Invisible String - TLOU

Capítulo 8

  Ellie parecia uma barata tonta correndo com as outras crianças, brincando de jogar neve umas nas outras. Era incrível como ela conseguia se enturmar tão rápido. Observei toda aquela movimentação apenas pela janela da casa, que felizmente era numa das ruas centrais e dava pra ver as crianças brincarem.
  Joel estava na cozinha preparando o café da manhã, enquanto isso senti meu corpo arrepiar-se de frio. Só consegui pensar o quanto eu odiava o frio, mas ao menos estávamos em uma casa aconchegante.

— Já que acordamos tarde demais, vamos deixar para partir amanhã. — Joel diz enquanto olha algumas a decoração da casa. — Até que não é tão ruim, quando voltarmos podemos decorar como quisermos.

— Como assim, quando voltarmos? Você quer voltar pra cá depois que fizerem a vacina? — Pergunto saindo da janela e caminhando na direção dele.

— É a intenção, Ellie volta com a gente e podemos ficar aqui, juntos. — Ele faz uma pausa — Em família.

— Okay. — Sussurro.

  Eu não tinha ideia de como seriam as coisas depois dos vagalumes, mas eu tinha esperança de que tudo daria certo. Eu só não sabia como eu contaria para ele o verdadeiro motivo de eu estar indo atrás da Marlene.

— Joel... — Respiro fundo antes de começar a falar — Eu nem sei se você vai querer ficar comigo depois do que eu vou dizer.

  Ele permaneceu em silêncio e apreensivo.

— Você quer que a gente fique aqui juntos, vivendo como uma família, mas a verdade é que eu estou indo atrás dos vagalumes para encontrar minha filha, ao menos encontrar o paradeiro dela. Dependendo do que fizeram, não sei se vou conseguir voltar para cá sem antes encontrá-la.

— Pensei que não tivesse filhos, mas qual o problema nisso? Você me ajudou a encontrar meu irmão, vamos encontrar sua filha. — Ele responde compreensivo.

— Eu quero não acreditar nisso, mas tenho a impressão de que a perdi.

— Por que acha isso?

— Eu sempre fui rebelde, odiava estar com os vagalumes e ter que viver dentro das regras deles. Eu acabei matando alguém importante para eles, e me exilaram, mas eu estava grávida e meu pai deixou ficar lá até que minha filha nascesse. Quando ela nasceu, minutos depois tomaram ela de mim, ele disse que pensaria se a manteria ou se mandaria matá-la.

  Tento continuar, mas acabo me desfazendo em lágrimas ao me lembrar daquele momento. Joel me abraça forte, por mais que aquele abraço me passasse tranquilidade, eu continuava com a incerteza de que meu plano daria certo ou não.

— Eu sinto muito por tudo isso, e espero que seu pai não tenha feito a merda que você pensa. — Joel sussurra enquanto beija o topo da minha cabeça.

— Eu só quero saber se a Marlene teve notícias dela, porque ninguém nunca mais ouviu falar daquela bebê. Eu já cheguei a encontrar alguns vagalumes, todos me disseram que meu pai seguiu em frente, construiu outra família, mas que nunca viu nenhum bebê com ele.

— Vamos encontrar sua filha, e ela vai morar com a gente. Eu posso ser pai de duas meninas. — Ele brinca e me faz sorrir.

— Espero que sim.

  Sussurro com a cabeça encostada em seu peito, enquanto implorava internamente para que Deus nunca mais me deixasse longe dela.

  Ellie abriu a porta eufórica e cheia de neve, fazendo com que a gente se separasse e a olhasse preocupados.

— Que nojo, vocês estão mesmo namorando! — Ela faz barulho de vômito.

  Limpo as lágrimas rapidamente e cruzo os braços olhando pra ela.