Capítulo Dez - Você...

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    Acordando com um grito de um sonho totalmente distorcido, Kunikuzushi rapidamente se senta na cama de Tartaglia, quanto mais ele sentia seu peito doer e sua respiração pesar, mais ele se encolhia. Chamando, ou melhor, tentando chamar pelo nome de Tartaglia, sua garganta secava automaticamente, o sentimento de desespero começava a dominar seu peito.
   
    "Talvez o problema realmente tenha sido eu. Claro que ninguém amaria alguém como eu.", aqueles pensamentos criaram uma neblina densa na mente de Kunikuzushi, ele se sentia como se estivesse assistindo seu sofrimento fora de seu corpo, aquela sensação era desesperadora. Mas quando voltou a consciência, foi quando sentiu um corpo quente e forte contra o seu, o corpo que o abraçava passava uma sensação de proteção e confiança.
   
    Voltando cada vez mais a realidade, ele conseguiu ver quem era, Tartaglia o segurava firmemente contra seu peito enquanto acariciava suas costas. Ele não sabe quando que Tartaglia entrou no quarto, mas isso não importava, a pessoa que se esforçou para poder gritar o nome, agora estava ao seu lado, lhe proporcionando conforto, e isso era o suficiente.
   
    Quando se acalmou, Tartaglia continuava com ele pressionado contra seu peito, aos poucos, Tartaglia tentava conversar com Kunikuzushi.
   
    - ...Já está melhor? Me conta o que aconteceu, as crianças já estão na escola... - Sua voz suave fez Kunikuzushi se soltar ainda mais.
   
    - É que... Ele simplesmente me deixou... Ele não respondia nada, ele não olhava na minha cara, ele me trocou por uma garota...! Ele me trocou por uma garota! E depois veio me dizer que me amava! Eu simplesmente não aguentei! Desculpa! - Tartaglia esperou até que ele se acalmasse, mas algumas palavras sussurradas por Kunikuzushi fizeram com que fosse a vez de Tartaglia explodir. 'Talvez a culpa tenha sido toda minha...'
   
    - Para de tentar dar desculpas pelas ações escrotas de alguém que não tem merece! A culpa não foi sua! - Tartaglia o tira de perto de seu peito, encarando seus olhos e talvez até sua alma.
   
    - Por que você finge se importar tanto assim?! A gente nem se conhece direito! - Kunikuzushi não queria dizer nada daquilo, Tartaglia não merecia ouvir isso depois do tanto que ele ajudou Kunikuzushi.
   
    - Porque eu gosto de você! Que droga, Kuni! - Kunikuzushi arregalou os olhos, quando Tartaglia se deu conta do que disse, tentou voltar atrás dizendo que era no sentido de amizade.
   
    - Sabe... Por mais que eu saiba que você seja uma pessoa muito boa, eu não quero 'quebrar a cara' novamente... Como eu disse, a gente nem se conhece direito.
   
    - A gente pode ir se conhecendo! Eu juro, eu vou conquistar sua confiança e tomar o lugar de Kazuha em seu coração! - Kunikuzushi achou aquela escolha de palavras exageradas demais, mas o jeito que os olhos de Tartaglia brilharam, realmente não tinha coragem de negar o quão adorável era.
   
    - ...Ok! Eu não sei se isso realmente vai acontecer, mas boa sorte. - Tartaglia sorri quase que brilhante demais para um ser humano. "Ele é a porra de uma lanterna?! Por que brilha tanto?!"
   
    - Bem, vamos almoçar? Eu que fiz, prometo que você vai gostar!
   
    - Muito obrigado, mas eu realmente preciso voltar para casa, preciso conversar com a minha mãe sobre o ocorrido. - Os olhos de Tartaglia caíram um pouco, mas de qualquer forma, ele respeitou a decisão de Kunikuzushi.
   
    - Tudo bem, eu te levo, mas~ com uma condição! Vou te fazer um bentō e você come quando chegar, pode ser? - A expressão de desgosto de Kunikuzushi foi icônica, Tartaglia quase riu. Quase.
   
    - Mas pra' que isso?! Totalmente desnecessário!
   
    - Ah, vamos! Um dia eu pretendo fazer o nosso almoço para comermos juntos, e quem sabe, nós podemos até nos casar um dia! - Tartaglia estava completamente perdido em seu universo, onde ele e Kunikuzushi eram um casal de velhinhos com um gato e um cachorro. Kunikuzushi achou nojento. - Preciso saber se você vai gostar da minha comida ou não! Caso você não gostar, eu não vou ficar triste se você me falar, ok?
   
    - Ai meu deus, Tartaglia... Ok! Eu levo, seu chato! - Tartaglia pula de felicidade enquanto sai do quarto para preparar o bentō de Kunikuzushi.
   
    - Prontinho! Vamos? - Tartaglia entrega a marmita enrolada em uma toalhinha da Hello Kitty, Kunikuzushi torce o nariz mas não diz nada, apenas segue Tartaglia até o carro.
   
    A viagem, novamente, foi tranquila. Realmente foi quieta e calma, o que Kunikuzushi achou muito estranho, afinal de contas, era Tartaglia quem estava ao seu lado. Ele geralmente falava sobre suas brigas que arrumava em seu antigo colégio, ou sobre alguma apresentação de dia dos pais que Teucer atuou apenas para Tartaglia, mas não. Ele estava terrivelmente quieto e com uma expressão serena estampada em seu rosto estupidamente bonito. "Até que ele é bonito quando está de boca fechada... Mas ainda assim, me irrita!"
   
    Quando chegaram, Tartaglia saiu primeiro para poder abrir a porta para Kunikuzushi e lhe entregar a marmita, mas depois que ele saiu do carro, Tartaglia não voltou para dentro.
   
    - ...Você não vai ir embora?
   
    - Na verdade, eu queria conhecer sua mãe, me apresentar como seu futuro namorado. Afinal, qual é o nome da sua mãe mesmo?
   
    - Não interessa! Volta para casa, Tartaglia! - Kunikuzushi grita, até que escuta o barulho de porta abrindo, ele fica horrorizado.
   
    - ...Kuni? O que você está fazendo aqui a essa hora? Você não devia estar fazendo a prova? - Ei sai para fora e Kunikuzushi empurra Tartaglia rapidamente para dentro do carro.
   
    - Se você não sair agora, eu corto sua garganta fora. - Tartaglia sabia que era uma ameaça vazia, mas mesmo assim saiu.
   
    - Quem era aquele, Kuni? - Kunikuzushi suspira cansado, mas Ei percebe o pequeno sorriso que se formou antes de Tartaglia realmente ir.
   
    - É uma longa história, eu vou te explicar.
   
    Quando entraram, Kunikuzushi se depara com Yae Miko sentada no sofá, ela se levanta para abraçar Kunikuzushi e cumprimenta-lo, Kunikuzushi aceita o abraço, quando a ficha finalmente cai.
    
    - Espera... Você está aqui desde ontem a noite? - Yae Miko soltou sua famosa risada astuta, aos olhos de Kunikuzushi, ela não era nada mais do que uma raposa. Do pelo rosa!
   
    - De fato, e você pelo visto, ficou um bom tempo com aquele seu amigo, não é? Devo deduzir que foram para a casa dele? - O rosto de Kunikuzushi esquentou instantaneamente, e quando foi tentar se defender, sua voz falhou e afinou um pouco.
   
    - Ok, ok, depois a gente fala sobre ele, agora Kunikuzushi, eu quero saber o por que de você não estar no colégio? Kazuha fez alguma coisa...? - Ei tinha medo de mencionar o nome daquele garoto e fazer seu filho quebrar mais ainda.
   
    - ...Bem, ele veio mexer comigo, me chamando de 'meu amor' e eu explodi, dei um soco na cara dele e eu, Tartaglia e ele fomos parar na direção. Os três expulsos, não podemos mais fazer a prova.
   
    - Tartaglia? - Yae Miko pergunta.
   
    - Sim, o garoto que estava aqui no portão, ele estava me segurando para não arrebentar Kazuha na porrada, ele é um bom amigo... - Apertando um pouco a caixinha embalada na toalhinha da Hello Kitty, ele sorri ao mencionar o ruivo. Ei percebe novamente.
   
    - ...Eu achei bem feito. Não se preocupe, filho, eu vou garantir que você e Tartaglia façam a prova.

Liebe Tut Weh - ChiScaraOnde histórias criam vida. Descubra agora