ATO III - Parte II: Um novo ano

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Avisos: uso abusivo de álcool, e possíveis gatilhos de ansiedade.


     Dois dias depois era seu aniversário, e Regulus se arrependia amargamente por ter aceito o convite. Sim, ele poderia simplesmente não ir, mas não seria muito nobre e educado da parte dele; então apenas foi.
     Apesar de um belo ato, o dia não foi tão memorável para o mais jovem Black, recentemente seu mundo estava muito cinza, e muitas pessoas ao seu redor também o deixava embaçado. Ganhou mais presentes, a parte boa de ter nascido perto mas não tão perto do natal. A verdade é que sair do hotel se tornou uma tarefa tão complicada quanto estar sozinho lá.
     Nos últimos dias, Pandora passou bastante tempo com ele, apenas fazendo companhia. Ela lia seus livros enquanto ele fazia seus estudos, era bom e tranquilo - como um ruído branco de fundo.

     James o ligava praticamente um dia sim e um dia não - Regulus não atendia, não entendia tamanha preocupação. Veja só, Regulus Black está bem, focado nos estudos, acordando todos os dias e fazendo o possível. Não é para todos, seguir em frente - mesmo que sua frente o levasse novamente para o ninho de cobras.

     Eventualmente, o dia 31 de dezembro chegou, com ele, o jantar de ano novo da família Black. Deveria estar na casa às 19 horas, uma hora antes do jantar começar é o adequado para socializar. Então, meia hora antes pediu um motorista para levá-lo - o caminho teria sido calmo se sua perna o desse uma folga, mas ficava tremendo e saltitando incessantemente. Regulus gostaria de ter levado um de seus amigos, mas não seria justo convidar nenhum deles, se bem que tanto Barty quanto Evan deveriam estar lá - devido a associação de suas avós com os Black.

     Eram eventos grandes, esses jantares - tornava complicado encontrar alguém sem que estivesse procurando. Ao chegar em Grimmauld Place, soube que sua mãe e pai o procuravam, pois não demorou mais de cinco minutos antes de ouvir a voz familiar o convocando.

"Arcturus!"

"Sim, mamãe." Virou-se segurando a taça de champanhe que lhe foi entregue na entrada.

"Como você está?" Pela primeira vez em quinze anos, Regulus sentiu cautela em uma pergunta feita por Walburga.

"Perfeitamente bem. A senhora e o papai, como vão?" Levantou a taça em brinde, virou todo o conteúdo de uma vez só.

"Estávamos receosos com um possível desalinhamento da sua parte. Associação com más influências." O tom ácido característico retornou à voz da mais velha.

"Você não deixaria um irmão para a morte. Até onde lembro, tio Alphard morreu há apenas alguns meses - e eu bem sei que poderia ter sido antes." Colocou a taça vazia em uma bandeja passando, pegando um refil.

"Não seja petulante, Arcturus." Avisou com seu olhar afiado e ameaçador. Se Regulus estava com medo, não demonstrou.

"Não estou sendo petulante, mamãe. Apenas conciso." Deu um gole em sua taça, já pela metade. "Saiba que não estou desviado, se me der licença, gostaria de encontrar algumas pessoas." Levantou a taça em menção de brinde novamente. "Toujours Purs" Pela segunda vez em menos de vinte minutos, terminou sua taça.

     Saiu à procura de Bartemius e Evan. Deveriam estar nas extremidades do salão, ou então no jardim de inverno, o mais longe possível de seus próprios pais. Demorou cerca de trinta minutos para encontrá-los, estavam no escritório de Órion - Deus, se seu pai os visse ali. Na verdade, o que faziam ali? Regulus se perguntou.
     Realmente, seu estado mental não era dos melhores, porque naqueles trinta minutos, houveram várias bandejas com champanhe. Ele não se sentia mal, na verdade, de repente as coisas pareciam bem menos pesadas do que estavam sendo. Só que aquilo deveria ter deixado-o realmente alterado, já que ele tinha a impressão de que Evan estava sentado na grande escrivaninha e Barty estava em sua frente o beijando?

Own My Mind; StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora