Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 12 | Iʀᴍᴀ̃s

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Capítulo XII

A pequena garota acorda com uma dor imensa do peito. Ela olha ao redor e vê que está na cabana novamente. Ao vê-la acordada, Mika corre em sua direção.

-Diga-me, o que houve com você? -Perguntou extremamente preocupada.

-Eu tive umas visões, estou confusa. -Disse Mori colocando mão em seu peito que ainda doía.

-Por que essa cicatriz surgiu tão de repente? -Mika perguntou.

-Eu não sei. Pode pegar um copo de água para mim? -Mika então afirma com a cabeça e sai da sala para pegar o copo de água.

-Diga-me Mori, por que ainda está tão assustada? -Perguntou Máx que surgira do nada em cima do sofá.

-Nossa, você simplesmente brota do nada. -Mori diz e sorri.

-É o meu jeitinho de tentar te assustar. -O gato diz e se transforma em humano. -Está bem? -Disse o mesmo segurando as mãos de Mori.

-Estou sim. -Mori diz e leva um pequeno susto quando o gato lhe dá um beijo na testa.

-Assim espero. -Ele diz e se transforma em gato e deixa a sala. Mori não teve tempo de questiona-lo sobre o beijo, não que fosse nada tão íntimo, mas seu rosto ruborizou ao passar os dedos pela sua testa e se lembrar dos lábios gelados do gato. Mika então adentrou a sala com o copo de água, foi só então que Mori deixou seus pensamentos.

-Obrigada.

-Que nada, não beba tão rápido. -Disse Mika preocupada lhe entregando o copo. -Quando estiver melhor, me conte o que aconteceu. -Mika diz e sai da sala, deixando a pequena Mori sozinha.

A garota então bebeu o copo de água com calma, embora água não tivesse gosto, ela tentava saborear o seu gosto. Mori então coloca o copo em cima da mesinha da sala e se deita, tentando entender tudo o que acontecera. O que Akira iria dizer?, pensou a garota. Ela pensou, pensou e pensou. E não chegou a conclusão alguma. Ela então se levantou, ajeitou um pouco o que cabelo, e saiu indo à fonte do Akira. Ela caminhava pela aquela escuridão sem medo. Nunca fora uma garota medrosa, embora tivesse apenas o medo de pisar errado, como aconteceu quando conheceu Mika. A garota então passou pelas gramas, agora altas, que brilhavam com os toques dos pés, e depois de pouco minutos, ela estava de frente a caverna. Mori, receosa, preferiu primeiro conferir em volta da caverna, saber se ela desmoronaria era uma escolha melhor ao invés de apenas adentrar. E só depois de tanto conferir, ainda receosa, ela adentrou a caverna.

Nada estava tão diferente, embora antes de trazerem o Akira aquele pequeno lugar já estava desfalecido. Estava bem, era isso o que importava. A garota chega ao local da fonte, parecia tão viva quanto um dia já fora. Mori se senta na beirada da fonte, passa suas mãos entre as águas, pensativa, curiosa.

-Akira -Disse Mori- Se está aqui presente, se pode me ouvir falar, se apresente. -A garota diz. Ela espera, espera e espera, nada da raposa. Mori olhou as águas e só então lhe surgiu uma idéia. Péssima idéia. A garota então tirou de pouco em pouco as suas roupas. Ela pisou os pés na água e entrou em baixo da fonte. A água embora fosse muito gelada, era aconchegante, e parecia até mesmo quente de tão fria. Mori ficou ali, durante muito tempo.

Depois, a pequena garota vestiu novamente suas roupas, e só então ela escutou um barulho imenso. Mori se escondeu, e esperou que tudo passasse. Foi quando a pequena garota viu Ruby adentrar a caverna. De pouco em pouco ela se aproximava da fonte. Estava fraca, parecia muito mal. Ruby tirou suas roupas e adentrou a fonte. Mori ficou perplexa com o ocorrido. Aproveitou que ele estava de olhos fechados na fonte e saiu correndo para fora da caverna. Não olhou para trás, apenas correu para a cabana.
Ela então abriu as portas ofegante, confusa e ainda perplexa. Mas quando então olhou para a sua frente, ficou surpresa. Não era a cabana de antes. Essa se parecia com as visões que Akira lhe tinha dado. Mori adentrou de pouco em pouco a cabana. Viu Mika que tinha cabelos curtos e cinzentos, viu Máx que era extremamente pequeno e viu Akira. Este, ao notar sua presença, a olhou com certo rancor e tudo ficou preto. Mori vía apenas Akira.

-Por que você voltou? -Perguntou Akira

-Preciso que me conte a verdade. -Mori lhe disse- Que lugar é esse?

-Não tenho o que te contar. -Disse a raposa andando em sua direção- Esta é uma passagem para o meu mundo espiritual.

-Eu ainda estou na fonte? -Mori perguntou.

-Seu corpo sim, seu espírito não. Ninguém pode te ver, ninguém além de mim. -Disse a raposa pegando na mão de Mori.

-Eu vi o Ruby. -Disse Mori- Ele estava na fonte, parecia exausto.

-Você o viu? -A raposa lhe olhou surpresa.

-Sim. Ele adentrou a mesma.

-Mori, você precisa sair daqui. -Disse a raposa.

-Por quê?

-Você deve sair daqui, deixe-me te levar para fora. -Disse a raposa levando os dedos à testa de Mori, esta por outro lado, segurou sua mão.

-Por favor, me diga a verdade. Peço-te apenas isso. -Disse Mori olhando-o nos olhos.

-Certo. Me siga. -Disse a raposa indo em direção a uma porta que surgira na escuridão. Mori então ao passar pela porta viu Amélia e uma garotinha de cabelos negros, Sédia, em um enorme campo, cheio de árvores, e uma pequena casa atrás delas. Havia uma mulher se apoiando no batente da porta, Emília.

-Como dito no diário, Emília nunca quis ter nenhuma outra filha, nenhuma além de Amélia. -Disse a raposa- A pequena Amélia por outro lado, queria uma irmã.

-Disto eu sei. Mas você sabia tudo desde o início, por que ficou surpreso quando te mostrei o diário na sela de Sédia? -Disse Mori.

-Por causa de Ruby e por causa de Mika. Agora deixe-me continuar. -Disse a raposa- Emília não podia mais engravidar, havia se tornado estéril. -Disse a raposa- Foi então que Amélia descobriu sobre livros de feitiços, foi quando também conheceu Anastásia, uma poderosíssima bruxa. -Disse Akira caminhando até as garotas, Mori lhe acompanhava.

-Diga-me mais. -Disse a pequena.

-Anastásia ensinou um maldito feitiço à Amélia. Poderia lhe conceder um desejo, mas este viria com consequências. Amélia aceitou sem nem ao menos questionar. E então ela fez um feitiço e fez sua mãe engravidar, esta que era viúva ficou extremamente surpresa e preocupada. -Disse a raposa passando as mãos pelos cabelos de Amélia que não lhe vía e nem sentia seu toque.

-Uau, isso está cada vez pior. -Disse Mori se sentando ao lado de Akira.

-Amélia implorou para Emília que tivesse a pequena criança, e quando nascera, só então Amélia pôde ver seu estrago. -Disse Akira.

-Como assim? -Perguntou Mori.

-Deixe-me terminar. -Disse raposa olhando para Mori com certa raiva.

-Certo, desculpa. -Disse a garota permanecendo muda.

-Sédia havia nascido com uma mancha enorme atrás em sua nuca. Essa mancha se parecia com uma estrela, um pentagrama invertido. Conforme foram crescendo, Sédia passou a perder a marca, porém sua mãe começou a adoecer e adoecer cada vez mais. -Disse a raposa agora passando as mãos pelos cabelos de Sédia- Foi quando Sédia tentou ajudar Emília com feitiços, embora nunca fosse boa com isso. Sédia curou sua mãe, mas não com magia negra, isso foi apenas o Amélia viu quando adentrou o quarto.

-Pera, eu não entendi. -Disse Mori- Como assim foi o que Amélia viu?

-Amélia viu o que a marca queria que ela visse. Sédia não havia sacrificado animal algum, assim como também seus olhos não ficaram totalmente negros. Foi a visão de Amélia. -Disse a raposa- Olhe atrás do seu pescoço, a sua nuca. -Disse a raposa e com um estralar de dedos fez uma pequena gota de água virar um espelho de mão. Mori então levantou seus cabelos e posicionou o espelho vendo a marca em sua. Era um pentagrama invertido.

-O que isso quer dizer?! -Perguntou Mori extremamente assustada.

-Abra seus olhos Mori, Sédia nunca foi a vilã. -Disse a raposa transformando o espelho em água novamente. E tudo ficou claro. Mori fechou os olhos por causa da claridade e quando os abriu novamente, ela estava na fonte.

Pequeno Raio de Sol -NanaOnde histórias criam vida. Descubra agora