Mudanças

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Martín corria em busca de alguém com quem pudesse compartilhar a informação, sabia que estava sendo muito emocionado, afinal, não sabia exatamente se entendera bem o que havia sido dito, mas sabendo também que seu tempo até a coroação não era muito, por isso, ele iria correr atrás de quem o encantou.

Afonso.

Se sentia afoito, virando corredores e abrindo portas como um louco, tropeçava em seus sapatos de vez em quando e apreciava o coração descompassado, dessa vez, por um motivo bom.

A primeira pessoa que o tratou daquele jeito fora Afonso, seu primeiro beijo, ele confiava no garoto e tinha a certeza que gostava dele, ou pelo menos achava que tinha, então com isso em mente, passou a desejar se casar com ele, sequer pensando se ele o aceitaria.

Era egoísta, ele sabia, mas desejava que pudesse ser um pouco dessa vez, apenas dessa vez.

Correu tanto em busca do garoto que o suor agora descia pela testa lisa de Martín, sua respiração estava descompassada e teve que parar para respirar ao finalmente ver o garoto um pouco mais distante, no Jardim. Assim que recuperou as forças, voltou a correr, alcançando o garoto e passando os braços por seus ombros de supetão, o surpreendendo. Os ombros do garoto tensionaram e sua primeira reação foi girar metade do corpo, jogando o loiro para longe, o fazendo se esforçar para se manter em pé.

Martín coçou a nuca, ainda meio desequilibrado, e agora envergonhado, porém igualmente animado.

- Oh, perdão, loirinho! - O moreno voltou para perto do loiro, pegando seus braços e acariciando com a ponta dos dedos. - Te machuquei?

Atencioso.

O sorriso que se abriu no rosto de Martín fora estonteante, Afonso não pôde deixar de o acompanhar e beijar a bochecha branquinha, tanta fora a força que seu coração bateu.

- N-Não. - Gaguejou, corado. - Não me machucou. - Agora Martín não sabia como dar a notícia para Afonso, pensava se diria algo mais casual como:

"Poderei escolher meu pretendente, acredita?"

Ou ser direto, admitindo que gostaria de casar com Afonso agora que a escolha se encontrava em suas mãos.

E podendo ver que o menor se encontrava pensativo, o português resolveu não apressar e apenas ajeitar os fios de cabelo dele enquanto esperava seu momento. Para que tudo desse certo, ele precisava acompanhar o príncipe.

- Minha mãe.. - Martín começou depois de um tempo, isso assustou Afonso, não esperava que a rainha fosse o assunto, isso poderia ser algo desesperador para Afonso, a julgar pelo lado em que ele já se encontrava marcado nos mirantes azuis da rainha, assim como os de seu filho que agora brilhavam em sintonia às estrelas daquela noite, quase infantil. - Ela permitiu que eu me case com quem eu quiser! - Voltou a dizer, agora muito mais radiante como se aquilo não fosse simplesmente o mínimo, o moreno sentiu dó, mas se policiou na hora. Provavelmente o príncipe não gostaria de saber disso, e foi isso que o português pôde concluir ao ver o brilho de Martín murchar um pouco e voltar assim que vira a cara de Afonso.

- Jura? - Decidiu de última hora, iria aproveitar a brecha. Melhorou o rosto, sorrindo e se aproximando do ouvido pouco coberto de fios loiros. Puxou o corpo de Martín para próximo do seu, podendo sentir a respiração do próximo engatar, junto com a retração quase imediata de seu corpo. - Case comigo, então, príncipe Martín.

Neste momento, borboletas faziam cambalhotas no estômago do loiro, pulavam, dançavam e rodavam no ritmo de seu coração. A emoção que o atingia ao receber o pedido que pensou provavelmente nunca acontecer era enorme, assustando Martín. Passou segundos, talvez até minutos olhando o rosto de Afonso para saber se mentia, procurando qualquer traço de uma deslealdade, mas apenas encontrou o sorriso pequeno e ansioso dele, ansioso demais...

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