Enquanto isso, Chuuya aproveita um dia de calmaria no apartamento sem Dazai por perto.
Ou talvez nem tanto...
DAZAI NÃO ESTAVA NO APARTAMENTO naquela manhã. Eram mais de onze horas quando o nauseante alarme do iPhone ressoou no cômodo e Chuuya abriu lentamente os olhos, estreitando-os até se ajustarem à claridade que vinha da janela.
O que cobria seu corpo não era um lençol, mas o sobretudo de Osamu, que jazia morno com o calor de seu corpo. Ele se levantou preguiçosamente, jogando o sobretudo no chão com uma careta e arrastando os pés até a cômoda para desligar o barulho incômodo.
— Já são onze horas... ?
O trabalho na máfia havia ficado somente como relatórios de sua missão, contando sobre os vizinhos e tentando uma certa aproximação. Dazai tinha lábia para isso, Chuuya perdia a paciência. Concluiu que era melhor fazer uma varredura no prédio com Osamu e só então foi tomar café da manhã, despreocupado e entediado.
Fez panquecas. Estavam quentes e a manteiga colocada no topo se derreteu rapidamente, formando uma poça laranjada misturada ao mel recém despejado. Ligou TV, mas não havia nada interessante. Pensou em ler algum dos livros do quarto de Osamu, mas convenceu-se de que seu gosto era péssimo para qualquer coisa que fosse e se contentou a andar pela casa em círculos, mirando sua adega improvisada de vinhos mas sem visível interesse. Encarou a janela muitas vezes, observando o contorno dos prédios contra o céu azul. Por sorte, recebeu uma mensagem de Akutagawa para ir até até um café em Shinjuku e sorriu satisfeito. Franziu a testa para os carros de polícia na rua ao lado e foi buscar a moto.
Nakahara gostava de dirigir sua moto no verão. O vento em suas vestes aliviava o calor, embora seu crânio estivesse prestes a explodir com o acúmulo dele. Akutagawa estava parado sozinho em Shinjuku, seu sobretudo negro ondulando num cruzamento de ruas. Encarava o celular sem apego aos ruídos do mundo ao seu redor, da brisa morna ou dos carros de encontro com a avenida.
— Ah — ele disse. — Bem na hora. Hoje é por minha conta.
— Tudo bem — ele sorriu.
— Vou te atualizar de algumas coisas que fiquei sabendo sobre o assassino — Akutagawa começou. — Mori e Fukuzawa encontraram mais um apartamento livre no condomínio, e parece que o detetive da Agência e aquele Kunikida vão ficar com ele. Pelo visto, o assassino vai agir em cinco dias.
— Mas já?!
— Tem alguém suspeito no condomínio?
— Dos que eu vi, só gente patética — Chuuya riu. — E o resto mal aparece no prédio.
— Aquele detetive disse que o assassino precisa de uma adaga pra induzir a vítima a se matar — ele continuou. — Também tem a possibilidade de Fyodor estar por trás disso.
— Aquele anêmico de novo?! — Nakahara fez careta enquanto caminhavam lado a lado, adentrando um café popular.
Akutagawa não disse uma palavra.
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Dazai, Chuuya: Aqui estamos nós
Hayran KurguApós anos de sua saída da Máfia do Porto, Dazai tenta, aos poucos, recuperar os anos que perdeu com Chuuya, aproveitando-se da trégua entre ambas as organizações. Enquanto a bruma do crime cai sobre a cidade de Yokohama, o novo caso da Agência de De...