Primeiro contato

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A IMENSIDÃO DO CÉU DE PANDORA CHEGAVA A SER ASSUSTADORA. Tudo ao meu redor era grandioso, já havia feito reconhecimento em florestas da Terra, mas nada do que eu tinha visto dentro e fora dos laboratórios terrestres se comparava com o lugar em que eu estava, as árvores enormes cujas copas mal se viam do solo, troncos mais grossos do que prédios, a biodiversidade luminosa me encantava, era como estar em um conto de fadas, um sonho, um lugar irreal.

- Como está aí, C12....#@$##? - O dispositivo de comunicação em minha orelha fez um horrível chiado.

- O sinal está fraco. - Respondi apertando o microfone na minha gargantilha.

- Você está perto da #$####chhhhh... - O som cada vez pior me fez desistir e tirar aquela porcaria da orelha.

Continuei em frente por terra - ainda tinha mais meia hora até o helicóptero me pegar na área de extração - não era fácil caminhar pelo terreno irregular, e os vários invertebrados que apareciam em solo me davam um certo nojo o que diminuía meu ritmo, mas o que mais me deixava alerta eram os sons, urros, risos, estalos, os animais me rondavam, todavia não tinham ainda me atacado, apesar de tudo quando eu vi o brilho da Árvore das Vozes, todos os meus receios pareceram desaparecer.

- Então era por isso que o som estava ruim. - Sorri sentindo a energia daquele lugar, o que cortava o sinal de rádio. - Eu sempre quis fazer isso. - como uma criança eu peguei uma de minhas tranças e corri até uma rama brilhosa, ao pegá-la com minhas mãos nuas senti-a quente, como se estivesse viva, algo parecia se mover dentro da rama de cor lilás clara, hesitei por alguns instantes antes de encostar minha queue nela.

A pele branca com listras de tom mais claro, o corpo esguio com pequenas curvas no quadril e peitos pequenos, dentes pontiagudos, rosto fino, olhos redondos cujas cores não paravam de mudar, cabelos presos em duas tranças embutidas com uma queue em cada e ao contrário de muitos avatares aquele tinha uma cauda comprida e forte o suficiente para ser de utilidade ao se movimentar entre árvores e nadar, e em sua ponta uma estrutura óssea a possibilitava de a usar como arma... aquele avatar era eu, meu corpo humano tinha sido abandonado ainda quando eu era uma criança, uma criança órfão adotada pela RDA e entregue nas mãos de cientistas, não foi nada fácil, foi doloroso os experimentos, mas acredito que tudo valeu a pena, pois seria muito pior ser uma mulher fraca e pobre nos subúrbios da Terra.

- Faz tanto tempo que eu nem me lembro da minha aparência humana. - Comentei sorrindo para o meu reflexo.

- Você gostaria de ver? - Fui surpreendida por uma voz feminina calma e aconchegante.

- Acho que sim. - Ri nervosa, sabia que não seria muito normal a experiência de estar conectada com aquela Árvore, mas dava medo mesmo tendo uma noção do que poderia acontecer.

Minha imagem se deformou a minha frente até tomar a forma de uma pequena menina de olhos verdes e cabelos negros, magra, quase anoréxica, ela tossia, chorava e se abraçava.

- Eu não lembrava.... - Meu rosto se contorceu em nojo, o ser a minha frente me dava ânsia, contudo eu não conseguia entender se era por ser um humano e ser eu, ou se era pela sua insignificância, um ser fraco, com síndrome de vitimismo.

- Você tem que proteger os fracos. - A voz ressoou novamente, como se quisesse me ensinar algo.

- Ninguém me protegeu quando eu era fraca. - Cortei-a olhando para cima, para a copa da árvore que não era tão grande quanto as outras, mas era a mais radiante.

Oel ngati kameieOnde histórias criam vida. Descubra agora