Reencontro

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Depois daquele dia, Martín não conseguia esquecer a beleza que era o verde dos olhos de Afonso. Desenhava, em seu quarto, o belo par de esmeraldas reluzentes, pedindo aos céus que pudesse o encontrar e sentir aquela sensação de liberdade novamente.
O lápis traçava no papel, rabiscando, adornando e moldando enquanto sua mente voava. Pensava no dia do baile, pensava na dança, o quão surreal aquele homem pareceu para si. Pensava também no que aconteceu assim que foi retirado de seus tão quentes braços.

A rainha o puxava com força, batendo seus saltos e arrastando a barra do vestido pelo chão em barulhos surdos, com o rosto vermelho e alguns fios de cabelo ao ar.

Ela estava irada.

A mulher para quando estão próximos ao quarto do loiro, o encarando com os olhos tremendo suavemente em um tic que poucos podiam ver.

- Hernández... Pode me explicar essa situação? - A voz baixa e ameaçadora questiona.

- Eu... - O príncipe desvia o olhar, pensando em como se explicar sem se incriminar. - Bem.. Precisava respirar e acabei encontrando ele. - Disse baixo, olhando a rainha que arqueou a sobrancelha fina, em um "prossiga" silencioso. - Conversamos e ele me ofereceu uma dança... Eu aceitei.

- Você tem noção de quantas princesas você ofendeu ao fazer isso? Você deveria ter dançado com elas! - Bateu o salto, indignada - Quantas lhe ofereceram uma dança e você negou? Não te vi dançar com nenhuma a noite toda!

- Eu não quis, elas não me pareciam interessante.. - O tom de voz continuava baixo, não ousaria levantar a voz para a rainha, e ainda mais, sua mãe.

- E um garoto lhe pareceu interessante? - Ela questionou com uma feição de rejeição. - Não nos desaponte assim, Martín.

- Não, senhora.. - Rendido, mas sem sequer tentar lutar, ele abaixa a cabeça.

- Ótimo. - Ela se aproxima, subitamente carinhosa, e beija o topo da cabeça do filho com facilidade, pois era alta o suficiente para isso, mais ainda com salto.

Ele sorri pequeno, nem um pouco confortável com a situação e os pensamentos gritando que sim: O garoto era interessante, charmoso, esbelto e que queria poder dançar daquele jeito durante todas as noites estreladas que tivesse na vida. Ela sorri de volta, se afastando do filho e batendo os saltos para longe, o deixando ali afogado em sentimentos ruins.

Ele ouviu baterem em sua porta, abanando para longe toda a fumaça dos pensamentos que tinha instantaneamente. Se levantou, escondeu os rabiscos e foi abrir a porta grande, dando de cara com uma empregada do castelo, a sua favorita, Catalina, a colombiana.

- O chá está pronto. - Ela avisa sem enrolar. - A rainha disse que não poderá participar hoje, espera que não se sinta mal sozinho.

Na verdade, Martín se sentiu aliviado.
O loiro sorriu para a morena, fechando a porta atrás de si e ajeitando o colarinho da roupa.

- Não me importo, mas se puder me acompanhar até o jardim, eu agradeceria. - Ela era sua amiga, sempre a pedia esse "favor" de o acompanhar quando estavam juntos, então apenas a pediu despreocupadamente. Viu o rosto da garota iluminar, sorrindo pequeno e agarrando seu braço como os amigos que realmente era, enquanto andava alegremente pelos corredores do castelo.

- Príncipe, pode me contar uma coisa? - Ela questiona, o olhando como uma criança curiosa e o vendo responder com um aceno positivo de cabeça. - Quem era aquele do baile?

Martín teve que se controlar muito para não estagnar no lugar, desviando o olhar para as paredes que logo se tornaram a visão do jardim, ao passarem pelo portão.

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