pegando leve com ele em casa, o que isso significa? Que ela fingia que ele não existia, e nas refeições ela cordialmente perguntava sobre algum assunto escolar aleatório. Seu filho mais novo não dava motivo algum para reclamação.

     Mas Regulus tinha um segredinho, um segredo minúsculo que tinha nome e sobrenome. Aparentemente, James havia se encantado muito pelo garoto, muito mesmo - já que, ele nunca conseguiu deixar o mais novo em paz. Uma vez por semana Potter aparecia na torre de astronomia para falar com seu amigo.
     Se você quer mesmo saber, Regulus ia inocentemente ver as estrelas todos os dias, logo antes do jantar - para estar seguro contra a malícia dos mais velhos. Um dia, seu irmão e os amigos apareceram lá, aparentemente querendo usar o lugar para uma pegadinha, quando o viram, logo foram embora.
     Menos James, que ficou e tentou conversar com ele; então ele voltou, toda semana ele voltava para falar com Regulus sobre coisas estúpidas, como eram as aulas, se esperavam que tivesse macarrão no jantar, e qualquer outra coisa idiota. Arcturus odiou isso.

     Em resumo, Regulus tinha uma vida confortável, tanto em casa quanto na escola. Por outro lado, a vida de Sírius era diferente.
     Sírius Órion Black não estava confortável na escola, Hogwarts era seu paraíso - já no seu primeiro ano ele conquistou corações, provocou risadas e se tornou o centro das atenções, pelo seu carisma, bom humor e inteligência, principalmente. Entretanto, em Grimmauld Place nº 12, ele tinha o inferno.

     O problema era que Sírius não era um bom filho para Walburga e Órion Black. Ele tinha boas notas, mas não as melhores; ele causava problemas e seus pais recebiam advertências escolares aos montes; suas amizades eram problemáticas. Quer dizer, seu filho mais velho, seu herdeiro...  Deveria, pelo menos, ser cercado de amizades construtivas para o futuro da família.

     Seus melhores amigos eram: James Potter, de uma família rica mas que apoiava um viés político que não tinha nada a ver com o que uma boa família britânica deveria apoiar; Peter Pettigrew, de uma família moderada, mas pitoresca; e, por fim, Remus Lupin, pobre, bolsista, de uma família disfuncional.

Como isso poderia não incomodar os chefes da mais antiga e nobre casa dos Black?

Mas as coisas mudam; tudo mudou.

1.010 palavras