Capítulo 13 - Eu sempre fui covarde para o amor

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''Meu bem, você me dá água na boca...'' - Mania de Você, Rita Lee


Tão sadia quanto um animal pré-histórico depois de ser descongelado, esforço-me ao máximo para não pisar errado e respirar, enquanto Spencer é melhor do que deveria ao meu lado. Que ódio, desse selvagem.

— Red, tudo certo? — cerro ainda mais as sobrancelhas e percebo meu lábio levemente erguido. Selvagem?

— Sim — levo a mão à cabeça, tapando o sol que atingia meu couro cabeludo. Abaixo o óculos escuro e respiro rápido, aproveitando o papo para parar a corrida. Eu não aguento mais ter pulmões saudáveis ou nem tanto assim, como eu esqueci que fumo? Socialmente, apenas.

— Você parece cansada — analisa meu rosto, demorando nas manchas que surgiram embaixo dos meus olhos. Bocejo e pisco os olhos.

— Não faz muito que eu fiquei doente, Spencer, deve ser isso — coço o nariz, ainda consigo sentir minha garganta coçar pela gripe.

— Sei...— encara desconfiado, jogo o cabelo e volto a caminhar para o parque novamente. Apesar de amar fazer trilha, odeio lugares que possuem trilha mas não são feitos para trilhas. Às vezes nem eu mesma me entendo.

— Eu pensei que a gente poderia tomar um café em alguma cafeteria hoje, invés de ir até em casa — sugiro, ele pisca os olhos pensativo, mas acena positivo em seguida. Top!

— Desde que você, sabe...— me lança um olhar de canto, reviro os olhos e sinto minha espinha aquecer em vergonha. Jamais pensei que depois de velha repetiria os tempos de infância, em que a contragosto informava minha mãe que vomitei. O que a fragilidade de uma gripe não faz com o ser humano.

— Desculpe se uma mulher doente é tão nojento, Spencer...Perdão, da próxima eu te expulso do meu apartamento e me contento em morrer de febre sozinha — cruzo os braços e empino o nariz, exagerando sempre, claro!

— Você é...— paro no lugar, esperando que ele termine sua muito provável comparação minha com um cão, mas ele não continua sua fala, apenas sorri fechado, de modo que se não prestasse atenção nem conseguiria ver.

— Chato — reviro os olhos e caminho mais rápido à sua frente. Ele acha que só porque tenho uma pequena vontade guardada no âmago do meu ser por ele e que se ele assobiasse eu iria correndo, ele pode fazer essas comparações absurdas da minha pessoa com uma animal? Quem que eu quero enganar, ele pode sim.

...

— Aqui — a garçonete nos entrega nossos pedidos e olhamos à nossa volta, à procura de uma mesa. Olho para o lado esquerdo e Spencer ao direito, meu lado tem as mesas preenchidas, mas os dele aparentemente não, já que sinto sua mão pousar em meu ombro e me guiar até uma das mesas. Meu chocolate quente parece tão gostoso, queria muito aprender a fazer essas decorações de espuma no café. É muito bonito, apesar de no fim ir tudo para o mesmo lugar.

— Olha, um coração — mostro para Reid, deixando a xícara sobre a mesa. Lhe encaro sorrindo e abro o pacotinho de cookies de chocolate que também havia pego. Ele sorri de lado, sentamos um de frente para o outro, o que me permite assisti-lo morder seu donut de chocolate. Não sou a maior fã de donuts, não acho que eles sejam tão saborosos quanto poderiam, mas Reid é um apreciador deles — Para alguém que coloca oito colheres de açúcar no café, você não parece gostar muito de doces, Reid — comento, dando uma mordida em meu cookie. Ele ergue a sobrancelha, confuso, aponto com a cabeça para seu doce e ele compreende.

— Não é sobre o doce, mas sobre a textura da cobertura de chocolate junto ao crocante e fofo da massa — aperta os lábios, limpando o paladar com café. Aceno com a cabeça e solto um sorriso ao ver o canto do seu lábio sujo de chocolate, quase no automático, molho um dos meus dedos com saliva e levo em sua direção. Sua expressão confusa me encara no momento em que aproximo minha mão de sua face, limpo e levo a minha boca.

Sam To Molly • Criminal MindsOnde histórias criam vida. Descubra agora