Epílogo

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"Darling, don't you cry
Head fast toward the light
Foolish men have tried
But only you have shown me how to love being alive"
- Darling; Halsey

"Querido, não chore
Vá em direção à luz
Homens tolos tentaram
Mas só você me ensinou como amar estar vivo"
- Darling; Halsey



     Eu acordei com os braços ao meu redor e beijo suave em minha bochecha. Nada fora do comum, escutei as crianças discutindo do lado de fora e sorri por estarem aqui.
     Virei para James e ele sorria para mim feito bobo, todos os dias eram assim - ele sorrindo para mim como se realmente conseguisse ver algo além de um borrão sem os óculos. Mas eu também sorri, porque pelo menos estávamos juntos.

     Por algum motivo, nada na vida foi fácil, mas Luna estava feliz pela primeira vez em muito tempo porque uma confissão foi feita e Barry finalmente estava solto.
     Inocentado.

     E ver Luna sorrir é algo tão bom e raro. Por ser o último dia de férias antes de voltarem para a escola, achei que fossem dormir até tarde, mas olhei no relógio de cabeceira e ainda eram sete da manhã. Me desvencilhei dos braços de James que reclamou e fui até a sala.
     Lá estava Luna, Harry e Draco. Os garotos brigavam pelo controle do videogame, ja que eles quebraram o terceiro na semana anterior, e Luna segurava o seu despreocupada. Apática com a situação.

     Furtivamente, cheguei por trás do sofá e dei um beijo em sua testa. Ela olhou para mim e sorriu o melhor que pôde.
     Amanhã eles irão começar seu segundo ano em Hogwarts, a sensação é de que cresceram rápido demais.

     Sentei entre os outros dois garotos e peguei o controle.

"Até vocês fazerem as pazes, sou eu quem vai jogar."

     Os dois ficaram emburrados, mas não disseram nada contra.
Até o almoço teriam feito as pazes, as brigas não eram incomuns.

     A vida continuou, e coisas ruins continuaram a acontecer.
As coisas boas também.

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"Querida Lily,

     Considerando os pormenores dos serviços de correios intercontinentais, tenho certeza que quando você receber isso, já terei partido. Peço que não se preocupe - isso não é um grito por ajuda, é uma confissão final.
     Passei boa parte da minha vida tentando fazer o que senti ser justo e honrado, tentei combater um mal que eu nem sequer compreendia. Talvez eu não tenha sido bem criada, ou talvez com o tempo eu tenha me convencido de que estava certa. Há algum tempo consigo ter certeza de que estava errada.
     Estive errada ao acreditar que poderia, que deveria, lutar contra um magnata político apenas para vingar a morte de um avô que mal conheci. Estive errada ao ofender e por vidas em risco em prol dessa luta.
     E eu conseguiria viver com o erro, eu seria capaz se houvessem sido apenas estes os erros, mas não foram. Jamais serei realmente capaz de me perdoar, e não me sentiria confortável perto de mim mesma se eu fosse.
     Como agente da lei e justiça, jamais eu deveria ter atirado, jamais eu deveria ter dado falso testemunho, e jamais eu deveria ter deixado que vocês acreditassem em mim. Cá está a verdade da história que Alastor prezou em maquiar como real:

     Eu atirei em Bartemius Crouch Junior e Evan Rosier. Eu mesma busquei Crouch em seu apartamento em seu apartamento para que ele nos ajudasse a encontrar Alice e Frank. Ao contrário do que foi dito, ele não estava lá antes, ele não estava associado aos crimes cometidos contra os Longbottom.
     Ele e Evan tentavam impedir que Moody matasse Bellatrix, e quando jogaram um dos produtos de limpeza nele, o grito foi tão assustador, tão apavorante, Lírio... Eu puxei o gatilho duas vezes.
Os dois estariam vivos se tivéssemos ao menos chamado a ambulância.
Mas eu os matei, e matei Regulus, Dorcas, Pandora, Luna, e parte de mim mesma.

     Dita a verdade, espero que entenda que não posso conviver com ela, porque desde pequena minha função parece ser fazer mal a eles, acreditando que fazia o certo. Fui embora acreditando que poderia conviver com isso - mas outro país, outro continente, não foi o suficiente.
Sou incapaz de recomeçar uma vida tendo tirado tanto deles. Apenas Deus deve ter uma noção real do tamanho dos danos que causei. Perdoe-me por esse último ato de covardia, dói saber que passei a vida tentando fazer o certo e acabei por me tornar o mau em si.
     Peça que Marlene me perdoe, caso ela ainda fale com você - assim como Sirius e James. Por uma última vez tentarei fazer o certo e o decente. Adeus.

Com amor, Mary."

Own My Mind; StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora