Capítulo 15

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Boston
Novembro de 2008

  Meus olhos pesavam durante mais uma aula de como deveríamos agir em caso de ataques dos infectados ou de qualquer outra pessoa. Meu estômago me causava cada vez mais náuseas, mal conseguia prestar atenção em que nosso treinador dizia. Tudo o que fiz foi sair correndo no meio de todos, e vomitar no primeiro banheiro que encontrei.
  Me sentei no chão gelado, esperando que todo aquele mal estar passasse, mas cada vez que pensava em como as coisas seriam daqui em diante, o mundo parecia girar.

— Anna?

  A voz de Manson ecoou na porta do banheiro.

— Estou aqui. — Respondo baixo.

— Como você está, meu amor? — Ele se abaixa passando a mão pelo meu rosto.

— Nada bem, essa gravidez vai acabar comigo.

— Vai passar rápido e logo vamos estar com nossa filhinha. — Ele sorri.

— Deveria voltar para o treinamento, se o senhor Martin te encontrar aqui vai te trazer problemas.

  Eu odiava o fato de estarmos sempre sendo controlados, a forma como sempre tinha alguém pra dizer o que deveríamos ou não fazer e se podíamos ou não amar alguém. Mason e eu estávamos sempre sendo separados, mas dificilmente alguém conseguia isso com êxito.

— Eu quero que o Martin se foda, eu não me importo, eu vou ser pai agora e ele tem que aceitar que não vou ficar treinando todos os vagalumes o tempo todo.

— Vamos fugir, vamos embora desse lugar.

  A expressão dele era sempre de preocupação em relação a qualquer coisa que fosse deixar os vagalumes.

— Eu fugiria daqui com você, mas e seu pai? Você vai deixá-lo aqui?

— Meu pai nem se importa, logo ele arruma outra família e vai esquecer de mim tão rápido quanto esqueceu da minha mãe.

— A Stella era uma pessoa maravilhosa, sinto a falta dela. — O sorriso sincero dele me lembrou como eles se davam bem.

— Ela era maravilhosa.

— Sim, agora venha! Vamos para o seu dormitório.

  Permaneci o caminho todo em silêncio, enquanto algumas pessoas nos julgavam com o olhar. Mason era um dos vagalumes mais cobiçados pelas mulheres de lá, e eu havia sido a felizarda que fisgou o coração dele. Mesmo sem nunca ter sido minha intenção, não era esses os boatos que corriam pelos corredores.
  Não ficamos muito tempo juntos aquele dia, ele havia que trabalhar quase que o tempo todo e era pouquíssimo o tempo que conseguíamos nos ver, e quando o milagre acontecia, passávamos nosso tempo planejando como seria nossa vida juntos.

Fevereiro 2009

  Estávamos todos em uma enorme sala, onde o senhor Martin designava alguns dos vagalumes para abrir caminho seguro para que nossa base pudesse se mudar. Era normal que alguns soldados fossem mandados para fazer uma limpa, tanto de infectados quanto de pessoas que fossem uma ameaça.
  Algumas mulheres também eram chamadas para a operação, mas como sempre os olhares de julgamento pairaram sobre mim. Eu era considerada uma das melhores garotas dos vagalumes, junto com Marlene, mas me tornei inútil estando grávida, e isso incomodava o pai dela.

— Mason, você irá liderar a equipe. — A voz do senhor Martin soa no ambiente e um coro de tristeza pareceu soar baixinho.

— O que? — Me levanto com dificuldade — Não pode mandar o Mason, nossa filha está para nascer, não é justo ele perder o nascimento dela ou até mesmo algo pode acontecer com ele.

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