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O ar está cheio de fumaça, os restos escaldantes de uma bomba incendiária detonada por algum membro especialmente zeloso da resistência. Draco consegue sentir o calor dela em seus pulmões, mesmo distante como estava da explosão inicial.

Através da névoa, ele mal consegue dizer se os corpos no chão são aliados ou inimigos – nem consegue dizer nada sobre aqueles que ainda lutam, com raios de luz deixando rastros fantasmagóricos através da fumaça.

Ele lança um olhar ao redor, com a varinha erguida.

Um arrepio de nervos percorre toda a extensão de sua espinha. A explosão o deixou desorientado, parcialmente cego, com os ouvidos zumbindo.

Ele pragueja baixinho, incapaz de rastrear os traços de magia como normalmente faria, e quando um feitiço aparece em sua visão periférica, o pavor toma conta de seu peito.

A magia o acerta nos tornozelos, derrubando-o com força de costas no chão abaixo. O ar sai de seus pulmões com um sopro no impacto forte, e seus olhos congelam e se abrem quando o flash de verde neon passa por cima dele. Ele colide inofensivamente com a árvore mais próxima em uma explosão de magia e casca de árvore.

Um suspiro agudo sai dos lábios de Draco. Ele não tinha visto o Avada vindo em sua direção até que fosse quase tarde demais. E enquanto seu ego está ferido pela maneira como ele permitiu que outro feitiço o atingisse em sua distração – para não falar de sua bunda – ele poderia ter morrido.

Fazendo menção de se levantar, Draco percebe o olhar de alguém pairando sobre ele. Uma figura feminina esbelta, que levanta a mão para alguém à distância.

— Abaixe-se! — ela grita, e ele reconhece a voz de Granger. Suavemente, ela diz: — Fique abaixado, porra.

Um minuto depois, enquanto o coração de Draco bate descontroladamente contra sua caixa torácica, ela suspira.

— Você está bem.

— Que porra foi essa, Granger? — ele pergunta, resmungando enquanto se levanta e estica o pescoço.

— Isso — ela murmura em resposta, num tom tão insatisfeito quanto ele se sente, — fui eu salvando sua bunda miserável.

A situação se encaixa – que Granger o derrubou para que a maldição da morte errasse. Ele franze a testa para ela, não se importando com a ideia de lhe dever nada.

— Estou surpreso que você não me deixou morrer — ele corta, olhando ao redor e avaliando os arredores.

Um pouco da fumaça se dissipou, e ele pode ver formas mascaradas e imóveis pontilhando o chão. Eles superam em número os membros caídos da resistência em dois para um, e seu lábio superior se curva diante da tática dissimulada. A maioria dos que restaram desaparatou, outra escaramuça rápida nos livros. Ele percebe que não há mais ninguém dentro do alcance, mas não guarda sua varinha.

— Eu deveria ter feito isso? — Granger disse com uma risadinha, cruzando os braços sobre o peito.

— Teria tornado sua vida mais fácil. — Draco a observa por um momento, o jeito como ela usa um par de óculos de proteção sobre o cabelo, como se os tivesse removido recentemente. Seus olhos se estreitam com o pensamento – com a forma como a resistência foi capaz de ganhar vantagem nessa luta em particular.

— Mais fácil, sim — ela admite, guardando sua própria varinha no coldre, como se não esperasse que ele a atacasse. — Mas menos interessante.

Ele se move, ciente da tensão que paira entre eles. As linhas estão tão borradas que ele não consegue mais entendê-las. A última vez que a viu, ele devolveu um prisioneiro de guerra sem nada em troca – e agora, ela salvou sua vida. Uma sensação desagradável cresce em seu peito com o pensamento.

A Game of High Stakes | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora