Capítulo Quinze

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    - Isso, eu quero que vocês descubram qualquer atividade suspeita que Kaedehara Kazuha esteja tramando... - Tartaglia teve mais uma noite virada, mas desta vez por causa de um telefonema assustado que Kunikuzushi lhe fez.
   

    Kunikuzushi ligou para Tartaglia por volta das 02:00 da madrugada relatando estar se sentindo desconfortavelmente observado, ele chorava no telefone pedindo desculpas para Tartaglia, dizendo que provavelmente seria apenas uma crise ou até mesmo outro ataque de paranóia de sua cabeça, mas Tartaglia já desconfiava do que se tratava essa insegurança, então resolveu cuidar disso com a organização em que fazia parte, isso ainda permanecia um segredo tanto para Kunikuzushi, quanto para seus irmãos. Essa organização era fortemente ligada a empresa "Fatui Corp.", que aparentemente não se sabia muito sobre, apenas que era estrangeira e provavelmente estava ligada a lavagem de dinheiro, mas nenhuma informação era realmente verídica.
   

    - Com certeza, Sr.Childe. Mais alguma coisa? - Uma voz feminina respondia como um robô sob ordens.
   

    - Cortem qualquer tipo maneira dele chegar perto de Raiden Kunikuzushi. Eu quero para ele a mesma segurança que meus irmãos tem, entendido? - Uma afirmação foi dita por trás do telefone, e Tartaglia desligou o celular.
   

    Ele esperaria pelas informações de Kazuha, com quem ele era envolvido, seus amigos, familiares, até mesmo o quanto ele gastava para esses informantes meia boca perturbarem Kunikuzushi. Tartaglia não se perdoaria se Kazuha fizesse qualquer mal para Kunikuzushi, mas sem sombras de dúvidas, Kazuha estava agindo estranho e ele iria descobrir o porquê.
   

    Mas hoje eles poderiam conversar mais ainda no colégio, ele só precisaria que ele falasse com Tartaglia e não ficasse quieto o tempo todo, mas não o leve a mal, ele adorava o silêncio entre eles, parecia que já se conheciam a tempos e não precisariam de palavras, mas ele também precisava de informações concretas.
   

    Diferente de todos os dias, ao invés de pegar seu carro, ele optou pela moto vermelha em sua garagem, além de ser muito mais rápida do que um carro, ele também tinha um apego emocional muito forte nessa moto, então pegou o seu capacete e mais um reserva para levar Kunikuzushi.
   

    - Bom dia, Albatross, meu amor. - Tartaglia deu dois tapinhas no banco de couro da moto e subiu, dirigindo em direção a casa de Kunikuzushi.
   

    Ele dirigiu com o ronco suave da moto, de repente tudo em sua volta parecia muito calmo, sem trânsitos irritantes, ou motoristas irritados o xingando por ter passado na sua frente, basicamente a rua estava deserta, mas sua mente ainda gritava, alguns pensamentos sempre corriam por sua mente nesses seus momentos de 'isolamento', como; 'O que ele faria se Kunikuzushi fizesse qualquer besteira porque Tartaglia não foi o suficiente em ter-lo ajudado?' ou 'Se Kazuha já estivesse fazendo algo com ele, mas ele optou por não lhe contar.', mas esses pensamentos sempre o levavam a um lugar, a porta de Kunikuzushi. No horário combinado e do jeito que combinaram, ele tocaria a campainha apenas uma vez, se Kunikuzushi não o respondesse em 5 minutos, é porque ele não iria.
   

    Então quando os 5 minutos se passaram e Tartaglia resolveu voltar para a moto e ir sozinho, a porta se abre e Kunikuzushi lhe pede desculpas pela demora. Não é preciso dizer que Kunikuzushi estava lindo, mas com certeza aquele corpete apertado em sua cintura o deixava mil vezes mais divino, Tartaglia quase não conseguia desviar o olhar, mas tentava não parecer tão suspeito.
   

    - ...Está de moto hoje, ein. Muito bonita ela. - Os olhos de Tartaglia brilharam no mesmo momento que essas palavras lhe foram ditas.
   

    - Quem diria?! Os dois amores da minha vida se conheceram e gostaram um do outro?! Hoje é o melhor dia da minha vida! - Os olhos de Kunikuzushi reviraram de desgosto pelo drama exagerado que Tartaglia fazia. - To' brincando, viu! O nome dele é 'Albatross', muito foda, né?
   

    - O nome 'dele'?! É UMA moto, devia ser o nome DELA!
   

    - Shhh... Não estou afim de aulas de português básico agora, e ele quem escolheu ser chamado de 'ele'! Vai, sobe ai e vamos comer alguma coisa antes de entrar. - Tartaglia entrega o capacete reserva para Kunikuzushi e ele o coloca, mas na hora de subir, Kunikuzushi fica totalmente envergonhado pela sua altura. Tartaglia vendo a dificuldade, toma como desculpa para segura-lo pela sua cintura fina e lhe ajudar a subir, Kunikuzushi murmura um 'obrigado' e o abraça para poderem partir.
   

    Assim que chegaram no posto de gasolina que sempre paravam, Tartaglia lhe entregou o dinheiro e pediu para Kunikuzushi comprar o café dos dois enquanto ele enchia o tanque, Kunikuzushi foi de bom grado pois ele precisava de sua dose de cafeína diária acompanhado de um doce.
   

    Quando ambos tinham terminado o que faziam, se sentaram em uma das mesas que ficavam fora da pequena cafeteria e começaram a conversar sobre aquela noite.
   

    - Me desculpa mesmo ter ligado aquela hora da madrugada... Eu só não sei mais o que está acontecendo comigo. - Tartaglia pegou em sua mão com firmeza e o olhou nos olhos com seriedade.
   

    - O que eu já te disse? Você nunca vai me atrapalhar em nada, e pode contar comigo pra' tudo, ok? - Essas palavras parecem que viraram uma 'chavinha da confiança' em Kunikuzushi, e suas palavras seguintes o assustaram.
   

    - Ainda bem que você disse isso porquê... Eu acho que alguém entra na minha casa a noite e rouba as minhas coisas e no dia seguinte, eu não acho mais nada! Eu não sei o que eu faço...! - Os olhos de Kunikuzushi estavam cheios de medo, enquanto os de Tartaglia se encheram de ódio.
   

    "Kazuha não pode estar indo tão longe a esse ponto, né?!" Tartaglia pensava enquanto bebia o café quente e machucava sua boca inteira, aquilo definitivamente doeu, mas saber que Kazuha fazia uma atrocidade dessas com Kunikuzushi doía mais ainda. Kunikuzushi percebeu e logo pediu para esquecer o que havia lhe dito.
   

    - Mas você chamou a polícia?
   

    - Sim, eu disse para minha mãe e chamamos a polícia, mas não fizeram nada a respeito.
   

    - ...Já sei! Vem passar uns dias na minha casa! Posso falar com a sua mãe para ela não se preocupar, e bem... Meus irmãos não se importariam, sabe? Que tal? Se você quiser também né, óbvio! - Kunikuzushi pensou um pouco e realmente não parecia ser uma ideia tão ruim assim.

   
    - Sem problemas, mas você sabe dos meus ataques ou dos meus episódios depressivos, né? Eu não vou machucar ninguém, mas não quero assustar seus irmãos... Nem você. - A última parte foi quase inaudível, mas Tartaglia leu seus lindos lábios.

   
    - Prometo pra' você, nada mais assusta eles, eles passaram por muita coisa e são super corajosos. Fica tranquilo, Mini Mirtilo.

   
    - Ok então, Laranja Irritante, muito obrigado. - Os dois riram dos apelidos combinando, e voltaram para a moto enquanto conversavam mais ainda.

Liebe Tut Weh - ChiScaraOnde histórias criam vida. Descubra agora