Capítulo Doze - Tartaglia

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Tartaglia realmente não sabia como acabou naquela situação. Ele se lembra de ter visto Kunikuzushi chorando sozinho naquela cafeteria, abandonado e com o coração partido, a reação de qualquer pessoa seria não ligar, mas a falta de empatia do mundo nunca o afetou, ele queria poder ajudar aquele que chorava tão desesperadamente.


Tartaglia serviria de ombro amigo para qualquer pessoa que aparecesse naquele estado, mas aquele menino lhe chamou a atenção de alguma forma. Tão delicado, aparentemente puro, mas ao mesmo tempo, profundamente machucado, Tartaglia nunca entenderia como alguém poderia fazer um garoto tão bonito e doce como aquele chorar.


Mas quanto mais tempo passava com Kunikuzushi, mais ele entendia, ou pelo menos tentava entender seu coração, porém nunca que poderia compreender sua cabeça. Tartaglia sabia que Kunikuzushi frequentava psicólogo e psiquiatra, e por pedido dele, pediu para Tartaglia não trata-lo como um doente, então Tartaglia não precisaria 'ter dedos' quando fosse falar com ele. Tartaglia confessa que se sentiu muito feliz por Kunikuzushi lhe dizer como queria ser tratado. Isso mostrava confiança.


E quanto mais conversava com ele, mais tinha certeza de que seus sentimentos estavam certos, ver Kunikuzushi em sua forma mais vulnerável e instável e mesmo assim achar lindo, como um quadro complexo e ilegível, era intrigante. Kunikuzushi era intrigante, ele era como uma sinfonia de Beethoven, ou um conto de Edgar Allan Poe... Não. Ele era muito mais abstrato que isso, muito mais profundo de qualquer conto ou poema de qualquer escritor famoso, mais hipnotizante do que qualquer sinfonia de qualquer compositor clássico.


Tartaglia não queria resolver todo aquele misterio, ele sabia que Kunikuzushi nunca o contaria tudo o que se passava em sua mente, ou até mesmo em seu coração, ele sabia que estaria tudo trancado a sete chaves e enterrado em um lugar bem distante da sua realidade, mas ele queria que Kunikuzushi entendesse que se ele precisasse de qualquer coisa, Tartaglia estaria lá. Nem que ele tenha que se dopar com uma falsa realidade. Talvez isso nunca aconteça, talvez Kunikuzushi fugiria de seu aperto e se jogasse da sacada de seu coração, assim desaparecendo para sempre.


E agora ele estava aqui, deitado em sua cama e refletindo frases e metáforas floridas para esse momento de dor. Kunikuzushi era realmente um misterio, transformando um garoto encrenqueiro e briguento em alguém totalmente diferente, alguém mais poético e mais sensível as coisas.


- Cara... Eu estou ferrado. - Tartaglia fecha os olhos, querendo se distanciar de seus pensamentos sobre Kunikuzushi.

Liebe Tut Weh - ChiScaraOnde histórias criam vida. Descubra agora