Capítulo 01

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10 de Dezembro.

As ruas estão movimentadas mesmo com a neve caindo sem parar e o frio congelante atingir sem dó os corpos e as casas quentes.

Observo tudo com calma enquanto aproveito meu horário de almoço, analiso as ruas do lado de fora vendo algumas crianças próximas ao parque e sorri com as poucas lembraças da minha infância que ainda eram boas.

O inverno era a única estação em que eu e meus irmãos nos dávamos bem, e o Natal também era a única data especial para nós.

Zeff só faltava arrancar os cabelos da barba quando via que meus irmãos Ichiji, Niji e Yonji sempre apontavam alguma peça com as vizinhas idosas.

— Sanji, levante esse traseiro daí e venha arrumar está belíssima dama! — Inazuma ordena e eu rapidamente me levanto.

— Ah querida dama, em que posso ajudar? — pergunto educadamente para a jovem a minha frente.

— Só preciso retocar a tinta dos meus cabelos — explica.

É uma jovem que usa roupas escuras e tem um cabelo rosa um tanto forte, ela anda agarrada a um ursinho.

— Ah, claro! — sorriu e puxou uma das cadeiras para ela — Pode se sentar aqui, senhorita.

— Hum — ela resmunga e aperta o ursinho.

Parece extremamente jovem, talvez ainda seja uma adolescente. Começo a analisar os fios rosados e macios, pelo visto são muito bem cuidados. É muito raro ver cabelos descoloridos bem cuidados.

Esta cliente em específico não parece animada em conversar e eu entendo. Trabalhar em um salão de beleza faz você conhecer todos os tipos de pessoas e seus gostos.

Enquanto preparo a tinta para seus cabelos, observo ela telefonar para alguém. Mesmo que eu não seja tão curioso assim, pude ler o nome do contato como: "Cabeça Oca". Sorri voltando a mexer na tinta.

Adolescentes e seus apelidos que duram para a vida toda. Ela telefona para este mesmo número várias vezes e sempre parece muito apreensiva.

— Está tudo bem, senhorita?

Ela suspira e nega com a cabeça, parecendo irritada. Seu olhar ficou no espelho e ela me observa com afinco, sorri em sua direção antes de voltar a cuidar de uma das suas mechas de cabelo.

— Você é gay?

Paro de aplicar o produto em seus cabelos e olho para ela confuso.

— Perdão?

— Você é gay?

— Não — sorri levemente, mesmo que me sinta desconfortável com sua pergunta — Por que a pergunta? — questiono e logo faço outra pergunta por cima — É porque eu trabalho em um salão?

— Nah... — ela solta um grunhido e suspira esfregando os dedos na testa — Meu irmão, preciso arranjar alguém para ele. — fico em silêncio esperando que ela continue a sua fala — Aquele... Cabeça oca! Se ele pelo menos tivesse um namorado, daria mais valor a própria vida ou... — suspira — se importaria mais com algumas coisas.

— Não acho que um namorado poderia fazer algo assim na vida de alguém, senhorita — tento conter a vontade de correr daqui.

— É, talvez — move a cabeça por um tempo — Por que escolheu essa profissão?

— Bom... — começo e solto um suspiro.

— Lá vem — Inazuma revira os olhos.

— Ah, cala a boca! — ordeno e reviro os olhos — Para começar, eu sempre fui apaixonado por mulheres. Todas as mulheres. Suas belezas naturais ou artificiais. Tudo nelas me atraia desde criança, então, decidi que iria trabalhar em um salão apenas para deixá-las mais bonitas e conflitantes.

COLD NIGHTOnde histórias criam vida. Descubra agora