"Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.
Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:
O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta
em pétalas de amor".Vinícius de Moraes, O velho e a Flor
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Dizem que chorar dá sono, mas nem isso seguiu o curso normal e parecia não surtir efeito em mim. Passar mais uma vez o início da noite transbordando minhas frustrações em lágrimas me fez mais desperto do que nunca. Já estava se tornando um habito ruim. Perdi as contas de quantos dias me deixei afundar, dois ou três.
Assim, durante mais uma madrugada inteira, fui capaz de me encher com todas as dúvidas que uma mente extremamente fértil é capaz de fazer. Meu quarto nunca pareceu tão frio e tão grande. Para cada canto que eu olhava só alcançava escuridão e tristeza.
Minha tristeza.
A chuva que caia lá fora mesclada aos flocos de neve parecia colaborar para toda a tristeza e pesar que eu sentia. Ver as gotas escorrerem pelo vidro transparente e irem de encontro ao porcelanato na beirada da janela, do mesmo jeito que eu sentia escorrer as lágrimas pelo meu rosto, parecia bem propício ao momento. O fato de até clima colaborar para o meu estado de espírito seria cômico se não fosse trágico.
Eu amava Jungkook, pelo menos eu achava que sim.
Descobri isso porque mesmo com todos os meus conflitos internos, todo receio, meu maior desejo por todo aquele tempo ainda era que ele olhasse em meus olhos, sorrisse e dissesse que também me amava. Eu quero desesperadamente ser amado de volta, ser amado por ele.
E se ele nunca fosse capaz de me amar assim?
Passei um dia consolando alguém que chorava e agora que me encontro na mesma situação, não tenho ninguém para me afagar e dizer que tudo vai ficar bem.
Só queria que ele estivesse do meu lado fazendo por mim o que fiz por ele.
Eu precisava do inverso, precisava ser acalentado, que meus medos desaparecessem, mas algo dentro de mim gritava dizendo que ele não seria capaz disso. Eu não estava pronto para assumir o papel de cuidador quando ainda precisava de cuidados. Como poderia eu cuidar de outro alguém se não sabia nem cuidar nem de mim mesmo?
Jungkook está em pedaços, são muitos e eu não sei exatamente como cola-los de volta, eu tenho a vontade, mas não tenho a habilidade para isso. Ainda não aprendi. Não aprendi porque nem os meus pedaços estão todos no lugar. Levei anos para conseguir me ter inteiro e, mesmo assim, ainda me sinto incompleto.
Foi difícil driblar minha mãe, ela não é cega, tampouco idiota. Ver um filho trancado no quarto por todo esse tempo, só sair para comer e ir ao banheiro, não era normal. Pelo menos não no auge da vida adulta.
Eu nunca havia passado por isso, não tive tempo de me apaixonar antes, de sofrer, de chorar por outro alguém dessa maneira. Todas as dores que tive durante a vida foram diferentes, dores físicas.
Alguns diriam que a morte é o que traz o sentimento mais pesado, mas com a morte vem a conformidade, não tem jeito. Quando a dor envolve a perda de quem está aqui, alguém que você pode ver, tocar, desejar... a sensação de vazio é completamente diferente. Vazio misturado a impotência.
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Pela Primeira Vez - Jikook
FanfictionFanfic que originou o livro publicado pela Editora Violeta (repostando) JIKOOK 🔸Romance 🔸 Drama 🔸Long-fic 🔸Jovem Adulto 🔸Doença/Transplante "Jimin nunca soube dizer se estava realmente vivendo. Desde muito pequeno, sofreu com procedimentos e in...