Capítulo 22

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Maria balançava o bebê em seus braços, enquanto o pequenino dormia tranquilamente. Fico em silêncio por alguns minutos para não atrapalhar, mas logo ela percebe minha presença e sorri.

— Stella, não consegui agradecer ontem, você saiu correndo, Joel disse que você passou mal.

— Foi o sangue, e não precisa me agradecer, tudo que eu fiz foi ficar aqui. — Sorrio.

— Só por causa do sangue? — Maria arqueia a sobrancelha mas logo volta a prestar atenção no bebê.

— Eu acabo passando mal toda vez que vejo ou sinto cheiro de sangue. — Explico.

— Ah Stella, agora diga a verdade. — Maria coloca o pequeno no berço e o cobre com o minúsculo cobertor.

Permaneço em silêncio e me sento no baú que estava próximo da cama.

— Ok, eu estou grávida, contente? — Suspiro.

— E desde quando você sabe?

— Uns meses, mas eu estava passando por muita coisa pensei que não iria dar certo.

— Foi depois que vocês tentaram levar a Ellie até os vagalumes?

— Sim. — Apoio minha cabeça nas mãos. — Eu estava tão nervosa, mas eu tinha certeza que não iria para frente porque eu passava mal quase todos os dias. Escondido deles, claro.

— Mas e agora, como sabe se está tudo bem? — Ela se senta na cadeira de amamentação e me encara.

— Quando eu voltei pra Jackson eu fiz um exame, mas guardei segredo, não queria assustar ninguém. A barriga está começando a aparecer, demorou mas o Joel já entendeu o que está acontecendo.

— Então ele sabe?

— Não com todas as palavras, mas o fato de eu estar tomando café no almoço, vomitando no meio da sua sala e estar com uma libido fora do normal, faz com que ele tenha dúvidas. — Solto uma risada nasalada — Eu disse que faria um exame, estou preocupada, tenho medo das coisas não acontecerem como deveriam acontecer e tudo dar errado de novo.

— Sabe que não precisa se preocupar, Joel nasceu para ser pai, talvez essa seja a melhor qualidade dele.

— Mas e a Ellie? Sinto que com um bebê eu não vou conseguir dar a atenção que ela merece. — Me encosto na parede.

— A garota que me infernizou com conversas durante todo o final da minha gravidez, dizendo o quanto ela queria ter um irmão ou irmã? Estamos falando da mesma garota? Porque se for, ela com certeza está pronta para isso.

— Ela mal consegue me chamar de mãe, nunca sequer reproduziu essa palavra. Acha mesmo que está pronta para ver alguém dividir a mãe que ela nunca teve por perto? Eu acredito que seja demais para ela.

— Você só vai saber se contar.

Minhas pernas balançavam de forma impaciente, não conseguir saber qual seria a reação de Ellie era algo que me deixava nervosa.

Não fiquei muito tempo na casa de Maria, ela estava ocupada demais com o bebê para ter que lidar com meus histerismos.
Quando cheguei no quintal de casa ouvi Joel e Ellie rindo, enquanto ele martelava as madeiras da casinha na árvore que ele havia prometido. Os dois não notaram minha presença, o que me fez conseguir apreciar tal cena por um bom tempo.
Era aqueles pequenos momentos, pequenas sensações que me traziam conforto e segurança. Saber que eles se davam bem, que conseguiam cumprir as promessas que faziam um ao outro, essa era a parte mais importante. Isso significava que Ellie não mentia quando queria algo, e que Joel não dizia apenas por dizer as coisas que faria.

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