No fim do dia, Martín se sentia exausto e faminto, deveras faminto. Seu estômago implorava por alguma coisa, causando dor e incômodo no loiro que já havia terminado sua garrafa d'água, se distraindo da fome. Juntando suas coisas e caminhando pelo castelo em busca da rainha, Martín sentia seu corpo fraco, sonolento, queria apenas se encostar em algum lugar e adormecer até o sol tocar o meio do céu, no outro dia, e se rechear de comida, encher a barriga, pois não sabia a próxima vez que faria isso. Decidiu parar sua busca na cozinha, suspirando desejoso ao passar pela porta e ver que uma pequena tigela ainda estava ali, coberta por um pano. Ele removeu o tecido, vendo o caldo antes preparado ali, o esperando, aquela refeição provavelmente sendo a que Luciano quis o servir.
Tocou o recipiente, estava morno, o que fez o loiro se questionar se alguém havia esquentado ou então se aquela era outra refeição, então imediatamente pensou mais no príncipe, ele teria tido tal atenção consigo? Acreditava que não, mas algo, enquanto buscava uma colher e se sentava para comer, o dizia que sim, aquele prato morno de uma comida que descobrira ser deliciosa, fora deixado ali por sua pequena paixãozinha. O estômago se acalmou quase imediatamente, Martín comia rápido, se esforçava para sentir o gosto bom da comida, mas a fome o impedia. Colheres cheias eram movidas e voltavam vazias em segundos, enchendo a barriga do garoto que era observado por olhos claros, na porta da cozinha, a cozinheira o observava com certa satisfação, sequer sendo percebida por Martín.
Observou até o outro terminar sua refeição, e então entrou de vez pela porta, chamando sua atenção.
- Você quer mais? - Carinhosa, ela perguntou num tom baixo, vendo o loiro lamber os lábios vermelhos pela comilança e concordar com a cabeça, levemente tímido e surpreso.
Ela tomou a tigela em mãos, indo até as grandes panelas no canto do balcão, mas não antes de trocar o recipiente por um maior, aquela tigelinha era pequena demais para um garoto tão grande, ela pensava. - O príncipe ordenou que eu permanecesse aqui até que você terminasse sua refeição.. Você é algum amigo dele?
Enquanto via a mulher encher o prato maior de comida e um arroz que parecia igualmente saboroso, Martín pensou sobre aquela pergunta, se questionando o que o moreno queria consigo para pedir que a mulher ficasse até mais tarde, e se realmente ele o considerava algum amigo, mesmo com as poucas interações que os tornaram um tanto íntimos durante o tempo que Martín trabalhava no castelo.
- Não, não somos amigos. - Disse baixo, incerto, ainda ponderando sobre a questão.
- Sério? Ele pareceu tão preocupado quando me pediu para deixar algo servido para você aqui.. - Ela conseguiu ver a falta de confiança do loiro em algo que ele mesmo dizia, e pareceu entender que ele estava confuso. Deixou o prato muito mais bem servido na frente do loiro, que imediatamente brilhou de desejo e começou a comer. - Você estava com bastante fome, não é?
Depois de umas grandes colheradas cheias de comida, e um esforço ridículo para mastigar aquela quantidade também ridícula de comida em suas bochechas, o loiro concordou, suspirando. Se sentia revigorado, o cansaço ainda estava ali, mas Martín sentia que poderia fazer vários polichinelos ali mesmo, se alguém o pedisse. Com as bochechas vermelhas e cheias novamente, ele observava a cozinheira agora despejar mais comida em um pote, para tampar e enrolar num pano, o mesmo que cobria a primeira refeição de Martín. Ela fez uma pequena alça com os nós do tecido, deixando a comida em frente ao prato de Martín, que fitou confuso.
- Pra levar, garoto, o príncipe estava certo em se preocupar com você. - Ela deu a volta no balcão, se aproximando e ficando ao lado do loiro, para então afagar seus cabelos. - Olha como come, eu imagino o que deve passar..
- Obrigado, mas eu não posso levar. - Ele lutou contra a vontade de fechar os olhos com o carinho, pelo contrário acabaria dormindo ali. - Vou receber minhas moedas daqui a pouco, posso comprar algo para mim.
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Follow The Crown - Braarg [HIATUS INDETERMINADO]
AcakSua mente voltava nas mesmas teorias todos os dias, porém, com o passar do tempo, pareciam mais que teorias. Martín teria de se virar para encontrar a verdade, com a ajuda de Catalina, ex empregada real, cuja qual presenciou tudo, mas não tinha nada...