Capítulo 1 - O que tá acontecendo?

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''...Eu juro, a carne é fraca

Mas nunca rolou...'' —  Amiga da Minha Mulher, Seu Jorge


— Tá certo que eu acho ele um gostoso — afirmo despretensiosamente para Tara, esperando que a mesma saia do meu pé e desista de marcar um encontro com um conhecido dela, deixando-me viver apenas de respiros e aleatoriedades do meu atual interesse amoroso, qual está praticamente casado. Eu exagero um pouco.

— Mas você perdeu a chance, ele está quase namorando e você aí esperançosa — ergue as sobrancelhas, sem empatia nenhuma ao meu coração. Acaricio o peito, faço careta e insinuo que doeu suas verdades jogadas na minha cara.

— Ele não está namorando ainda...— afirmo, solto um suspiro com seu olhar descrente em minha direção — ..tudo bem que ele salvou a irmã da atual quase namorada de uma psicopata que persegue ele, porque ele é um gostoso e ela completamente maluca — digo e mexo as mãos— Tudo bem também que ele ficou solteiro por muitos anos e está naquela idade entre os trinta e cinco/quarenta, que é quando os homens começam a pensar em construir uma família, crianças, porque sentem que estão no auge da carreira e blá, blá, blá, blá — continuo, faço careta de insatisfação para Lewis, que confirma com a cabeça e parece pensar que eu sei exatamente o que me espera nessa minha jornada em que meu coração me enfiou — Mas quem sou eu para ir contra meu coração, Tara?— finalizo com uma retórica, exibo a maior cara de boba que posso e sorrio em seguida. Ela nega com a cabeça e torce a boca para o lado.

— Você vai esperar até eles estarem dizendo ''sim'' um para o outro na igreja? — pergunta, cansada da minha determinação e fidelidade. Olho para o horizonte e finjo pensar.

— Na verdade...acho que até ele estar assinando os papéis do divórcio, com dois filhos e uma barba rala de pai divorciado...— assisto sua expressão se tornar ainda mais inconformada, o que me diverte — ...que eu, particularmente, acho muito sexy — mordo o lábio, imaginando Spencer com duas crianças a tiracolo, barba por fazer e com pequenos fios brancos começando a aparecer pelo estresse de um divórcio cansativo na luta de guarda pelas crianças. Suspiro alto, fazendo com que Tara empurre meu ombro, sabendo que estou imaginando alguma loucura aleatória devido ao meu histórico que ela conhece bem.

Lewis e eu nos conhecemos na faculdade, apesar da diferença de alguns anos de idade, nos demos muito bem. Tara se formou antes e foi seguir sua vida, como uma doutora incrível que ela é, inteligente e espetacular. No meio do caminho, acabou casando com aquele traste que ela, felizmente no passado, chamava de marido. Um atraso completo na vida dela e na nossa amizade. Ficamos um longo tempo sem nos falarmos, afinal nunca fui com a cara daquele imbecil. O motivo que me faz amar tanto divórcios, ele trouxe minha amiga de volta e a livrou daquele estrume. Em compensação, até pouco tempo atrás, ela estava namorando outro paspalho, quase se casou com um trouxa que metia guampa na cabecinha genial dela. Eu preciso afirmar que minha amiga não escolhe bem os parceiros, pelo menos ela tem bons amigos.

— As vezes acho que a separação dos seus pais te deixou com fetiche por caras divorciados — ironiza, enquanto me arrasta para caminharmos de volta ao escritório. Muito papo e pouco trabalho.

— Claro que deixou, foi a maior benção que caiu sobre nossas cabeças — respondo rindo. Se não está produzindo, corta. Serve tanto para pontas do cabelo, quanto para casamento. Continuamos caminhando, até chegarmos no saguão cheio de escrivaninhas de escritório. Acho completamente sem sentido aquela escada que leva ao segundo andar. O prédio era bem simples, provavelmente com formato padrão para prédios governamentais de segurança, entretanto o arrombado que planejou o espaço, deveria cursar de novo toda faculdade de arquitetura dele, porque não fazia o menor sentido existir um segundo andar no mesmo andar. O segundo andar tinha as salas dos figurões do departamento e a sala de reunião. Paro no lugar e fico encarando a escada com desgosto, imaginando quando alguém iria enfiar o pé no vácuo entre os degraus e se machucaria. Pelo menos rende um processo trabalhista.

Sam To Molly • Criminal MindsOnde histórias criam vida. Descubra agora