• Capítulo Sete

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NATASHA BAIXOU A CÂMERA e analisou a foto na tela. Wanda abraçava Allie, a cabeça virada por sobre o ombro, a boca um pouco aberta, os lábios levemente franzidos e o obrigada lançado no ar. Com o cabelo preso e aqueles óculos de nerd sexy, o salto dourado e o vestido de renda se avolumando no quadril antes de chegar à canela, ela estava maravilhosa.
Clássica.
Um ícone, até.

E a foto tinha ficado muito boa. A luz estava perfeita, com o clarão suave do corredor ao redor de Wanda e de Allie, como se estivesse protegendo as duas.
Mas ainda melhor era a expressão nos olhos de Wanda, que estava fixa em Natasha. Estava agradecida, claro. Estava óbvio que ela tinha ajudado a evitar algum tipo de catástrofe pré-adolescente, mas o brilho no olhar de Wanda era mais que isso.
Era interesse.

Natasha sorriu para a tela. Qualquer que fosse a dança que as duas estavam dançando, ela gostava. Yelena estava muito enganada – Wanda estava no mínimo intrigada, e Natasha com certeza era capaz de fazer alguma coisa com isso.

No entanto, não sabia dizer ao certo por que tinha se oferecido para ajudar Allie com o vestido. Estivera fotografando em segredo a discussão entre Yelena e Victor – de quem Natasha se lembrava vagamente como o cara da escola que jogava beisebol –, imaginando que Yelena adoraria ter o registro de sua boca retorcida e sua testa cheia de ruguinhas ao repreendê-lo.

Mas então tudo se encaixou: Wanda chorando enquanto puxava a filha, que estava triste e que não devia ter mais que 11 anos, pelo cotovelo em direção ao banheiro.

Natasha sabia que Wanda era mãe, que tinha engravidado logo que terminara a escola e decidido ficar com o bebê. Na época, não havia sentido nada ao saber da notícia – tirando, talvez, uma leve alegria mórbida porque a decisão de Wanda significava que ela não iria para Moscou com o resto do clã.
Antes que ela mesma se desse conta disso, tinha se afastado da discussão mesquinha de Yelena e ido em direção a Wanda, fascinada com o fato de alguém da sua idade ter uma filha  quase adolescente. Ou talvez estivesse mais fascinada com o vestido dela, que se acomodava perfeitamente seus seios fartos. De qualquer forma, ali estava ela, vendo Allie quase ter um ataque por causa de um vestido.

Uma lembrança voltou à sua mente: Melina à porta do quarto com os punhos cerrados enquanto Natasha, com 13 anos, sentada na cama, destruía o vestido que a madrasta queria que ela usasse em um evento beneficente que havia organizado.

Você não é capaz de fazer isso por mim?”, perguntara Melina. “Depois de tudo o que eu fiz por você?”

— Posso ver? – Natasha se ouviu perguntar, e foi o que bastou.

Ela e a garota entraram no banheiro e, quando Natasha perguntou como ela queria que o vestido fosse, Allie começou a tagarelar sobre o coturno que tinha ganhado da mãe de aniversário em abril e algo simples que não pinicasse sua axila.

Agora, enquanto Wanda e Allie voltavam para o salão, Yelena pigarreou. Natasha ergueu o olhar e viu o maxilar tenso da irmã postiça. Então ajudar Allie rendeu o bônus de irritar Yelena. Aquele dia ia ser melhor do que ela esperava.

— Pois não, querida?

Yelena semicerrou os olhos.

— É sério? Como por um acaso, justamente você destrói o vestido que eu dei à Allie?

— Ela detestava o vestido.

— Ela… o quê? Claro que não.

Natasha olhou para ela como quem diz: Por favor, né?

— Você viu a garotinha feliz que acabou de sair do banheiro?

— Vi, mas eu…

— É um vestido, YEtzinho. Desapega.

Natasha Romanoff Não Está Nem AíOnde histórias criam vida. Descubra agora