6) Doce Escapatória

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"Ela entrou como um pássaro no museu de memórias

E no mosaico em preto e branco pôs-se a brincar de dança.

Não soube se era um anjo, seus braços magros

Eram muito brancos para serem asas, mas voava.

Tinha cabelos inesquecíveis, assim como um nicho barroco

Onde repousasse uma face de santa de talha inacabada.

Seus olhos pesavam-lhe, mas não era modéstia

Era medo de ser amada; vinha de preto

A boca como uma marca do beijo na face pálida.

Reclinado; nem tive tempo de a achar bela, já a amava."


Vinicius de Moraes, Ela entrou como um pássaro no museu de memórias.


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— Jimin, seu eletro e ecocardiograma não deram nenhum tipo de anormalidade. — A calma de Seokjin me tirava do sério às vezes. Principalmente em situações como essa. — Você pode me descrever mais uma vez o que você sentiu mais cedo?

— Você está me chamando de mentiroso por acaso? — Bufei sem saber mais o que fazer. De fato, agora parecia tudo normal e meu coração não batia forte, mas aconteceu. — Eu senti ele bater daquele jeito, como se fosse explodir. Me deu falta de ar, minhas mãos ficaram trêmulas. Não só uma, foram pelo menos umas quatro vezes no último mês. Mas hoje foi a pior de todas.

Acho que cruzei a cidade em tempo recorde. Gritei tanto com o motorista que eu estava morrendo e que era pra ir logo pro hospital que devo ser banido de todos os tipos de transportes disponíveis e nunca mais poderei chamar um carro na vida.

O hospital não ficava exatamente perto de onde Jungkook morava, então deu tempo o suficiente para surtar e achar que ia morrer umas milhões de vezes. Tanto pelo meu coração quanto por Jungkook que não parava de me ligar e toda vez que meu celular tocava eu pensava nele, lembrada dos lábios deles nos meus, no gosto que ele tinha, no modo como ele me acariciava. Meu coração pulava mais e mais.

Sabe quando o nervosismo é tanto que chega a dar falta de ar? Foi basicamente isso, eu não conseguia respirar. Sorte minha que tudo isso contribuiu para o motorista realmente achar que eu estava morrendo e fez um caminho que eu nem sabia que existia e chegamos a tempo de não ter um cadáver dentro de um carro aleatório. O coitado nem ia receber a corrida porque eu tive que pagar em dinheiro.

— Não estou te chamando de mentiroso, mas algo não está condizendo aqui. — Pontuou me mostrando alguns exames sobre a mesa, uns que eu estava acostumado a ver. O caminho dos batimentos do meu coração desenhado em um longo papel de cor verde clara. — Eu fiz e refiz seus exames. Você chegou aqui esbaforido de tão apressado, mas quando isso passou ficou tudo normal. — Abriu a gaveta e pegou um receituário. — Posso passar um teste de esforço, ver se não é por causa de alguma atividade física. O que estava fazendo quando sentiu as palpitações?

Pela Primeira Vez - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora