''Minha garganta estranha
Quando não te vejo
Me vem um desejo
Doido de gritar...'' — Garganta, Ana Carolina
Franzo a testa e faço careta ao sentir a enfermeira limpar o pequeno machucado que havia feito ao bater o carro, mas dor nenhuma se comparava ao continuar vendo a estranha figura de Spencer no canto do quarto como uma assombração. Uma assombração muito charmosa, mas ainda sim uma assombração.
— Certo, você precisa ficar mais uma horinha de observação e já pode ir embora, querida. Se sentir dor me avise, ok? — fala a enfermeira, apenas aceno com a cabeça, com o olhar ainda fixo lá.
— Você tem sorte de ter sido apenas uma escoriação, Marie, inúmeros acidentes são causados pela falta de cinto de segurança em vias pouco movimentadas — fala aquele que minha mente criou. Fecho os olhos, os abrindo rápido e ainda está ali.
— Você fique bem quietinho, não passa de uma projeção da minha mente — aponto o dedo irritada, falando mais alto que deveria. Tapo a boca rapidamente, ninguém pode saber que estou vendo coisas.
— Eu não sou uma projeção da sua mente, você só precisa pensar em todas os distúrbios psíquicos que são capazes de produzir alucinações tão fortes e vai perceber que nenhuma é capaz de me reproduzir na sua mente — argumenta, chegando mais próximo. Cruzo os braços e penso.
— O PID talvez — murmuro. Eu não estou argumentando comigo mesma, estou?
— Transtorno de personalidade múltipla não causa alucinações e me ver convulsionar não foi um trauma tão grande para você — murmura de volta, analisando minha expressão e a escoriação na cabeça.
— Agora o doutorzinho consegue medir os meus traumas? — ergo as sobrancelhas e me afasto um pouco, constrangida com a sua atenção direcionada ao meu rosto. Vejo sua mão se erguer e tocar próximo a testa, mas sinto apenas cócegas. Franzo ainda mais o cenho e faço careta, me afastando.
— Desculpe, eu precisava testar se...— se afasta, desculpando-se. A porta de vidro se abre. Assustada, tento disfarçar que estava falando sozinha, enquanto Tara entra pela porta.
— Você está bem? — questiona ela e caminha em minha direção. Seus olhos analisam meu rosto com desconfiança — Você está pálida, não deveria ter pego o carro, Red — nega e depois me dá um sorriso carinhoso.
— Você já viu algo que não existia, Tara? — pergunto, receosa em contar que estava vendo Reid no quarto. Spencer caminha e para ao lado de Tara, parece ansioso sobre o assunto.
— Você bateu a cabeça, pode acabar vendo ou ouvindo algum zunido estranho ou algo assim — devolve prática e acaricia meu braço — Mas se for algo mais preocupante, você precisa falar para os médicos — continua. Entorto a boca, ela não estava entrando no roteiro.
— Você já teve alguma experiência espiritual ou algo assim? — avanço no seco, balanço o pé ansiosa, Tara faz careta e se afasta, cruzando os braços.
— Marie Red, você está bem? Onde está minha amiga fiel a ciência e religião não existe? — pergunta retórica, achando estranha minha investida. Reviro os olhos, bufo e me ergo da cama. Olho rapidinho para Spencer, antes de continuar.
— Eu nunca disse que religião não existe, eu disse que não acreditava em nenhum deus ou deuses — rebato, alinhando o lençol em que estava deitada — O que custa você me dizer se já viu um vulto? Ou sei lá, fez um acordo em troca da sua alma com belzebu — arrumo o cabelo estressada de ter outra pessoa ouvindo nossa conversa amigável.
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Sam To Molly • Criminal Minds
FanficE se, de repente, você tivesse a capacidade de enxergar coisas que não deveria? Não coisas exatamente, mas pessoas! Pessoas que não deveriam estar onde elas estavam no exato momento que você decidiu olhar para elas, entretanto no meu caso não são pe...