2. Jornal da Meia Noite

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O dia tinha sido bem monótono desde a ligação de Mindy, literalmente nada mais aconteceu, apenas cochilei, assisti TV e me recusei a mexer nas caixas da mudança depois do episódio das fotos.
Já estava na hora do jantar e Sam ainda não tinha chegado, eu estava bem apreensiva com sua demora mas eu não sou tão supe protetora quanto ela. Para ocupar minha mente com algo além da preocupação, fui fazer o jantar. Assim que abri o armário velho me deparei com... Nada, absoluto nada, além de uma lata de feijão e uma de ervilhas. Melhor irmos ao mercado logo, pensei enquanto analisava a lata de feijão em mãos.
Eu não ia comer apenas feijão com ervilhas, então, achei melhor pedir algo para entrega. Pizza no caso.
Puxei meu celular do bolso e disquei o número da pizzaria que estava destacado num ímã azul grudado na porta da geladeira.
Depois de alguns segundos do telefone em espera, finalmente, fui atendida.

Telefonista: Boa noite, Pizzaria Local.

Tara: Boa noite eu queria pedir uma-

Quando eu ia completar minha sentença ouvi batidas fortes na porta de entrada, meu corpo inteiro ficou gélido.

Telefonista: Alô? Tem alguém na linha?

Sem fazer qualquer barulho e sem tirar os olhos da porta, puxei uma faca do faqueiro amadeirado que estava acima do balcão e já me preparei mentalmente para o pior. Há essa altura a telefonista da pizzaria já tinha encerrado a ligação também.
Eu demorei para começar a caminhar lentamente até a porta, fazendo com que a figura da porta batesse mais vezes na mesma. Cada batida na porta era uma batida errada em meu coração.
Em meio há tantas coisas quebras e velhas pelo menos a porta do apartamento tinha um olho mágico, com a outra mão na maçaneta olhei através do pequeno vidro.
Era apenas Sam. Suspirei fundo abrindo todas as trancas da porta, assim que ela escutou a última sendo aberta, ela entrou com brutalidade.

Tara: P-Porra Sam, você me assustou.

Sam: Não foi minha intenção, foi mal.

Disse ela enquanto tirava seu casaco e sua mochila. Jogando ambos ao chão. Neste momento, também notei que ela segurava uma sacola marrom e assim que ela terminou de se ajeitar, levantou a sacola para mim.

Sam: Trouxe o jantar.

Tara: Opa! Comida chinesa.

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Eu e minha irmã nunca jantavamos na mesa, sempre fazíamos nossa refeição da noite na sala assistindo algum programa idiota de TV. Essa noite não estava sendo diferente, exceto pela chuva intensa — se de dia faz muito calor significa que de noite choverá bastante.
Enfim o reality show que estávamos assistindo acabou e começou o jornal da meia noite. Enquanto ouvia a TV sem dar muita atenção, tentei puxar assunto com Sam.

Tara: Sam como foi hoje?

Sam: Hm?

Tara: A entrevista de emprego.

Sam: Ah, eu consegui o emprego hah. Por isso que pedi comida chinesa hoje.

Tara: Pra comemorar, é?

Sam: Sim — Disse ela sorrindo.

Tara: Heh parabéns, vai trabalhar com o que?

Sam: Hm?

Tara: ... Qual foi o emprego que você conseguiu? Caramba Sam! Você tá super aérea hoje.

Sam: Ah perdão, é que hoje foi um dia corrido. Eu vou ser garçonete.

Tara: Bom, de garçonete vai pra gerente em menos de um mês. Eu aposto!

Sam: Eu aposto que não vai acontecer. Se eu ganhar eu ganho o que?

Tara: Hmm, eu lavo suas roupas por um ano inteiro.

Sam: Fechado.

Rimos bastante juntas mas fomos interrompidas pela TV, finalmente, uma notícia que chamou nossa atenção, cortando instantaneamente qualquer alegria.

Repórter: Mais uma tragédia assolou Big Apple nesta tarde. Um jovem foi esfaqueado hoje até a morte. Conhecidos do rapaz de vinte e um anos alegam que ele era envolvido com tráfico de drogas. O chocante desse caso é a brutalidade do assassinato.

O programa teve um corte abrupto para um delegado um tanto perturbado apertando sua testa com dois dedos.

Delegado: Eu nunca vi nada tão brutal... Ele foi esfaqueado na testa... No globo ocular esquerdo... E em... Mais lugares. É só isso que direi.

O jornal cortou novamente para a repórter, mas assim que ela ia começar a falar Sam trocou de canal. Fiquei a encarando com medo, muita coisa passou pela minha cabeça e acho que ela estava pensando o mesmo que eu.
Big Apple foi nossa casa antes dessa cidade. Estamos há uma hora de distância de lá agora mas eu não conseguia parar de pensar na possibilidade de ter mais um ghostface a solta.

Tara: Sam... Você acha que é...

Sam: Não. Cinco anos se passaram desde aquilo, não tem motivos pra mais um louco de máscara atacar.

Encarei a cicatriz na minha mão, essa que eu tinha há 6 anos. Tive um flashback de quando fui esfaqueada meu corpo deu um sobressalto enquanto eu abracei minha mão, pude jurar que senti a mesma dor de quando levei a facada. Até hoje, não recuperei por inteiro os movimentos dos dedos... Freeman filha da puta.

Tara: ...

Sam: Ei... Eu tô com você. Você sabe que eu vou te proteger assim como te protegi há cinco anos, e continuo protegendo.

Tara: Eu sei... — Dei um leve sorriso.

Neste momento meu celular vibrou, era Mindy me mandando mensagem. Ela estava falando sobre o horário da minha entrevista de emprego, que era bem cedo por sinal.

Tara: Eu tenho uma entrevista de emprego amanhã.

Sam: Hm aonde?

Tara: Vou trabalhar com a Mindy... No escritório dela — Menti.

Sam: Interessante. Deixa que a louça é minha hoje, mas não vai se acostumar.

Me levantei rindo, ainda bem que ela não questionou sobre a minha entrevista de emprego — eu sabia que se eu dissesse a Sam que iria trabalhar numa penitenciária de segurança máxima como psicóloga de assassinos e lunáticos ela jamais deixaria que eu fosse. Mas nós precisávamos do dinheiro, talvez eu vá contar pra ela, mas não agora no início.
Dei boa noite pra ela e já fui pro meu quarto dormir, mal consegui, pois eu estava ansiosa com o dia de amanhã.

INSANE | Tara x AmberOnde histórias criam vida. Descubra agora