Fetiche

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Sempre tive afeição por mulheres mais velhas. Era como um encanto, bastava que uma delas me olhasse do jeito certo para que eu me derretesse inteira.

Era confuso. Minha cabeça era confusa. Mas eu me sentia tão atraída pelas mulheres mais velhas que, a pouco menos de dois meses, decidi começar a frequentar meu primeiro club lésbico de fetiches. Dallas era um lugar caro e requintado, frequentado pelas mulheres mais misteriosa e poderosas da cidade.

Eu certamente não era uma delas, mas tinha a sorte de ter a amiga certa na hora certa, então sempre conseguia algum passe livre para frequentar o lugar, respeitando exigências necessárias, é claro.

A primeira delas era nunca ir sem máscara, independente de quem fosse. A segunda era nunca dizer o nome. E a primeira... Bom, a primeira era nunca dizer o que acontecia no Dallas.

- Muita gente nova hoje, uh. - falei para a moça do bar. - Aconteceu algo que não estou sabendo?

- É aniversário de uma das coloridas. - Ela disse descontraída.

Ah, as coloridas. Como pude esquecer de citá-las?

As coloridas eram as clientes premium que, como o próprio nome já diz, usavam máscaras multicoloridas. Eram as mais influentes lá dentro. Umas pelo tempo de casa, outras pelo dinheiro que investiam no Dallas.

Além delas, haviam as mulheres que usavam máscaras de uma cor só, e cada tom dizia respeito a um tipo específico de fetiche.

A minha era azul. Era como uma bandeirinha que dizia: "hey, mulheres com idade para serem minhas mães, olhem só para mim! Estou aqui por vocês. Me convidem para um quarto".

Tinha também as máscaras rosas para as mulheres que gostavam de ser maltratadas, as amarelas para quem praticava voyeurismo, as verdes para quem tinha fetiche com látex e as outras cores... Bom, eu não me arriscaria em usá-las.

Nunca!

- Interessante... - Murmurei baixinho, mais para mim do que para a mulher a minha frente.

Rolei meus olhos por todo o salão principal. Devia ter umas dez mulheres a mais que o habitual. Não chegava a lotar o lugar, mas era o suficiente para deixá-lo confortavelmente preenchido.

Poderia até dizer que eu me sentia em casa.

Voltei meu olhar para a minha bebida. Eu não consumia álcool, então, para mim, um bom copo de suco ou qualquer outro líquido adocicado e geladinho já servia.

- Acha que alguma delas... - Comecei a falar, mas logo fui interrompida.

- São todas coloridas, eu realmente nunca sei o que elas querem.

- Ah. - balbuciei descontente. Era a minha décima vez no Dallas e eu queria muito poder comemorar esse marco com um bela noite de sexo.

Algo que eu não consegui nas últimas quatro vezes que fui ali.

- Não vai conseguir nada sentada aí. - a mulher a minha frente disse. Ela tinha as mãos espalmadas na mesa e um bico bem sério nos lábios. - Vai! Libera o banco.

- Você está cada dia mais abusada. - resmunguei.

Levantei-me do assento em um pequeno pulo. Alisei meu vestido com as mãos pela quinta vez naquela noite e passei a caminhar pelo salão como se não tivesse sido obrigada pela moça do bar.

Eu observava discretamente os corpo seminus e mal iluminados, até que por um milésimo de segundo meus olhos cruzaram com os de uma das novatas.

Uma sensação gélida se apossou das minhas entranhas.

Aqueles olhos...

Aqueles olhos eram tão bonitos e curiosos.

Decidi naquele momento que os queria voltados mim a noite inteira.

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