CAPÍTULO 10: Uma notícia nada agradável

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ALGO NÃO ESTAVA CERTO. HAVIA MAIS ALGUÉM ALI. Ele tinha certeza que havia uma quarta presença na sala, oculta na penumbra. Sua linha de pensamento foi cortada quando a voz de Mori ecoou em seus ouvidos.

— Todas as mortes de usuários de habilidade dos últimos dias não foram suicídio. Todos foram assassinados.

Chuuya arregalou os olhos. Desviou momentaneamente o olhar para fitar Osamu, que observava Mori atentamente e com frieza. A luz cálida do lustre o cobriu de dourado e suas vestes cintilavam mais do que nunca.

Quando virou-se para Mori, viu de relance o próprio breu mover-se ao seu lado. A quarta presença naquela sala aproximou-se dos três homens, vinda da escuridão.

Ele viu primeiro o kimono verde-musgo arrastar-se pelo carpete vermelho quando o presidente da Agência de Detetives Armados caminhou até eles à passos lentos e insondáveis.

Nakahara franziu a testa, tendo certeza de que nada daquilo era um bom sinal.

— Por isso — Mori continuou, dessa vez olhando para um rígido Fukuzawa que encarava a lua da janela —, vamos trabalhar com a Agência de Detetives.

— O quê? — Chuuya arqueou uma das sobrancelhas.

— E vocês dois são a parte mais importante desse plano.

Nakahara, decididamente irritado, se remexeu furiosamente na poltrona. Abriu a boca para falar, mas parou no ato quando Mori levantou a mão e Fukuzawa juntou-se à conversa. Chuuya cruzou os braços e emudeceu.

— Precisamos de vocês dois — Fukuzawa continuou. — O plano é vocês se infiltrarem no condomínio Yokohama Palace como moradores. O Ranpo reuniu algumas informações e segundo elas, só podemos concluir que o culpado está bem próximo dessa área, já que o condomínio é conhecido por secretamente abrigar poderosos usuários de habilidade. A maioria dos usuários escolhe morar ali por motivos de segurança, luxo e conforto — ele fez uma pausa, encarando Dazai e Chuuya com seriedade. — Quem quer que seja o culpado, tem como grande alvo esse condomínio.

— E vocês — Mori continuou, sorrindo para os dois — devem impedir que isso aconteça.

Nakahara sentiu uma onda de raiva percorrer seu corpo.

— E porque esse aí tem que vir junto também? Acha que não posso cuidar disso sozinho? — perguntou irritado. — E pra quê gastar dinheiro no aluguel de um apartamento luxuoso pra esse aí?

Mori deu risada. Fukuzawa suspirou, aborrecido.

— Chuuya, acho que você não entendeu… O condomínio é bem restrito e é muito difícil conseguir um apartamento ali...

— E isso significa o quê? — cortou-o com rispidez.

— Que vocês vão morar juntos — o Presidente respondeu com simplicidade.

Chuuya arregalou os olhos e fitou um sorridente Dazai ao seu lado. Enfureceu-se ainda mais.

— Dazai me ligou com antecedência e teve a ideia de espalhar para o prédio que vocês dois são um casal. Eu e Fukuzawa achamos uma excelente idéia, não é? — o homem virou-se para Fukuzawa, que o encarou com profunda irritação, com um olhar que dizia "eu não tenho nada a ver com isso". Mori, num gesto embaraçado, massageou a nuca e sorriu — Enfim, já que vocês dois são o centro da operação, é só dessa forma que evitaremos que as pessoas façam muitas perguntas sobre vocês ou visitem o apartamento.

— As provas que Ranpo reuniu sobre os moradores deixaram bem claro que boa parte deles é conservadora ou então veio da Europa, tendo uma forte crença religiosa — Fukuzawa justificou, fitando a janela como se houvesse algo incomum nele, como se encarasse algo fora do lugar.

— É! — o homem sentado na poltrona sorriu. — E isso é ótimo para nós!

Um silêncio gélido seguiu-se na sala. Fukuzawa e Dazai encaravam o céu nebuloso. Mori murmurou algo sobre Elise e enfiou a mão no bolso do sobretudo, aparentemente procurando o celular.

— Você… tá brincando, né? — Chuuya já havia se levantado do assento. Os olhos brilhando em fúria.

— Não, não estou — o homem sorriu, tirando do bolso das vestes o celular. — Agora, por favor, vá chamar o Akutagawa. Ele faz parte disso também — Mori fez um gesto indicando a porta. — Vocês se mudam amanhã à tarde. Teremos uma reunião com a Agência aqui amanhã de manhã e entregaremos depois suas novas identidades.

Nakahara, prestes a explodir, virou de costas e caminhou a passos largos e ruidosos para fora da sala, evitando olhar para Dazai.

Aquele maldito...

Sentiu o coração debater-se de raiva quando ele alcançou a maçaneta, abriu a porta e fechou-a com um baque ensurdecedor.

Sentiu o coração debater-se de raiva quando ele alcançou a maçaneta, abriu a porta e fechou-a com um baque ensurdecedor

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Estava sentado no sofá da sala fazia dez minutos. Imóvel. Em completo silêncio. O vinho adormeceu seu cérebro, e ele não estava tão irritado agora. Ou, talvez, ele só estivesse bêbado demais para pensar sobre qualquer coisa.

Já era mais de uma hora da manhã, e ele duvidava que fosse conseguir dormir. O coração batia tão lento que, às vezes, ele checava o pulso para se certificar de que não estava morto.

Chuuya se embebedou, em parte porque estava bravo, em parte porque estava de luto. Tentou ser forte na frente de todos… mas aquilo… era terrível. Seu cérebro não conseguia processar que Hirotsu estava morto.

O celular, descansando ao seu lado, tocou de repente, fazendo com que a sala parcialmente escura brilhasse num único ponto, devido à iluminação da tela. Se inclinou o suficiente para ver o nome "lesma" brilhar freneticamente.

Pegou o celular e atendeu a ligação, sem que seu cérebro processasse direito o que estava acontecendo. Foi só quando a voz animada de Osamu irrompeu pela sala silenciosa que ele se deu conta do que havia feito.

— Fico feliz que tenha atendido, Chibi. Nem consegui encontrar você pelo prédio depois que você saiu. Mas sabe — sua voz assumiu um tom sério, meio grave — eu pensei muito sobre isso tudo… Vamos finalmente poder recuperar todos os anos que perdemos juntos, conhecer melhor quem somos agora e podemos…

Podemos…

Chuuya nunca saberia o que viria a seguir, porque havia desligado o telefone.

Dazai, Chuuya: Aqui estamos nós Onde histórias criam vida. Descubra agora