Simplesmente... você.

capítulo 25

Aflito.
Nunca pensou que  se sentiria tão culpado em sua vida.
Quando viu seu pai ali tão indefeso, se sentiu o último ser da terra.
Não que a culpa tenha sido totalmente dele.
Sim.
Se sente imensamente culpado. Pela discussão antes do ocorrido.
Mas, não tem sangue de barata.
Como escutar tudo calado.
Impossível.
Olha para o imenso corredor do hospital.
Parece infinitamente longo.
Demais...
Quando vê sua mãe e Mia se aproximar, se sente mais aliviado.

- Filho...o que houve?

- Estávamos,.. mãe, nos alteramos...acho que a culpa...

- Filho, não. A culpa não é sua. Seu pai estava em um nível altíssimo de estresse...

- Tenho parte nisso, mãe. Sabe disso.

- Que tenha...mesmo assim, a culpa não é somente sua. O Carrey anda muito nervoso. Uma hora iria acontecer isso.

- Me perdoa...por favor.

Cristian está com os olhos aflitos e marejados. Grace nunca viu o filho desse jeito. O abraça forte.

- Ah meu menino...vai ficar tudo bem. Já conversei com os médicos, seu pai está fora de perigo. Graças a você que o socorreu muito rápido. Já passou por uma cirurgia, está se recuperando.

Cristian nem se deu conta de quanto tempo está lá.
Horas talvez.
Ana!
Tem que avisá-la.

- Mãe,vou ligar pra Ana, explicar o que houve, tudo bem?

- Faça isso meu amor. Ela deve estar preocupada com você.

Ele sorri e sai para um lugar mais reservado.
Liga pra ela que atende imediatamente.

- Cristian! O que houve?

- Me desculpa amor... aconteceu uma coisa com meu pai e...

- O que?!

- Ele teve um infarto. Estou no hospital.

- Meu Deus! Como ele está?

- Segundo os médicos, bem.

- Ah meu amor...queria tanto estar aí com você...

- Minha mãe está aqui, e a Mia.

- E você? Como está?

Como está?
Mal.
Muito mal mesmo.
Mas, não vai dizer isso pra ela.

- Estou...na medida do possível... segurando a barra.

- Quer que eu vá ficar com você?

- Acho que...

- Amor...por favor. Deixa eu ir...

- Tá bem...espero você.

- Não demoro. Beijo.

Quando Ana desliga, Cristian vai até a porta da UTI. Vê seu pai ali, todo cheio de aparelhos. Isso dá uma dor profunda nele.
Porque está se sentindo assim?

- Irmão, não se culpe.

- Ah Mia... é difícil não me sentir culpado. Estávamos discutindo. Sei que foi demais pra ele.

- Cris, a culpa não é sua entendeu! Eu vi o papai. Ele estava no limite. Por muitas coisas, não especificamente por sua causa. Ele tem que parar... está abusando da sua saúde. Quem sabe assim, agora ele dá um tempo em tudo.

- Mia, eu disse a ele que estava entregando meu cargo. Isso foi o estopim pra tudo. Compreende? A culpa foi minha sim...agora, estou me sentindo o pior ser humano da face da terra.

- Isso...por causa da Ana?

- Como assim?

- Sabe que o golpe de misericórdia foi seu casamento com ela. O pai não se conforma com isso. Não vai desistir dela... não é?