Amor e traições.

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Se a noite antes da coroação já fora uma tortura para Martín, não precisamos nem comentar de antes do casamento.

Ele tremia, sentado na cama como uma criança com medo do monstro no guarda-roupas, com o coração a beira de um colapso e um grande sinal vermelho em sua cabeça.

Será que tinha feito mesmo a escolha certa?

De repente, algo em seu peito dizia que não, ele não sabia o quê, mas agora temia, ele percebeu que conhecia menos de Afonso do que deveria para se casar com ele, percebeu que não sabia de onde vinha, o que fazia antes de ser contratado, percebeu até que ele era meio... Insensível as vezes, e isso fez o loiro ter pensamentos que considerava paranoicos. Martín passava as mãos no cabelo, exasperado, respirando e bufando com força, seu corpo suava frio e tremia nas extremidades tamanho temor que sentia de estar fazendo algo errado. Ele sabia muito bem o que sentia, mas será que era o certo?

Esse impasse durava desde sua hora de ir dormir até os primeiros raios de sol pela cortina, fazendo o loiro perceber que se não tentasse dormir agora mesmo, provavelmente estaria acabado em seu próprio casamento, e seu peito tremeu com a ideia, afinal, não menos importante que o dever com o povo, era a aparência do rei, ele representava o reino inteiro, literalmente, se ficasse acabado, reinos de fora veriam isso como uma fraqueza naquele tão próspero lugar.

Ele se levantou da cama, dando pequenos tapas em seu rosto como sua amiga fazia, foi até a janela e abriu apenas um pouco da cortina, olhando um belo nascer de sol que marcava o dia em que estaria junto de seu noivo para selar o destino dos dois. Suspirou, sabia que não tinha mais como fugir, talvez estivesse só pensando demais, então resolveu ignorar mesmo com as palavras da amiga sobre Afonso voltando com tudo em sua cabeça, o incomodando. Mais calmo, ele caminhou um pouco, procurando algo para ocupar o pouco tempo que tinha, porém o sono bateu forte e o loiro não aguentou mais um minuto, se jogou em seus lençóis e apagou, esperando que viessem o acordar a tempo de se arrumar para a cerimônia.

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Não sabia que horas eram, não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que aquela tinha sido o melhor sono de sua vida. O loiro sentia a saliva seca no canto de seus lábios, a boca seca e os olhos pesados, além do corpo pedindo para se esticar imediatamente, e foi o que fez. Levantou os braços, respirou fundo e se sentou na cama, olhando ao redor e se perguntando o porquê de ninguém ter ido o acordar até aquela hora, mas soube a resposta quando seus olhos bateram numa figura pequena sentada na poltrona do canto do quarto, o olhando com ternura, a ex-rainha. A viu se levantar, se sentando ao seu lado na cama e o puxando para um abraço de lado, assim, sem dizer nada. Claro que Martín estranhou, mas não podia reclamar, pedia por um acalento assim todos os dias.

- Bom dia, meu bebê.. - Ela começou, bem baixinho e com uma voz quentinha.

- Bom dia.. Mãe. - Ele se agasalhou com os braços da mulher.

- Sabe, queria conversar.. - Ela parou, observando o filho e sorrindo ao notar o olhar cuiroso encima de si. - Eu me sinto um pouco mais livre agora. - Parecia que a mulher estava aliviada, quase como se não fosse a mesma de antes. - Me sinto melhor, ela teria orgulho de mim...

Ele não entendia sobre o que ela dizia, mas a abraçou de volta e concordou com a cabeça com toda a certeza que existia em seu peito. Ela riu chorosa, ainda baixinho, apertando o filho em seus braços.

- E eu tenho uma notícia, Martín. - Acariciou os fios de cabelo do filho, respirando fundo.

- E qual é? - Levantou os olhos para a olhar, quase se arrependendo quando viu os olhos azuis, iguais aos seus, cheios como oceanos. - Mãe..?

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