13) Mentiras

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"Tu julgas que eu não sei que tu me mentes
Quando o teu doce olhar pousa no meu?
Pois julgas que eu não sei o que tu sentes?
Qual a imagem que alberga o peito teu?

Ai, se o sei, meu amor! Eu bem distingo
O bom sonho da feroz realidade...
Não palpita d'amor, um coração
Que anda vogando em ondas de saudade!"

Marcos Assumpção, Mentiras

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Não sei porque perguntei, é claro que era ele.

Engoli em seco.

Jungkook estava deitado naquela ampla cama de casal em meio a inúmeras fotografias jogadas sobre o lençol claro desarrumado. Algumas amassadas, molhadas e até mesmo rasgadas.

Estava encolhido como uma criança, agarrado a um travesseiro que também abrigava seu rosto e abafava o choro assim que me ouviu entrando. Dei alguns poucos e tímidos passos para dentro do cômodo. Estava escuro, acabei batendo com o pé em uma caixa jogada perto da porta.

Olhando com um pouco mais de atenção pude ver que dentro dela haviam itens diversos. Um relógio com o vidro rachado, uma camisa, papéis, envelopes e muitas fotos.

— P-por que você me deixou sozinho? — Falou bem baixinho entre soluços, chamando minha atenção e cortando meu coração.

A voz era embargada pelo choro em tom tristonho quase infantil.

Continuei andando até o móvel que o acolhia. Afastei algumas fotos para poder me sentar e minha garganta secou quando notei que a maioria, se não todas elas, tinham o Taehyung. Fosse em um grupo de amigos ou só os dois sozinhos, assim como aquelas fotos que ele gostava tanto de tirar comigo durante nossos encontros.

Sorrindo, abraçados, distraídos, comendo. De todos os momentos, todos os jeitos. Um pouco de tudo que viveu com ele.

Naquele momento um monte de coisa começou a vir como uma enxurrada na minha mente, todos os avisos de meu médico, dos meus amigos e até mesmo tudo o que eu sempre pensei, mas preferi ignorar.

Arrumei os papeis e coloquei alguns sobre a mesinha que tinha um abajur de luz fraca que era a única iluminação do quarto. Amontoei um outro bocado de imagens que me doía olhar, ao pé da cama, me sentando na beirada do colchão macio.

— Me ligaram do seu trabalho, estão preocupados. — Falei o mais doce que podia, repousando a mão em seu braço e ele se encolheu. Como se quisesse escapar de mim.

Ali percebi que estava despido da cintura para cima e usava uma calça clara e lisa de moletom que estava completamente manchada, julgar pelo que vi, poderia dizer que ele não se deu ao trabalho de tomar banho ou sair de onde estava fazia um bom tempo.

Será que ele estava desse jeito há dois dias? Desde que parou falar comigo e ir ao trabalho.

— Olha pra mim, por favor.

— Eu não quero, não mereço! — Jogou o braço para trás, tentando me afastar, mas me mantive ali.

Não gritou comigo, também não senti em sua voz que realmente me quisesse longe, então eu não saí.

Tirei meu casaco, deixando-o no cantinho, no chão mesmo e fiquei apenas com a camisa de linho preta e mangas cumpridas que eu vestia por baixo dele.

Eu não tinha muito a oferecer, mas tudo que eu pudesse fazer, eu faria. Me apertava o coração ver o cara que eu gostava despedaçado daquele jeito, mesmo que talvez fosse por outro alguém.

Pela Primeira Vez - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora