• Capítulo Vinte e Dois

582 70 36
                                    

ELA FOI COM MUITA SEDE AO POTE. Deve ter sido isso. Natasha percebeu que na verdade Wanda queria conversar sobre elas, sobre o que era aquilo entre elas, embora já tivessem estabelecido que era sexo, sexo e mais sexo. Por que outro motivo teria se afastado daquele jeito, buscando o ar como se Wanda a estivesse sufocando?

Ela sabia que aquilo era um erro. Wanda não era capaz de se relacionar de um jeito casual, e agora Natasha estava pirando e percebendo que Wanda estava carente de amor e só queria entrar no coração dela e não sair mais de lá.

Mas Wanda não queria isso.
Não podia querer.

Aquela era Natasha Romanoff, a irmã postiça da sua melhor amiga que abandonara a família havia doze anos e mal tinha olhado para trás, e Wanda sabia muito bem como era amar alguém que não podia ficar.
Que não queria ficar.

Mas… depois de ouvi-la falar sobre Yelena na noite anterior, dizendo que a relação dela com a irmã não era nada complicada, que Yelena e Melina simplesmente não a queriam… as palavras pareceram verdadeiras.
Não que ela culpasse Yelena. Já tinha perdido o pai e depois um padrasto, e Melina não era o tipo de mãe que distribuía amor com facilidade.

Natasha era uma criança esquisita, fria e distante, mas tinha perdido o pai e a mãe antes de completar 10 anos.
Será que isso não deixaria qualquer pessoa estranha, fria e distante?

E agora, adulta, ela não era nada disso. Um pouco arisca, verdade, e espinhosa. Mas algo nela fazia o pulso de Wanda acelerar, além do sexo espetacular, mesmo quando estavam só conversando.
Natasha era brilhante, engraçada e forte, e Wanda queria envolvê-la todinha, inundá-la, ajudar a ocupar aquele olhar assombrado com algo suave e doce.

Wanda esfregou os olhos por debaixo dos óculos, tentando reprimir aqueles malditos sentimentos. Sempre quisera ser do tipo de pessoa capaz de ir para a cama com alguém e deixar que fosse só isso – sexo, sensação, pele.

Sabia que não havia nada de mau no fato de nunca ter sido assim. Além disso, tivera a filha muito cedo e sempre houve muito em jogo, ou simplesmente não havia tempo suficiente a cada dia, mas era muito divertido ouvir sobre as façanhas de Agatha aos 20 e poucos anos. Até Yelena tivera algumas noites de sexo casual e essas foram apenas as que havia contado para Agatha e Wanda.

Você não é do tipo casual, e tudo bem.”

As palavras de Agatha daquela noite na Brass Monkey ecoaram na cabeça de Wanda, mas ela ignorou.
Podia ser do tipo que quisesse ser, e naquele momento o que a satisfazia era ter Natasha em sua cama. Ajeitou a roupa e endireitou os ombros, determinada a ir com calma com ela dali em diante.

Sexo, disse a si mesma. Pense em sexo, e só.

— O que você está fazendo? – perguntou Agatha ao vê-la sair de trás da barraca de Victor e Allie.

— Ah, é, só procurando uma garrafa de água que eu possa usar – respondeu ela, olhando ao redor. — Victor sempre traz milhares.

— É, mas a sua garrafa está com a sua mochila – disse Agatha, apontando para a mochila de Wanda, encostada na barraca delas, uma garrafa roxa presa em uma das alças.

— É mesmo – respondeu Wanda, e deixou por isso mesmo. Pegou a garrafa e bebeu um gole da água já morna.

— Muito bem, vamos nessa – chamou James, batendo palmas uma vez como se elas fossem gado.

Deu um tapa na bunda de Yelena quando ela foi em direção à trilha.
Deu um sorrisinho para ela, então a envolveu nos braços e a beijou.

Wanda ficou olhando, de dentes cerrados, Yelena retribuir o beijo. Mas sua melhor amiga não estava sorrindo e seus braços pareciam rígidos ao redor dos ombros de James, cujas mãos passeavam por sua bunda.
Não estava gostando daquilo, nem um pouco, mas nunca tinha sido muito de demonstrar afeto em público. Enquanto muitas mães ensinam boas maneiras, Melina martelava decência na cabeça da filha.

Natasha Romanoff Não Está Nem AíOnde histórias criam vida. Descubra agora