OS BATIMENTOS CARDÍACOS DE WANDA estavam enlouquecidos, as pontas dos dedos fervendo de tanto oxigênio. Por um segundo, nada parecia real – o pedido para que Natasha ficasse, a decisão de contar à melhor amiga que ela talvez, quem sabe, provavelmente estava apaixonada por sua irmã postiça distante, e agora isso.
Yelena olhava para ela boquiaberta, mágoa e raiva irradiando por seu corpo. Agatha estava atrás dela com uma expressão de puta merda no rosto.
— Yelena – disse Wanda. — Eu…
— Não – respondeu Yelena, levantando a mão trêmula.
Wanda soltou um suspiro e se levantou. Sua camiseta estava retorcida, mas ela definitivamente não queria chamar a atenção para suas roupas amarrotadas naquele momento.
— Querida, me deixa explicar.
— Explicar o quê? – perguntou Yelena.
Ela não gritou nem levantou a voz. Wanda quase queria que ela fizesse isso, mas seu tom se manteve baixo, exausto. Triste.
— Que você está, o quê? Transando com a minha irmã e nem se deu ao trabalho de me contar?
— Não, Yelena, eu…
— Então você não está transando com minha irmã?
Wanda piscou várias vezes olhando para a melhor amiga, a vergonha aquecendo seu rosto.
Yelena assentiu.
— Foi o que eu pensei.
— Amiga, que tal ouvir o que ela tem a dizer? – sugeriu Agatha, apertando o ombro de Yelena.
Yelena se virou.
— Você sabia disso?
— Não, ela não sabia – respondeu Wanda.
Mas Agatha deu de ombros e disse:
— Eu imaginava.
— O que é que está acontecendo? – perguntou Yelena. — O que mais vocês estão escondendo de mim? Ah, espera, eu já sei que vocês odeiam o James.
— A gente não odeia ele – respondeu Agatha. — Só não achamos que ele seja o cara certo pra você. Você merece coisa melhor. A gente queria conversar com você sobre isso, mas não sabia como. E, no decorrer da semana, Wanda, Natasha e eu imaginamos que se a gente conseguisse fazer você parar pra pensar em…
— Espera aí – pediu Yelena, levantando o dedo trêmulo no ar. — Você, Wanda e Natasha?
Agatha abriu a boca, depois fechou os olhos.
Aquilo era um desastre. Nada estava indo bem. Wanda não sabia como explicar as coisas, as palavras se emaranhavam em sua língua.
— Ela estava com a gente o tempo todo – Wanda finalmente conseguiu dizer. — E ela… bom… ela é…
— Eu sou boa em estragar tudo – disse Natasha em voz baixa.
Parecia que Yelena ia vomitar. Ficou encarando as três, uma de cada vez, mas seu olhar parou em Natasha.
— Eu não acredito nisso. Faz 22 anos que somos irmãs. Vinte e dois anos de você vivendo distante e fazendo cara de não estou nem aí pra mais ninguém além de mim.
— Yelena – disse Wanda, a preocupação tomando conta dela ao ver o rosto de Natasha pálido —, espera um pouco.
Mas Yelena a ignorou.
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Natasha Romanoff Não Está Nem Aí
Lãng mạnNatasha Romanoff jurou nunca mais voltar a Volgogrado, a cidade onde cresceu. Lá não há nada para ela, só as lembranças da infância solitária e do desprezo da madrasta e da irmã postiça, Yelena. Em Nova York ela tem uma carreira como fotógrafa em as...